Em ruínas, prédios históricos de Campos resistem ao abandono e à ação do tempo

Campos é possuidora do mais rico sítio histórico em edificações de arquitetura eclética do Brasil. Há ainda os casarões coloniais e outros de igual valor histórico e patrimonial. No entanto, parte deste patrimônio se encontra em situação abandono, alguns deles em ruínas.

Parada predileta de hospedagem de representantes comerciais e delegações de times de futebol (incluindo o próprio Americano) que ali se hospedavam, o Hotel Flávio é um desses prédios que não apenas atentam contra a estética e a paisagem urbana como ameaçam perigosamente os pedestres que transitam por aquele trecho da Rua Carlos de Lacerda, no Centro.  No período de verão, com a chegada das chuvas fortes, os riscos aumentam. A maior preocupação das autoridades, além da fachada do prédio, é com a preservação de vidas.

Em 2018, a estrutura do prédio desabou parcialmente. O trânsito no trecho da Rua Carlos Lacerda entre os cruzamentos com as Ruas Sete de Setembro e 21 de abril chegou a ficar interrompido. O entorno do prédio foi isolado e uma equipe da Guarda Civil Municipal permaneceu no local após a colocação de tapumes para impedir o acesso próximo à estrutura.

Há alguns anos, os proprietários do prédio construído no Século XIX foram questionados por membros do Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural do Município de Campos dos Goytacazes (Coppam) quanto às medidas adotadas para proteger o imóvel das chuvas de verão. O prédio chegou a ter a calçada interditada pela prefeitura e sofreu algumas intervenções.

O prédio do hotel, que pertenceu a familiares do Visconde de Araruama, é tombado pelo Coppam. Seus proprietários chegaram a afixar uma placa na fachada do prédio anunciado a venda do imóvel que será comercializado.

No entanto, a lei municipal nº 8.487/2013 que regulamenta o Coppam, em seu artigo 47, prevê que o “deslocamento ou transferência de propriedade do bem móvel tutelado, protegido/preservado e/ou tombado deverá ser comunicado, previamente, ao Coppam e à secretaria municipal de Obras, Urbanismo e Infraestrutura, através da superintendência de Obras e Urbanismo, pelo proprietário, possuidor, adquirente ou interessado”.

Alguns prédios históricos da área central que igualmente estavam em péssimo estado de conservação receberam reformas faz algum tempo. É o caso do conjunto arquitetônico do trecho da Rua Sete de Setembro, entre as Ruas dos Andradas e Marechal Floriano (Ouvidor).

Outro prédio histórico que por longos anos estava prestes a desabar, entre as Ruas Tenente Coronel Cardoso (Formosa) e Barão de Miracema, foi também reformado há alguns anos.

O prédio da Sociedade Musical Lira de Apolo, que sofreu um incêndio, em 1990, também resiste à ação do tempo. Fundada em 1870, a Lira já abrigou em seu espaço ninguém menos do que o compositor Wilson Batista, um dos monstros sagrados do samba brasileiro. Por ora, os seus músicos e associados buscam, desde 2012, com recursos próprios, restaurar paulatinamente o histórico prédio.

Outros prédios de reconhecida importância histórica, mas em estado preocupante, são os solares dos Ayrizes (em Martins Lage), da Baronesa da Lagoa Dourada (na BR-356, no Parque Fundão) e o Santo Antônio (que abriga o Asilo Nossa Senhora do Carmo, no Turfe Clube).

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  • ©Plantão dos Lagos
  • Fonte: Campos24Horas
  • Fotos: divulgação