Federação dos Petroleiros denuncia surto de Covid nas plataformas da Petrobras | Rio de Janeiro


A Federação Única dos Petroleiros (FUP) denunciou um surto de casos de Covid nas plataformas de petróleo. Eles dizem ainda que a realização dos testes é demorada e que a Petrobras não está seguindo os protocolos exigidos pelas autoridades sanitárias.

O RJ2 teve acesso a um vídeo, da quarta-feira (19), que mostra trabalhadores da P-52, que explora petróleo na bacia de Campos, sendo chamados a deixar seus camarotes por estarem positivos para a doença. Segundo a Federação Única dos Petroleiros, os funcionários passaram a noite na área externa do navio.(veja acima).

“Os contactantes que testaram positivo ou inconclusivo, peguem seus pertences, toalhas e roupa de cama, e dirijam-se à parte externa”, dizia o áudio do aviso.

“Aí o galerão que testou positivo, tô na P52, duas horas da manhã”, narrava um homem no vídeo.

Petroleiros dizem que não podem desembarcar

Os petroleiros se queixam da forma como a empresa vem tratando os funcionários que apresentam sintomas em alto mar, e também quem divide o camarote com alguém doente.

Um funcionário contou que ele e outros funcionários ficaram isolados na plataforma, quando deveriam ter sido desembarcados para fazer o teste.

“Nós ficamos presos no camarote, eu e mais dois companheiros, né? Era um camarote de 4 pessoas. Tiraram a pessoa que estava com sintomas, e ficamos dias presos sem poder sair do camarote, sem sintomas. Já era para a gente ter desembarcado e não desembarcaram a gente para testar e tendo voo normalmente na plataforma e a alegação da Petrobras era que não tinha aeronave, não tinha piloto”, contou.

Um outro petroleiro contou que a plataforma onde trabalha decretou um lockdown na semana passada. Embarques e desembarques foram proibidos até a chegada de uma equipe de testagem, dois dias depois. Mas os serviços foram mantidos, e muitos funcionários continuaram trabalhando mesmo apresentando sintomas.

“A situação real que está acontecendo é que pessoas começam a sentir coisas e ficam com medo de ter que denunciar que algum colega está com sintoma ou a própria pessoa que tem algum sintoma brando e acaba que a gente tem pessoas que estão positivadas a bordo, com sintomas, que acabam escondendo por medo por conta da desconfiança que existe por parte da empresa que é contratada de esperar desembarcar e descontar do salário que é uma prática que vem acontecendo ao longo desse último ano, dois, aí”, diz.

Mais de 1,5 mil funcionários da Petrobras estavam com Covid esta semana, segundo levantamento da estatal e divulgado ontem pelo sindicato da categoria. A FUP calcula que outros 3 mil terceirizados possam estar com a doença, e cobrou da Petrobras que trabalhadores com sintomas sejam desembarcados e testados imediatamente.

“Infelizmente todo arcabouço de ações que a Petrobras vem tomando não está sendo suficiente para levar a tranquilidade e segurança que estão offshore. Os trabalhadores não têm a responsabilidade de em troca da sua saúde e segurança e tranquilidade emocional serem submetidos a privações, condições liberdade, condições indignas de trabalho”, disse Antonio Raimundo Teles, diretor de Segurança, Meio Ambiente e Saúde da FUP.

Sobre a situação dos trabalhadores da P52 na área externa, a Petrobras disse que eles foram tirados dos camarotes entre 23h e 2h da manhã para que fosse feita a desinfecção, e que alguns acabaram dormindo do lado de fora.

A Petrobras disse ainda até a segunda (24) havia cerca de 1.370 casos confirmados de Covid na empresa e que segue todos os protocolos de isolamentos dos casos positivos. Disse também que está aumentando a frota de helicópteros pra garantir o desembarque dos infectados.



Fonte: G1