confira a lista de regras para as comemorações infantis


Listas de convidados enxutas, medição de temperatura na entrada, uso obrigatório de máscaras, que só podem ser retiradas para comer e beber, álcool 70% nas mesas e suspensão das atividades que demandem interação. Esse é o “novo normal” das festas infantis, que voltaram a ser permitidas no Rio, desde o dia 1º de setembro, quando começou a vigorar a fase 6A de flexibilização das atividades no município.

As comemorações estão retornando devagar, porque muitas famílias preferiram adiar seus planos para 2021, depois que houver uma vacina contra a Covid-19. Mas os salões que estavam fechados desde março já reabriram as portas, obedecendo as chamadas regras de ouro — veja abaixo o que é recomendado para as festas infantis. A normas incluem ainda a obrigação de registrar os convidados de cada evento, para facilitar o possível rastreamento se houver um caso confirmado de contaminação entre eles.

Recomendações:

1 – Estimular atividades que possam ser realizadas individualmente, sem contato entre as crianças e os convidados.

2 – Animadores de festas devem observar o protocolo sanitário específico para teatro e shows.

3 – Não compartilhar objetos e materiais. Massinhas, lápis e outros itens devem ser disponibilizados em kits individuais.

4 – Não disponibilizar fantasias ou acessórios para utilização por diferentes crianças.

5 – Não aplicar maquiagem ou adesivos na pele de convidados.

6 – Organizar o acesso aos brinquedos para garantir o distanciamento entre crianças e evitar a formação de filas. Se possível, fazer agendamento eletrônico.

7 – Em brinquedos coletivos, organizar o acesso, reunindo preferencialmente crianças do mesmo grupo familiar.

8 – Não disponibilizar atrações infantis que demandem permanência em espaços confinados, como salinhas de cinema 3D/4D.

9 – Não disponibilizar brinquedos de uso compartilhado e /ou de difícil higienização, como piscinas de bolinhas.

10 – Brinquedos de uso coletivo, como trenzinhos, além de totens e displays de jogos eletrônicos, devem ser higienizados com álcool 70% a cada rodada.

Higienização das mãos com álcool 70% é regra
Higienização das mãos com álcool 70% é regra Foto: Divulgação

E pode apagar as velinhas?

A limitação dos convidados a um terço da capacidade das casas de festas, para evitar aglomeração, e a exigência de distanciamento mínimo de 2m também entre as mesas estão fazendo com que os estabelecimentos readequem seus espaços e tornando as comemorações mais intimistas, restritas a parentes e amigos próximos. Embora as regras de ouro da prefeitura não façam menção ao ato de apagar as velinhas, ponto alto de toda festinha infantil, por precaução, algumas famílias estão evitando assoprar.

— A dona do salão havia orientado que, se fosse um bolo fake, não haveria problema (de assoprar a vela), mas, como ele era real, optamos por uma que apaga sozinha, após queimar — afirmou Cristine Rodrigues, que comemorou o aniversário de 2 anos do filho, Aloan, numa casa de festas em Realengo, na Zona Oeste, assim que as festas passaram a ser permitidas.

A mãe disse que fez questão da festa porque seria a primeira do filho para valer, já que o primeiro aniversário foi em casa, para pouca gente. Ela garantiu que tomou todos os cuidados e seguiu todas as orientações da casa de festa, como pedir aos convidados que usassem máscaras e recorressem ao uso do álcool em gel para higienizar as mãos:

— A gente fica apreensivo. É um vírus que está aí, então o jeito é rezar e tomar todos os cuidados.

O desafio maior das famílias tem sido reduzir a lista de convidados. Cristine cortou 50 pessoas de uma relação inicial de 150. A mesma regra vale para outras festas, como as de debutantes.

A professora Luciana Alves, moradora de Padre Miguel, também na Zona Oeste, contou que pretendia chamar 250 pessoas para a festa de 15 anos de sua filha, Lorena, que aconteceu no último dia 5, na mesma casa de festas. Mas fechou a lista em 80, mesmo o estabelecimento tendo informado que poderia chegar a 100. O critério nos dois casos, tanto na festa de Aloan quanto na de Lorena, foi parecido: saem idosos e integrantes de grupos de risco e ficam só parentes e amigos próximos.

— Foi desesperador ter que reduzir a lista de convidados, mas as pessoas entenderam a motivação, estamos numa pandemia. Acho que ninguém ficou chateado — afirmou Luciana, que resolveu fazer no começo de setembro a festa que estava agendada para abril, para agradar à filha.

Animadores de festa precisam respeitar novas orientações
Animadores de festa precisam respeitar novas orientações Foto: Divulgação

Outra orientação para as festas no “novo normal” é que, além de restringir o uso de brindes nas mesas, as lembranças devem ser embaladas individualmente e entregues aos convidados na saída do evento. Luciana disse que seguiu à risca essa regra, com exceção do copo personalizado que foi entregue a cada convidado logo na chegada, já que eram para uso individual durante a celebração. A tradicional valsa dos 15 anos se limitou a meros dois minutos, e a dança foi apenas entre a debutante e seu pai. Apenas para ficar registrado nas fotografias e nos vídeos da festa.

— Minha festa só feita porque já estava marcada, senão deixaria para o ano que vem, até para poder convidar mais gente. Chamamos só as pessoas que tinham que ir, foi intimista e bem legal, respeitando os protocolos — contou a jovem.

Dona da casa de festas Sonho Real, onde Aloan e Lorena celebraram seus aniversários, Daniele Cristina Santos Silva diz que o fechamento dos estabelecimentos durante a pandemia fez surgir uma nova tendência para 2021: a das festas de 15+1, para as debutantes que não estão comemorando neste ano. Nos quase seis meses em que a casa ficou fechada, Daniele deixou de fazer 40 eventos; desses, 15 foram cancelados. Os outros foram adiados para quando a flexibilização permitisse ou para o ano que vem.

O estabelecimento tem capacidade para receber 400 pessoas, mas Daniele optou por limitar a 80, podendo chegar a 100, para garantir um espaçamento maior entre as mesas. A equipe de funcionários usa máscara, luvas e álcool em gel, inclusive na recepção aos convidados. Pratos, copos e talheres são descartáveis, para evitar reutilização. Nas festas infantis, a recreação foi suspensa, por causa da interação.

— Caiu o faturamento, mas, para quem não estava recebendo nada, a gente está feliz da vida — pondera.

Flávia Perrin, sócia do Nosso Jardim Casa de Festas, no Recreio, abriu o estabelecimento em fevereiro desde ano e, no mês seguinte, foi surpreendida pela pandemia. Das cerca de 40 comemorações agendadas, uma foi cancelada, e as demais, adiadas. No começo de setembro, ela reabriu o estabelecimento, que tem uma grande área externa, com a capacidade reduzida de 180 para 30 pessoas:

— Fizemos o treinamento das equipes para que todas as normas da prefeitura sejam seguidas à risca.

A empresária Gyselle Cruz, da Brigadeirinho Produções, especializada em animação e recreação, reclama que o cumprimento das chamadas regras de ouro está limitando seu trabalho. As máscaras de tecido e o face shield passaram a integrar o figurino dos personagens infantis, incluindo princesas como a Cinderela. A exceção fica por conta de super-heróis mascarados, como o Homem-Aranha, para os quais nada mudou a não ser o rigor com a higienização da fantasia.

— A gente está tendo dificuldade com algumas demandas, mas estamos sabendo agir e contribuir para que os eventos possam ter o entretenimento, que é a parte mais divertida e mais esperada das festas — disse Gyselle.

O infectologista Alberto Chebabo vê incoerência na liberação das festas infantis antes da volta às aulas. Em sua opinião, o risco que as crianças correm nas casas de festas e nas escolas é o mesmo. Para o especialista, o correto seria proibir os dois ou liberar ambos.

— Na verdade, deveria ser o contrário, proibir a festa e permitir a ida à escola. A festa não é atividade essencial, diferentemente da educação — avaliou o infectologista que defende a adoção de protocolos rígidos de segurança para a volta às aulas.

Fábio Gama, vice-presidente da Associação das Casas de Festas Infantis do Rio (Acafirj), disse que a entidade elaborou um protocolo de reabertura dos estabelecimento, que seguem as orientações das autoridades sanitárias. Além disso, os espaços que obedecerem todas as regras vão ganhar um selo de qualidade, para que os frequentadores saibam que aquela empresa é comprometida com o combate à Covid-19.





Fonte: G1