Carnavalescos criam ações para ajudar trabalhadores dos barracões das escolas


A possibilidade de retomada das atividades nos barracões das escolas de samba em janeiro encheu de esperança os que transformam os desfiles num grande espetáculo. Com a pandemia e as incertezas sobre o carnaval carioca, uma gama de profissionais se viram sem trabalho e sem dinheiro para sobreviver. Algumas ações, no entanto, surgiram como alento. O carnavalesco Leandro Vieira, da Mangueira, manteve em segredo desde agosto uma ajuda emergencial, de R$ 600, que pagava aos 60 artesãos de sua equipe. Só agora, sem dinheiro para pagar a última cota, a de dezembro, ele postou em seu perfil uma vaquinha que está realizando.

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Outra ação que mobilizou vários carnavalescos do Rio foi o Barracão Solidário, idealizado por Wagner Gonçalves, da Estácio de Sá. No auge da pandemia, 350 famílias de trabalhadores de barracões que ficaram sem renda foram contempladas na primeira fase do projeto. Para o fim deste ano, a ação vai distribuir outras 200 cestas básicas. A madrinha do movimento, a apresentadora Sabrina Sato, já garantiu cem kits.

— Ainda estamos fazendo o mapeamento. Muitas pessoas conseguiram outros empregos, a maioria faz bicos. Continuamos viabilizando novas parcerias para garantir as cestas no fim do ano — acrescenta Wagner Gonçalves.

A aderecista Sheila Batista, em ação na Avenida, ficou sem renda
A aderecista Sheila Batista, em ação na Avenida, ficou sem renda Foto: Álbum de família

Uma das beneficiadas do Barracão Solidário é a aderecista de carros alegóricos Sheila Batista:

— Sem trabalho, tive que contar com a ajuda da minha mãe e do meu filho para sobreviver. Quem vê o desfile na Avenida não imagina quantidade de trabalhadores que dependem do espetáculo para sobreviver.

Feriadão: Liesa conta com a criação de um feriadão para promover os desfiles das escolas de samba nos dias 10 e 11 de julho de 2021

Leandro Vieira fala com carinho da relação que criou com sua equipe de trabalho, desde os tempos da Caprichosos de Pilares e lamenta a angústia de ver todos sem trabalho e sem vínculos empregatícios com a Mangueira. Ele reuniu amigos, mangueirenses e admiradores da escola, que, de forma anônima, ajudaram. Assim, conseguiu pagar R$ 600 a cada um desde agosto.

— A esperança é de que todos voltem a trabalhar em janeiro. A ideia era fazer tudo isso em sigilo, mas, diante da dificuldade em honrar esse compromisso, decidi divulgar e fazer a vaquinha — conta o carnavalesco.

Ontem, a vaquinha virtual já tinha R$ 8 mil. A meta é chegar a R$ 30 mil, quantia necessária para pagar a cota de dezembro e ajudar a garantir do Natal dos artesãos da Mangueira.

Luma de Oliveira doou figurino usado este ano na Sapucaí
Luma de Oliveira doou figurino usado este ano na Sapucaí Foto: Reprodução

Luma doa figurino para ajudar projeto

O exuberante figurino usado por Luma de Oliveira na primeira noite de desfiles da Sapucaí neste ano está ao alcance de qualquer um. A eterna rainha de bateria doou o vestido e as sandálias para o movimento Bailado Solidário para ser vendido ainda neste mês. A renda será revertida para a ação que atende a 200 famílias de casais de mestre-sala e porta-bandeira, atuantes ou não no carnaval, que estejam em situação de vulnerabilidade por causa da pandemia de Covid-19.

Idealizado pelo primeiro mestre-sala da Mocidade Independente de Padre Miguel, Diogo Jesus, e pela primeira porta-bandeira da Viradouro, Rute Alves, o Bailado Solidário foi lançado em julho. Já distribuiu cestas básicas, material de higiene e limpeza, além de medicamentos. Squel, porta-bandeira da Mangueira, integra o grupo de 12 casais do projeto.

— A quantidade de casais no samba é muito grande. Tem os da ativa, mas também tem muita gente que não desfila e mantém a relação com o carnaval. O projeto oferece ajuda a todos — diz Squel.

Na loja virtual do Bailado Solidário, o vestido usado por Luma é descrito como uma roupa marcante e sensual com canutilhos, gotas e pedras de cristais Swarovski, que vão no degradê do rosa claro ao lilás. Veste do tamanho 38 ao 40 e custa R$ 7,1 mil. A sandália, tamanho 37, custa R$ 600.





Fonte: G1