‘A situação é grave’, diz Paes após aumentar restrições contra a Covid-19


Em entrevista coletiva nesta sexta-feira, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, fez um apelo à população carioca, pouco depois de publicar decreto em que fecha as praias da cidade, entre outras medidas para conter a disseminação da Covid-19. O prefeito afirmou não ser negacionista e que, desde janeiro, vem recebendo apelos para decretar um lockdown, que ainda não é necessário, de acordo com a avaliação que faz:

— Mas nesse momento precisamos da ajuda da população. Apelo para que, se possível, fiquem em casa. A situação é grave. Ou nós temos consciência da situação em que vivemos, ou vamos viver uma situação inadministrável nos próximos dias. Nao é uma questão da vontade do prefeito.

Sem citar nomes, Paes comentou que as pessoas têm perdido mais tempo brigando e discutindo, quando deveriam se preocupar em ser solidárias.

— São importantes medidas como as adotadas no início da epidemia. Como o patrão que deixa a secretária em casa e paga salário. A mobilização do início da epidemia. Ficar em casa na medida do possível. São tempos difíceis, tempos estranhos. As pessoas estão morrendo. É preciso por o freio de mão. É um apelo que fazemos à população — destacou.

Segundo o prefeito, há três semanas os números indicavam que o Rio registrava casos mais graves, com elevação no número de mortes. Por isso, medidas mais restritivas foram adotadas.

— Estamos fazendo essas medidas para preservar vidas. Todos torcemos para ser uma ilha no Brasil. Mas não somos uma ilha. O cenário o risco da falta de leito e aumento da fila (por leitos) está se concretizando. Estamos entrando em uma fase em que estamos em uma situação mais crítica. Não é exagero da mídia, do prefeito ou das autoridades sanitárias. Adoraria não ter restrição e a vida continuar. Mas não dá — disse o prefeito, alegando que há duas semanas, fechar as praias seria achismo.

Paes informou que medidas mais restritivas deverão ser tomadas talvez já na segunda-feira, após reunião com o comitê científico. E que busca acordo com estado e municípios para terem mais efetividade:

— Se olhar a fila de leitos, verá muita gente de outros municípios. Mas é importante que a medida seja tomada de forma integrada na Região Metropolitana. Espero que sejam válidas para todo o estado. Estou conversando com o governador Cláudio Castro.

Segundo Paes, a capacidade de incentivos para alguns setores — como IPTU e ISS — é muito reduzida em relação à capacidade de a União em conceder incentivos.

— Esse é um momento de solidariedade nacional do Executivo e do Congresso Nacional — disse.

O prefeito disse que negociou, mas ainda não conseguiu que o Congresso aprove a derrubada de um veto presidencial a uma lei federal que abriria caminho para adiar o pagamento de R$ 500 milhões em dívidas ao longo deste ano.

Contra hospitais de campanha

Paes afirmou, ainda, que os dados mostram que abrir hospitais de campanha no Rio foi um equívoco — ele chamou a medida de “maluquice”. E fez um apelo ao Ministério da Saúde:

— Ninguém precisa de hospital de campanha. O que precisamos é abrir 350 leitos que estão fechados. Essa quantidade é muito grande. Estamos conversando com o Ministério da Saúde. Os hospitais da Lagoa e de Ipanema poderiam ser usados em parceria com a iniciativa privada. Tem que colocar recursos humanos.

Ele chamou de “genocídio” a iniciativa de abrir o hospital de campanha do Riocentro.

— No máximo, 111 pessoas foram atendidas simultaneamente no Riocentro — afirmou Paes.

Maior número de pacientes na UTI

O superintendente de Vigilância em Saúde do município do Rio, Márcio Garcia, disse que 54 casos da nova variante da Covid-19 já foram identificados no Rio. Entre eles, 220 de moradores da capital — 21 da variante amazônica e 10 da britânica. Seis pessoas morreram.

Garcia observou que a mortalidade em relação a 2020 do Covid diminuiu, mas ressaltou que, nas últimas semanas, tem havido um aumento no número de casos e de óbitos:

— Isso caracteriza uma inversão de tendência.

Ele destacou que essa reversão da tendência tinha sido observada a partir de fevereiro, com o aumento da procura das UPAs. E chamou a atenção para o aumento de internações nas UTis.

— No momento, temos o maior número de pacientes internados em UTIs — disse Garcia.

De acordo com o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, a rede federal tem 800 leitos reformados e estruturados que estão fechados. Ele negocia a abertura de 300 deses leitos. A curto prazo, disse, estão garantidos 80.

Decreto com restrições

Nesta sexta-feira, foi publicado um decreto do prefeito do Rio, Eduardo Paes, criando novas restrições válidas no fim de semana (sábado e domingo) para tentar conter o avanço da Covid -19 proíbe não apenas o banho de sol nas praias como também esportes (como altinho e partidas de futevôlei, entre outras), o banho de mar e atividades econômicas por ambulantes e barraqueiros. Além disso, o estacionamento na orla foi proibido — exceto para os moradores —, idosos, portadores de necessidades especiais, hóspedes de hotéis e táxis.

Alerta: Especialista alerta para a necessidade de medidas mais restritivas no Rio: ‘É a vacina do momento’

O decreto anterior, que passou a valer no dia 5 de março e foi ampliado até a meia-noite de segunda-feira, dia 22. Nele, o horário de funcionamento de bares e restaurantes foi estendido até as 21h. A decisão da Paes ocorreu dias após a prefeitura brigar e conseguir na Justiça uma liminar que obrigasse os estabelecimentos a respeitarem o horário de fechamento às 17h. No primeiro dia do decreto em vigor, os estabelecimentos conseguiram uma decisão judicial que permitia o funcionamento até as 20h. Outra liberação foi de serviços nas praias, incluindo ambulantes fixos e itinerantes, até as 17h, o que estava proibido no último decreto.

Fila por UTI: Rio já tem quase 300 pessoas à espera por uma vaga de UTI para Covid-19 na rede pública

Whatsapp





Fonte: G1