Catadores de caranguejo da Baixada são premiados pela limpeza de manguezais


É no período do defeso — quando pescas e capturas são proibidas para preservação das espécies — que eles entram em ação. Centenas de caranguejeiros, que vivem da comercialização dos crustáceos que catam no mangue, aproveitam o intervalo de 1º de outubro a 31 março, quando não podem exercer sua atividade, para limpar os manguezais. O trabalho faz parte do Projeto Uçá, desenvolvido desde 2012, através de parceria com a ONG Guardiões do Mar em dez cidades do Rio. No último dia 13, a iniciativa foi vencedora, entre 381 inscritos, do Prêmio Firjan Ambiental 2020, na categoria Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos.

Na Baixada, o projeto acontece em Magé e Guapimirim. Presidente da Associação de Caranguejeiros e Amigos do Mangue de Magé (Acamm), Márcia Regina Correa Santos, a limpeza realizada nos manguezais otimiza a produção em até 90%.

— Os caranguejeiros contam com essa bolsa no período de defeso. Muitos não têm o seguro defeso. Com essa limpeza, fica 90% melhor a produção. Muito mais caranguejos e guaiamus, a produção cresce — explicou Márcia, que deu exemplos de lixos achados durante a ação:

— Desde móveis a eletrodomésticos, fora os resíduos de combustível.

Presidente da Associação de Caranguejeiros e Amigos do Mangue de Magé (Acamm), Márcia Regina Correa Santos: “Com essa limpeza, a produção fica 90% melhor para os caranguejeiros”.
Presidente da Associação de Caranguejeiros e Amigos do Mangue de Magé (Acamm), Márcia Regina Correa Santos: “Com essa limpeza, a produção fica 90% melhor para os caranguejeiros”. Foto: Divulgação

A iniciativa mobiliza lideranças comunitárias e de povos tradicionais para a conservação de manguezais e combate ao lixo nos ecossistemas costeiros. Ao todo, o projeto já restaurou 182 mil metros quadrados de manguezais na Área de Proteção Ambiental (APA) de Guapimirim, plantou mais de 64 mil árvores das três espécies de mangue e criou a Operação Limpaoca, que retirou 35 toneladas de lixo de 28 hectares de manguezais no recôncavo da Guanabara.

Pedro Belga, presidente da ONG Guardiões do Mar e coordenador do Projeto Uçá, destaca a importância de integrar moradores às ações:

— É perceptível a melhora no cuidado com o lixo, os resíduos, que antes eram descartados por eles de qualquer maneira. Agora, eles passam a ser multiplicadores de boas práticas ambientais e se mostram muito mais interessados pelo ecossistema que os cerca.

ONG foi fundada há 22 anos

Fundada em 1998, a ONG Guardiões do Mar reúne diversos projetos socioambientais, além de ter experiência em economia solidária a partir de ações conservacionistas. Nesses anos, criou e incubou cooperativas de artesanato com foco no reaproveitamento de resíduos sólidos pós-consumo e cooperativas de catadores de material reciclável, tendo construído dois galpões referências no estado.

A ONG também é realizadora do Projeto Educ, que, juntamente com o Uçá, conta com o patrocínio da Petrobras por meio do programa Petrobras Socioambiental.

Em sua 8ª edição, o Prêmio Firjan Ambiental 2020 difunde e reconhece ações bem-sucedidas em prol do desenvolvimento sustentável das empresas do estado do Rio. A edição 2021 do prêmio vai ser lançada na próxima terça-feira, dia 1º.





Fonte: G1