CET-Rio incorpora ao seu quadro de operadores de tráfego as duas primeiras mulheres motociclistas


É o fim do Clube do Bolinha. Os motoristas que circulam pelas ruas da cidade e estão acostumados a ver apenas homens cuidando da fluidez do trânsito carioca poderão sentir uma diferença a partir desta segunda-feira, principalmente os que circulam pelo Túnel Rebouças. A diversidade em sua gestão, prometida pela prefeito Eduardo Paes, chega a uma função até então exclusivamente masculina: a dos controladores de tráfego. O pioneirismo caberá a duas jovens: Juliana Antunes Martins e Vivian Costa da Silva.

Elas acabam de ser incorporadas ao quadro de operadores de tráfego da CET-Rio, conforme antecipou em seu blog o jornalista Ancelmo Gois, de O Globo; Elas vão fazer parte de uma equipe que conta com cerca de 150 homens, também conhecidos como “verdinhos”, numa alusão a cor do uniforme. Entre as tarefas das primeiras “verdinhas” estão atuar nos bloqueios de vias, cruzamentos, enguiços, acidentes e na orientação dos motoristas em geral.

Pilotar uma moto não era novidade para nenhuma das duas novas operadoras de trânsito. A diferença é que agora elas mudam de posição. Juliana, de 25 anos, trabalhava como motociclista fazendo entregas por aplicativo e também já foi mototaxista. Agora vai organizar o tráfego, que muitos dos seus colegas ajudam a tumultuar, costurando por meio dos carros, para chegar mais rápido ao seu destino.

— Durante os deslocamentos pelas ruas e avenidas da cidade observava o trabalho dos agentes de trânsito e a oportunidade surgiu na CET-Rio. Estou orgulhosa e agradecida pela oportunidade em ser uma das primeiras mulheres a exercer esta função dentro da companhia — afirmou a jovem.

Trafegar sobre duas rodas também não é novidade para Vivian, de 29, que já foi motogirl (mulheres que trabalham com entregas). A nova operadora de tráfego também já exerceu as funções de jovem aprendiz, promotora, segurança e supervisora de aeroporto. Ele se diz uma apaixonada por motocicletas:

— Optei por trabalhar como operadora de trânsito desde que me apaixonei pelas motos. Sempre escolho algo que me dá esse sentimento de liberdade. Juntando a preocupação e segurança com os outros cheguei aqui na função onde posso exercer tudo junto — declarou.

A vez das mulheres na operação de tráfego da CET-Rio
A vez das mulheres na operação de tráfego da CET-Rio Foto: Divulgação

Antes de ir para as ruas, as duas passaram por um treinamento interno, com provas eliminatórias que exigiram teste de pilotagem de motocicletas, de conhecimentos de legislação e postura. Os operadores de tráfego são terceirizados — a Prefeitura tem contrato com vários consórcios — e a entrada das duas novas “verdinhas” na equipe faz parte da necessidade da recomposição do quadro. A presidente da CET-Rio, Simone Costa destaca a importância da chegada das primeiras mulheres no cargo:

— Primeiro é de quebrar essa barreira de gênero. A gente já tem policiais, guardas municipais e garis mulheres. Não tinha porque os controladores de tráfego ser um Clube do Bolinha, restrito aos homens. Elas vão ter uma função muito importante nesse pioneirismo. Eu entendo que vão inspirar outras mulheres e outras meninas até, porque essa função dos controladores tem uma visibilidade muito grande na cidade. As pessoas reconhecem a importância deles para manter a mobilidade. E era só homens. Agora não é mais.

Segundo Simone Costa não havia nenhum empecilho legal à entrada de mulheres no quadro de operadores. Ela acredita que isso não tenha acontecido antes, por conta de inércia, já que os primeiros integrantes da equipe eram homens e ninguém quis mudar ia regra.

Tem também o fato de muitos acreditarem se tratar de uma função masculina. Tanto que muitas das bases que recebem os operadores sequer são dotadas de vestiário ou banheiro feminino. Isso pesou na escolha do local onde as novas operadoras vão atuar.

— Acho que era por causa de inércia, tipo começou assim continua assim. Tem também o fato de o trânsito da cidade não ser muito amigável. Quando pude assumir a presidência da CET-Rio e comecei a fazer essa pergunta (por que não tinha mulher?) vi que não havia nenhum empecilho. Era só uma questão de cultura e de inércia que a gente pode mudar —disse a presidente da CET-Rio, que na primeira oportunidade de recomposição de quadro abriu a porta para as mulheres e espera que outras sigam por esse caminho.





Fonte: G1