aeroportos do Rio não têm inspeção sanitária em passageiros mesmo após chegada da variante indiana ao estado


RIO – Na manhã desta quarta-feira, dia 26, horas antes de vir a público que o morador de Campos dos Goytacazes, de 32 anos, estava infectado com a variante indiana do coronavírus, passageiros que chegavam de voos internacionais não passavam por nenhuma inspeção sanitária no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Galeão. A 20 quilômetros dali, no Aeroporto Santos Dumont — local que recebe diariamente dezenas de pessoas vindas de conexões feitas em outros estados, como o de São Paulo — não era feita fiscalização, testagem das temperaturas ou higienização de quem entrava na cidade. Depois da confirmação da nova cepa no país, a Infraero propôs criar barreiras sanitárias nos aeroportos do Rio. No entanto, as autoridades de saúde terão que solicitar. O RIOGaleão, responsável pela gestão do Aeroporto Internacional, informou que segue os protocolos sanitários estabelecidos pela ANVISA e pelo Ministério da Saúde desde o início da pandemia.

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O morador de Campos, que desembarcou no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, vindo da Índia, e chegou ao Rio pelo Aeroporto Santos Dumont, está infectado com a variante indiana do coronavírus. A informação foi divulgada pouco depois das 9h desta quarta-feira pelo Instituto Adolfo Lutz, ligado ao governo paulista.

Às 8h20, dois voos chegaram no Galeão: o 7210, vindo de Houston, no Texas (EUA), da companhia ANA, e o 7009, também de Houston, da Azul. Mais de 300 pessoas viajaram nos dois aviões. Entretanto, nenhuma delas teve de apresentar os testes contra a SARS-Cov-2 às autoridades brasileiras. Muitos turistas e brasileiros, inclusive, estavam com a máscara abaixo do nariz.

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O empresário Rodrigo Senra, que mora em Orlando, na Flórida, e que saiu de Miami para passar férias no Brasil com a família, contou que não precisou apresentar o teste negativo de Covid-19 ao descer no Rio.

— Fizemos os testes lá e pensávamos que eles pediriam aqui. Mas nada. Não teve controle nenhum por parte das autoridades desse país. É até preocupante, porque a pessoa pode ter sintomas durante uma viagem muito longa e passar despercebido. Eles também não testaram (a temperatura) e muito menos solicitaram os documentos para comprovar que não estamos com a doença. Inclusive, o voo estava cheio e houve muita aglomeração no desembarque — lembra Rodrigo.

Na foto, o empresário Rodrigo Senra, que afirmou que veio de Miami e não passou por nenhum tipo de checagem sanitária
Na foto, o empresário Rodrigo Senra, que afirmou que veio de Miami e não passou por nenhum tipo de checagem sanitária Foto: FABIANO ROCHA / Agência O Globo

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A empresária Ingrid Borges de Freitas Wilson, de 50, fez questão de mostrar os exames que ela fez antes de embarcar para o Brasil. Morando na Virgínia há mais de 10 anos, Ingrid se disse surpresa com a falta de fiscalização por parte das autoridades brasileiras. Ela estava no voo 7009.

— Isso é Brasil, né? Peguei um avião de Virgínia para o Texas e tive de fazer o exame RT-PCR. Quando eu embarcava para o Rio, também exigiram. Passamos a noite toda dentro de um avião e nada. É muito preocupante, pois uma pessoa pode ter sintomas durante o trajeto e sair contaminando todo mundo, mesmo com um teste negativo. É preciso ter o mínimo de cuidado — destacou a empresária.

Ingrid Borges de Freitas, 50 anos, mora em Virgínia, nos EUA, e disse que não passou por qualquer fiscalização aqui no Rio
Ingrid Borges de Freitas, 50 anos, mora em Virgínia, nos EUA, e disse que não passou por qualquer fiscalização aqui no Rio Foto: FABIANO ROCHA / Agência O Globo

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Segundo funcionários da Infraero e de algumas companhias aéreas que o GLOBO conversou, é atribuição de cada país pedir o teste de Covid-19 e fiscalizar a entrada e saída em seus respectivos territórios. Os profissionais lembraram ainda que as empresas de aviação também têm autonomia para exigir a testagem, mesmo que o país de destino não peça. No momento da passagem a pessoa é informada que precisa apresentar o documento no momento do embarque. Nos Estados Unidos e no Canadá, além de toda a Europa, é obrigatória a apresentação do comprovante.

Quem precisa viajar e não fez o teste da Covid-19 pode fazer nos aeroportos do Galeão ou Santos Dumont. No Galeão, o espaço médico fica no Terminal 2. A unidade do Hospital Israelita Albert Einstein disponibiliza o teste molecular RT-PCR, com emissão de laudo em até 4 horas. No entanto, é preciso que a pessoa agende um horário pela internet. Caso não consiga, o atendimento é feito por ordem de chegada.

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A análise do material coletado é feita no próprio aeroporto. Segundo a assessoria de imprensa do hospital, o local funciona 24 horas, todos os dias da semana, e há atendimento em português, inglês e espanhol. Cada teste sai por R$ 350. O hospital afirma que, caso o paciente seja diagnosticado com a Covid-19, o Ministério da Saúde é informado imediatamente através da plataforma RNDS (Rede Nacional de Dados em Saúde). A base de dados troca informações com outras organizações de saúde da Rede de Atenção à Saúde.

Painel de voos do Aeroporto Santos Dumont
Painel de voos do Aeroporto Santos Dumont Foto: FABIANO ROCHA / Agência O Globo

Já no Aeroporto Santos Dumont, o passageiro pode fazer o exame na Veus Saúde, que fica em uma loja no Bossa Nova Mall. Segundo a unidade de saúde, o RT-PCR e o Teste Rápido Antígeno são os mais procurados. No entanto, o requisitado pelas companhias áreas é o RT-PCR. Esse exame no local custa R$ 680. Assim como no Galeão, é preciso que a pessoa agende um horário pela internet. Caso não consiga, o atendimento é feito por ordem de chegada. Segundo a Veus Saúde, caso a pessoa faça o exame antes da 10h, o resultado sai no mesmo dia às 23h. A análise do material colhido é feita pelo laboratório CETIQT.

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Em nota, a Infraero propôs criar barreiras sanitárias nos desembarques dos aeroportos do Rio. Segundo o órgão, “desde o início da pandemia, vem aplicando os protocolos sanitários preconizados pela Anvisa, de forma padronizada, em todos os aeroportos sob sua gestão.” Ainda de acordo com o comunicado, “a empresa está à disposição para colaborar com medidas adicionais julgadas necessárias pelos órgãos sanitários públicos dos estados e municípios, a exemplo de implementação de barreiras sanitárias nas áreas de desembarque sob gestão daqueles órgãos”.

O RIOGaleão enviou a seguinte nota: “Desde o início da pandemia de Covid-19, o RIOgaleão segue os protocolos sanitários estabelecidos pela ANVISA e pelo Ministério da Saúde.

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As medidas adotadas pelo Aeroporto Internacional Tom Jobim permitiram ao terminal ser o primeiro no Brasil a conquistar o selo internacional Safe Travels, com o respaldo da Organização Mundial de Turismo. Além disso, foi certificado pela ACI (Airports Council Internacional) no seu programa de saúde.

O RIOgaleão está dando continuidade a todas as medidas preventivas de forma criteriosa para colaborar com a redução da expansão de novas cepas da COVID-19.

Os passageiros que desembarcam de voos internacionais são fiscalizados por agentes da Anvisa, dando sequência ao desembarque e posterior checagem de passaportes.

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Na área pública em operação, mais de 30 dispensers de álcool em gel estão disponíveis em locais de fácil acesso. A área privada também conta com cerca de 30 locais para higienização das mãos.

O aeroporto também usa produtos hospitalares para desinfecção de áreas comuns, além de mapas de calor gerados a partir de sinais da rede wi-fi para identificar pontos com aglomeração e possíveis filas de passageiros.

Com o apoio deste recurso, equipes vistoriam áreas com excesso de pessoas e reforçam a conscientização sobre a necessidade do distanciamento social e da obrigatoriedade do uso de máscaras”.





Fonte: G1