Corpo de Bombeiros do Distrito Federal envia equipamento e mergulhadores para buscas após Aeronáutica suspender o serviço


Neste domingo, o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF) enviou à Paraty, na Costa Verde fluminense, quatro mergulhadores, uma aeronave e um Side Sacan Sonar — sonar de varredura lateral — para ajudarem nas buscas do bimotor PP-WRS, modelo PA-34-220T, que desapareceu no mar entre Ubatuba, em São Paulo, e Paraty no dia 24 de novembro. Estavam a bordo o piloto Gustavo Calçado Carneiro, de 27 anos — cujo corpo foi encontrado um dia após o acidente —, o copiloto José Porfírio de Brito Júnior, de 20 anos, e o empresário Sérgio Alves, de 45. Também neste domingo, a Marinha e a Aeronáutica informaram que suspenderam as buscas pela aeronave. O copiloto e o passageiro permanecem desaparecidos. Familiares criticaram o fim dos trabalhos de busca, agora feito com ajuda de barqueiros e pesqueiros de forma voluntária.

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De acordo com o CBMDF, o Estado do Rio solicitou na última sexta-feira (3) apoio de militares da corporação para buscarem o bimotor. O Corpo de Bombeiros do Rio acredita que o PP-WRS esteja intacto no fundo do mar. Os quatro mergulhadores que estão no Rio são especialistas na operação com sonar. O governo do Distrito Federal destacou que o equipamento que começou a ser usado nas buscas na manhã desta segunda-feira “já foi utilizado em várias operações em Brasília” e “foi responsável pela localização de um rapaz que caiu de uma lancha no Lago Paranoá, em outubro de 2020, e mais recentemente foi responsável pela localização de um veleiro naufragado também no Lago Paranoá”.

A Polícia Civil do DF disponibilizou um jatinho para o transporte aéreo dos equipamentos e dos militares. O material foi deixado em Angra dos Reis e está à disposição do Corpo de Bombeiros do Rio.

Mãe de copiloto desaparecido em queda de avião pede ajuda para buscas: ‘Meu filho está vivo’
Mãe de copiloto desaparecido em queda de avião pede ajuda para buscas: ‘Meu filho está vivo’ Foto: Reprodução

Fim das buscas e apelo dos familiares

Em nota, a Força Aérea Brasileira (FAB) justificou que ao longo de dez dias de operação cobriu completamente toda a área referente ao provável local da queda, considerando-se as possibilidades de deslocamento em mar aberto. A Aeronáutica também disse que seguiu os padrões internacionais e realizou ações em condições meteorológicas que, embora instáveis, não comprometeram as missões na parte aérea.

“A FAB se solidariza com as famílias dos ocupantes da aeronave acidentada e ressalta que a operação de Busca e Salvamento pela Aeronáutica poderá ser reativada se justificada por meio do surgimento de novos indícios sobre a aeronave ou seus ocupantes”, diz o comunicado.

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Os familiares do copiloto José Porfírio de Brito Júnior e do empresário Sérgio Alves foram comunicados do encerramento das buscas na noite deste sábado. Neste domingo, os parentes usaram as redes sociais para lamentar a decisão e cobrar a continuidade dos trabalhos.

“Essa notícia me dói profundamente. É revoltante. Como acreditar, e explicar aos meus filhos, que os órgãos que deveriam nos ajudar estão desistindo de encontrar o pai deles? É angustiante não ter informações, não conseguir achar respostas para tudo o que ocorreu. O que me resta é conseguir fechar esse ciclo e sinto que também estão me tirando este direito”, escreveu a designer Tatiana Fogaça, mulher de Alves.

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Muito emocionada, Tatiana também gravou um vídeo e postou nas redes sociais. Nele ela pede para Marinha e Aeronáutica estenderem as buscas e critica a atuação das duas forças no caso:

“Ontem (sábado) ao meio-dia recebi uma ligação da Marinha dizendo que finalmente, após tanto apelo, depois de dias e dias, a embarcação chamada Graça Aranha estaria se deslocando para a região. Às 19h30 recebo uma ligação da Aeronáutica dizendo estarem encerrando as buscas. Antes, no meio-dia perguntei à Marinha qual era o protocolo em relação ao período de buscas? E agora recebo uma ligação da Marinha dizendo estarem encerrando a missão. Perguntei qual era a missão e eles disseram que não eram encontrar a aeronave, e sim vidas. Falei então: “essas vidas não foram encontradas ainda, como vocês estão se retirando?”. Justamente nesse momento 24 horas depois que a embarcação que poderia localizar a aeronave chegou. É muita negligência por parte da Aeronáutica e da Marinha. Desde o início do caso.” disse Tatiana, que completou:

“Faço um apelo a todo mundo que conheça alguém que possa interceder. Peço que o poder público faça o que precisa fazer. Peço o apoio de todos que conhecemos. Tem sido muito difícil porque precisamos de um desfecho. Nos ajudem a pedir e interceder para a Aeronáutica e Marinha estenderem as buscas por mais alguns dias. Precisamos encontrar o Serginho, meu marido. Nem que seja para se despedir dele”.

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Procurada, a Aeronáutica diz que “as buscas aéreas pela FAB seguiram padrões internacionais e durante os 10 dias da operação, também foram verificadas a extensão ao longo do litoral e ilhas próximas ao provável local da queda da aeronave. As ações foram realizadas, por vezes, com condições meteorológicas que, embora instáveis, não comprometeram as missões na parte aérea.” A Marinha ainda não se pronunciou.

Neste domingo, a família de Porfírio Júnior anunciou nas redes sociais que fará buscas com a ajuda de barqueiros e pesqueiros. Cerca de 20 voluntários decidiram vasculhar a região com redes de arrasto, na tentativa de encontrar vestígios ou sobreviventes do acidente.

A informação foi compartilhada nas redes sociais pela namorada de Porfírio Júnior, a universitária Thalya Ares Viana, de 20 anos. A colaboração dos barqueiros e pesqueiros começou neste sábado (4).

“Conseguimos montar um grupo para eles nos ajudarem. Ontem mesmo consegui juntar em torno de 20 da região”, diz a mensagem. “Se tivermos coordenadas importantes também enviaremos a eles. E de pouquinho vamos indo. A união faz a força! Alguns possuem cabo de aço também e caso tenha algo leve, podemos içar”, acrescenta o texto.

O primeiro dia de buscas com a ajuda dos voluntários não obteve sucesso. O trabalho estava previsto para continuar neste domingo. De acordo com a postagem, o mar está agitado e tem dificultado a localização das partes do avião.

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“Hoje não encontramos nada passando a rede de arrasto, mas amanhã passaremos de novo e vamos rezar para que agarre o avião”, diz a mensagem.

O avião, modelo PA-34-220T, pertencia a Porfírio Júnior. A aeronave não poderia fazer táxi aéreo, mas tinha autorização para fazer voos noturnos privados. A vistoria estava em dia. O bimotor foi fabricado em 1981. Seu Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) venceria em 6 de agosto de 2022.





Fonte: G1