O mesmo ponto da rodovia RJ-127, em Paracambi, na Região Metropolitana do Rio, tem sido letal para o segundo maior felino do continente americano, a onça-parda. Pela terceira vez em seis anos, no mesmo trecho da estrada, um exemplar do animal foi morto por atropelamento, no último domingo (17). As outras duas ocorrências aconteceram em abril de 2021 e em novembro de 2016.
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— Quando soube, imediatamente acionei a mesma equipe que resgatou uma jovem fêmea atropelada em 2021 na mesma estrada. A guarda ambiental de Paracambi recolheu o animal e o encaminhou para UFRRJ onde está sendo realizada a necrópsia — conta o biólogo Izar Aximoff, que realiza um trabalho de monitoramento das onças-pardas em diversas áreas do estado.
Ele explica que as passagens de fauna e redutores de velocidade são alternativas viáveis para reduzir o número de ocorrências nas rodovias. Ele já identificou outros locais de maior risco de atropelamento, como a estrada RJ-155, que liga os municípios de Paracambi e Seropédica.
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— Normalmente esses animais que são atropelados são jovens, porque estão procurando novas áreas para ocupar, estão dispersando. Em outra ocasião foi essa fêmea, praticamente no mesmo ponto da via. Mas até então poucas ações foram realizadas para diminuir esse risco — alerta.
Também conhecida como suçuarana, a espécie já foi considerada extinta por mais de um século na área litorânea do Rio, mas foi flagrada por armadilhas fotográficas localizadas nas florestas do Refúgio da Vida Silvestre de Maricá (Revimar). Hoje encontra-se em quantidade reduzida nas matas Brasil afora. De acordo com o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), a espécie (puma concolor) está ameaçada pela expansão da presença humana em seu habitat natural.
— A perda de um predador de topo de cadeia é muito prejudicial para o pleno funcionamento do ecossistema do qual ela fazia parte, ainda mais se tratando de um animal ameaçado — acrescenta Aximoff, que também é pesquisador colaborador do Instituto Vida Livre. Junto a outros pesquisadores, ele está produzindo um projeto para realizar o monitoramento da estrada RJ-155 e dos fragmentos florestais em seu entorno a partir do uso de armadilhas fotográficas, a fim de identificar de onde vêm os animais e estabelecer ações imediatas de mitigação dos acidentes.
A onça-parda se alimenta de animais silvestres de portes variados e exerce papel vital na manutenção da integridade dos ecossistemas onde ocorre. A espécie tem a capacidade de adaptação a vários tipos de ambientes, suportando calor ou frio, e costumam ter maior atividade ao entardecer e à noite, quando são mais comumente flagradas.
Fonte: Portal G1