‘A gente quer uma garantia’


Em uma reunião da Secretaria de Assistência Social Laura Carneiro com os desabrigados por conta do incêndio da última quinta-feira na localidade Jesuítas, em Santa Cruz, Zona Oeste da cidade, os moradores da comunidade Unidos Venceremos — que ficava entre os condomínios residenciais de alvenaria Aveiro e Cascais, do Minha Casa, Minha Vida — decidiram que não querem ir para algum abrigo da Prefeitura. No momento, há 215 pessoas instaladas no Centro Esportivo Miécimo da Silva, em Campo Grande, sendo 54 crianças e 162 adultos. As famílias estão recebendo água, máscaras, álcool em gel e alimentos.

— Agora de tarde, nós faremos um cadastro como o que foi feito ontem para ver se eles tem algum amigo ou parente que possam recebê-los e ver os que querem ser recebidos em abrigos de famílias, não nos de população em situação de rua. Nós vamos agora com o prefeito Eduardo Paes e com o secretário de habitação para que seja tomada alguma medida — disse Laura.

As roupas doadas estão, neste momento, sendo divididos por gênero, tamanho e idade para serem enviadas às famílias. No momento, há duas crianças no Hospital Rocha Faria, em Campo Grande, uma por desidratação e a outra por ter inalado monóxido de carbono durante o incêndio. Elas passam bem e estão com as suas mães.

— A mudança agora que deve acontecer depende da mudança de caixa da prefeitura, vamos tentar uma solução para todos — informou a secretária.

Incêndio antingiu a ocupação Unidos Venceremos, em Santa Cruz, na noite de quinta-feira
Incêndio antingiu a ocupação Unidos Venceremos, em Santa Cruz, na noite de quinta-feira Foto: Fabiano Rocha

A ocupação Unidos Venceremos existia há quatro anos e meio. Antes de ter este nome, o local levava o nome de Joana D’Arc. A mudança se deu com a chegada de dona de casa Rose Rocha. Moradora de Sepetiba, ela chegou à comunidade há dois anos, quando o antigo líder morreu e os moradores se sentiram desamparados. Rose, que acompanhou oi nício do incêndio que, segundo ela, teria começado por conta de um curto-circuito ocorrido no ventilador de teto de um dos barracos, explica que muitos não concordam com a forma que a prefeitura ofereceu de fazer a triagem das pessoas.

— Eles estavam querendo levar cada um para um lugar e ninguém está aceitando. A gente só quer ter a certeza de que é para ajudar de fato, com algo escrito. A gente quer uma garantia — disse Rose.

Em julho do ano passado, os moradores chegaram a fazer um manifesto na Avenida Brasil para reivindicar por moradia digna. Há dois anos, o então prefeito Marcelo Crivella havia prometido aos moradores que levaria todos para o aluguel social.

— Agora nós também vamos cobrar o prefeito Eduardo Paes — prometeu a líder local.

Em junho, a Secretaria Municipal de Infraestrutura, Habitação e Conservação havia informado que tinha realizado o cadastramento das famílias da localidade e que estaria concluindo o levantamento para verificar quem teria direito ao Auxílio Habitacional Temporário. A prefeitura tinha destacado ainda que, por se tratar de uma invasão irregular, seria preciso que os moradores deixassem as construções, que deveriam ser demolidas, para receber o auxílio. No entanto, muitos teriam se recusado a deixar a comunidade.





Fonte: G1