Drama de família que se divide entre as ruas do Rio e casa sem porta e janelas em favela gera onda de solidariedade


Contada pelo EXTRA nesta quinta-feira, a história de Ana Paula Rodrigues Gama, de 46 anos, que alterna a vida nas ruas do Centro do Rio na companhia das duas filhas, Thainá e Gabriela, com períodos na casa que constrói a duras penas na comunidade do Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, gerou uma onda de comoção por diversos pontos do Brasil e até no exterior. De doações de material de construção a oferta de tratamento odontológico gratuito para a mãe, que tem dificuldades de conseguir emprego por conta da falta de dentes, choveram ofertas de ajuda para a família.

Ana Paula e as filhas varrem a calçada em que vivem, no Centro do Rio
Ana Paula e as filhas varrem a calçada em que vivem, no Centro do Rio Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo

As postagens sobre o caso nas páginas no Facebook do EXTRA e do jornal GLOBO, que publicou a mesma matéria, alcançaram, somadas, mais de 2,5 milhões de internautas. Até as 20h desta quinta, houve, ainda, mais de 11 mil comentários, bem como 9,2 mil compartilhamentos nos dois perfis. A quem ofereceu apoio, foi repassado diretamente o contato da família.

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Vitoria Mara Pereira, moradora de Jacarepaguá foi uma das pessoas que se comoveu com a história. Após visualizar a reportagem, ela entrou em contato com amigos que sempre a ajudam em ações beneficentes para ajudar na compra de materiais como portas e janelas para a casa de Ana Paula. Segundo Vitoria, a vida de Ana a fez relembrar todas as dificuldades financeiras que já passou quando criança.

— Meus pais já passaram muita fome e necessidade, e a gente conseguiu viver. E eu sinto que tenho que retribuir a sorte que tive, mas que nem todos têm. Tenho um grupo de amigos e sempre ajudamos instituições, queremos ajudar a Ana e as filhinhas dela agora — contou Vitoria.

Ana Paula prende a toalha de Magali, a favorita de Tainá
Ana Paula prende a toalha de Magali, a favorita de Tainá Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo

Pessoas de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Belo Horizonte, Paraná, Minas Gerais e diversos outros estados, além de brasileiros que vivem no exterior, também se mobilizaram em torno do caso. A paulista de São José dos Campos, Bruna Russo, foi uma das que procurou saber mais informações sobre a família em situação de rua para tentar ajudá-la. Segundo a engenheira, um grupo de amigas se sensibilizou com a história, especialmente para proporcionar a Thainá e Gabriela, filhas de Ana Paula, uma infância digna e feliz:

— Eu tenho uma filha de três anos e, quando vi duas meninas estudando na calçada, fiquei com o coração partido. Imagino a situação dela como mãe e eu e minhas amigas estamos dispostas a fazer uma mobilização entre mães para ajudar a família.

Atenção aos golpes

Para contribuir financeiramente com a reforma da casa de Ana Paula, algumas vaquinhas online estão sendo criadas e divulgadas na internet por terceiros. No entanto, o EXTRA não teve informações sobre dados bancários pessoais de Ana e não atesta a procedência dessas ações. Assim, é preciso ter cuidado para não cair em armadilhas.

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De acordo com informações da plataforma Vakinha, por exemplo, uma das formas de não cair em golpes é observar a quantidade de doações da campanha. Se ouviu falar da ação, mas ela tem apenas uma ou duas doações, desconfie. Também é indicado verificar os compartilhamentos e comentários deixados na página.

Outra dica é sempre verificar o nome, a cidade e a foto do autor da campanha. Caso essas informações não sejam informadas, é preciso redobrar os cuidados. Contudo, para Fernando Henrique Cardoso, advogado especialista em crimes financeiros digitais, essa é a forma mais segura de doação online, desde que tomadas todas as precauções:

– Esse tipo de plataforma trás pra gente uma garantia de para que o dinheiro está sendo usado, além de você saber que ali tem uma história real, e de que você tem alguém que pode se responsabilizar.





Fonte: G1