Artista plástico do Rio faz sucesso com máscaras personalizadas com o rosto das pessoas

Em diferentes idas ao supermercado ou ao shopping, o artista plástico Jorge Roriz, de 65 anos, já deixou seguranças para lá de confusos, e mesmo usando máscara, já perdeu as contas de quantas vezes foi parado e abordado nos estabelecimentos por funcionários alertando sobre a obrigatoriedade do item. É que o artista, morador da Saúde, na Zona Portuária do Rio, desenvolveu um jeito para lá de criativo para customizar as máscaras: com a cor, sinais de expressão e formato do rosto, ele personaliza o item de proteção imitando o rosto de cada pessoa, inclusive o dele próprio.

O item tem feito sucesso nas redes sociais e nas ruas, e é preciso prestar bastante atenção para não acabar achando que a pessoa está desprotegida. A ideia apareceu há cerca de três meses. Inquieto com quem dispensa o uso da máscara, ignorando todas as recomendações das autoridades de saúde, o artista pensou em desenvolver máscaras criativas para tentar “conquistar” os descuidados.

— As pessoas ainda não entendem o porquê de usar a máscara e a eficiência dela. Resolvi fazer um alerta para isso. Pensei: vou brincar com essa história, porque aí de repente sensibiliza as pessoas — conta. As primeiras foram dos vilões Coringa e Malévola e também do ator americano Johnny Depp. Depois, surgiu a ideia de fazer uma de si próprio. E aí veio o rebuliço:

— Fiz uma minha e saí de casa. E o que foi aquela saída… uma confusão — lembra: — Já passei por situações muito engraçadas. Vejo as crianças super interessadas, cutucando umas as outras, ou apontando super curiosas. Teve um segurança de um mercado que quase me colocou para fora. Quando ele se deu conta, já estava todo mundo ao redor rindo. As pessoas se assustam, outras acham engraçado. São várias reações.

Artista plástico do Rio faz sucesso com máscaras personalizadas com o rosto das pessoas
O artista plástico Jorge Roriz em seu ateliê, na casa onde vive com seu companheiro, na Saúde Foto: ROBERTO MOREYRA / Agência O Globo

Sem carnaval, pincéis parados

Jorge é artista plástico há mais de 40 anos, e trabalha principalmente com cenografia para filmes e peças de teatro, mas o carro-chefe da sua arte é o carnaval. Durante todo o ano, ele desenvolve adereços e fantasias, atendendo casais de mestre-sala e porta-bandeira e musas e rainhas de bateria de diferentes escolas de samba do Rio. Mas com a pandemia, e as incertezas trazidas por ela para a folia do ano que vem, o trabalho do artista ficou suspenso.
— Fiquei completamente parado todos esses meses, e as máscaras vieram dar um gás. Foi o que salvou a gente — comemora.

Por dia, o artista faz de quatro a cinco máscaras. Cada uma consome até duas horas de criação, entre pinceladas e detalhes como barba e pintas feitos com canetas específicas para tecido. Os preços variam de R$ 45 a R$ 60, a depender do grau de dificuldade. As máscaras são de algodão, com tintas atóxicas e podem ser lavadas com sabão neutro.

Para que a máscara seja o mais parecida possível com seu dono, Jorge e Wescley desenvolveram uma espécie de tutorial para que os interessados mandem suas fotos nas proporções adequadas e sem sombras. Assim, o artista consegue ver adequadamente os detalhes de cada rosto, como o desenho da boca e do nariz, linhas e marcas de expressão e o formato da boca.

— Sorrisos não ficam muito bons, porque a costura da máscara fica bem em cima, então perde um pouco a expressão. Alguns clientes já me pediram para aumentar um pouco os lábios, fazer com a cor de batom favorita e até colocar um piercing no nariz — diz

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