Que tal uma caminhada ao redor do Engenhão, levar as crianças para brincar no Parque Mestre Monarco, admirar o histórico coreto de Quintino, saborear até dizer chega a batata frita de Marechal Hermes e se acabar de dançar no baile charme do viaduto de Madureira? Essas e outras atrações das zonas Norte e Oeste estão na plataforma Subúrbios, que traçou o roteiro afetivo dessa (grande) parte da cidade cheia de tradição.
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— Nosso roteiro evidencia histórias e locais representativos da região, seja pela culinária, pela memória e até pelos bons encontros. Muitas vezes esses lugares são pouco conhecidos pelos próprios moradores. Com a divulgação, queremos estimular uma circulação maior. Não só de moradores, mas de pessoas de outros bairros e turistas. Afinal, o subúrbio é o berço das principais representações culturais da cidade — afirma Victor Hugo Rodrigues, que, com os amigos Ana Claudia Souza e Rafael Mattoso, criou a plataforma.
O trabalho durou dois anos. Nesse período, o projeto mapeou mais de 350 mobilizações da cultura, do meio ambiente, da educação, da gastronomia e da arte. Também foram listados mais de 200 patrimônios culturais, materiais e imateriais e muitas histórias afetivas da região. Todos estão entrando gradativamente na plataforma e já podem ser consultados na internet (www.suburbios.com.br). O Engenhão, estádio do Botafogo, vai entrar numa segunda etapa, ainda sem data.
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A divisão é por seções. As delícias da gastronomia estão em“No Ponto”. E não são apenas endereços de comida boa; há receitas também. Lá, é possível encontrar a Batata Frita de Marechal Hermes, considerado o “podrão” mais famoso do Brasil, que já virou até Patrimônio Cultural Material do Rio. A barraca da Jane, viúva do sambista Luiz Carlos da Vila, e seu jiló que faz sucesso na Feira das Yabás, em Madureira, todo segundo domingo do mês, têm lugar garantido na lista, assim como o Açaí Tumucumaque, que surgiu em Cavalcante e se espalhou por outros bairros.
— O sucesso do nosso açaí se dá pela diferença de não ser industrializado. Aqui é tudo natural e batido na hora. É 90% parecido com o servido no Pará. A única coisa que fazemos de diferente é adicionar xarope de guaraná para atender ao gosto do carioca que não está acostumado ao original, que não é adocicado — explica Rodrigo Rafael da Silva, de 40 anos.
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Outro destaque da plataforma é o restaurante Capitania dos Copos, em Tubiacanga, na Ilha do Governador, que tem um deque na Baía de Guanabara, com um pôr do sol espetacular. É possível comprar o peixe diretamente de pescadores e escolher a forma de preparo. Tudo feito em família e com fartura.
Dos tempos do bonde
Com o tempero da tradição, o Capelinha, em Vila Isabel, tem é história para contar. Fundado no começo do século passado, em frente ao Ponto Cem Réis, uma parada do bonde, era lá que funcionários da antiga fábrica de tecidos Confiança tomavam café da manhã. Também foi palco para Noel Rosa compor muitas canções.
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— Temos o mesmo cozinheiro há mais de 40 anos. Nosso tempero é muito simples e sem invenções, à base de alho e azeite. Aqui a gente conjuga comida boa, tradição e tempero português — afirma Belmiro Almeida, de 59 anos, ao lado da mãe Adelaide Coelho, de 93. A família comanda o estabelecimento desde1950.
A plataforma tem ainda a seção “Guia dos Subúrbios”. Nela, é possível encontrar verbetes com fotos sobre patrimônios materiais, imateriais e personagens, organizados por bairros. Esses patrimônios também estão representados em um mural interativo no Parque Madureira Mestre Monarco, com imagens de personagens como Dona Ivone Lara. Há ainda uma bibliografia, com a indicação de mais de 180 publicações produzidas sobre a região, de 1940 até hoje.
Fonte: Portal G1