Com aceleração de casos de Covid-19 e 100% de leitos ocupados, Campos, RJ, mantém fase vermelha | Norte Fluminense


Campos, no Norte Fluminense, anunciou nesta segunda-feira (5) que vai manter a fase vermelha, o nível mais restritivo de combate à Covid-19, nesta semana. O anúncio foi feito logo após a reunião remota do Gabinete de Crise, que apresentou informações do grupo técnico de médicos e pesquisadores que mostram Campos com aceleração no contágio pelo novo coronavírus.

A cidade também está com 100% dos leitos Covid-19 ocupados. De acordo com um levantamento da prefeitura, 24 pacientes aguardam na fila de espera por um leito de UTI e outros nove esperam por uma vaga na enfermaria.

Um novo decreto, com restrições ao funcionamento do comércio e de redução de circulação de pessoas, deve ser publicado em Diário Oficial ainda nesta segunda-feira (5).

A reunião, conduzida pelo prefeito Wladimir Garotinho, contou com representantes da área da Saúde, do Ministério Público, da Defensoria Pública e dos setores produtivos de Campos.

O subsecretário de Atenção Básica, Vigilância e Proteção da Saúde, Charbel Kury, apresentou os números do monitoramento da Covid e listou os diferentes indicadores que, segundo ele, posicionam Campos em um ambiente de terceira onda da contaminação pelo novo coronavírus.

“Estamos à frente de uma máquina de matar, extremamente efetiva ou eficiente”, disse Charbel.

Durante a reunião, o subsecretário citou ainda a capacidade do vírus se desdobrar em mutações mais agressivas. Nesta semana, um sequenciamento genômico da variante P1 deve ser apresentado para identificar a presença ou não da variante na cidade, segundo ele.

De acordo com Charbel, o vírus é de internação longa, o que significa que um paciente recebe alta da internação com 22 dias ou que, em média, morre com 19 dias de internação clínica. “É um paciente clinicamente que anda no limite entre a vida morte, precisando de fisioterapia, de oxigênio, de cuidados especiais. A restrição de duas semanas ainda mantém casos, porque demora a produzir resultados”, explicou ele.

Nos últimos dias, Campos tem buscado abrir novos leitos para tentar desafogar a demanda. Ainda assim, com a aceleração do contágio, as filas de espera por uma vaga não acabam. De acordo com Wladimir Garotinho, neste fim de semana havia quatro pessoas rodando a cidade em ambulâncias, sem conseguir vagas.

“Passei o domingo ligando para a regulação da secretaria estadual de Saúde para que os pacientes de fora, de outras cidades, que são regulados aqui, pudessem ser regulados em outros locais, porque isso tem aumentado a nossa fila de espera e não há o que fazer”, disse o prefeito, acrescentando que: “O problema é que a nossa rede está com a capacidade física esgotada e os hospitais filantrópicos não tem como abrir mais leitos por falta de oxigênio, por falta de equipes médicas”, reiterou.

Para conter o avanço da Covid-19 e conseguir atender a demanda atual, Campos tem adotado novas medidas de caráter emergencial, que foram discutidas no fim de semana com as equipes técnicas e compartilhadas com o Ministério Público e a Defensoria Pública.

De acordo com a Prefeitura, entre as medidas estão a convocação de médicos afastados; pedido de ajuda ao Porto do Açu, que cedeu 11 cilindros industriais que serão convertidos como reservatórios de oxigênio; e requisição de cilindros excedentes de oxigênios para pacientes atendidos pelo Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD) e que, na condição de equipamentos extras, não comprometem o tratamento regular dos pacientes, segundo o município.

Durante a reunião do Gabinete de Crise nesta segunda, Wladimir falou sobre os efeitos da fase vermelha para o comércio da cidade.

“Eu entendo a dificuldade do comércio, estou lutando para abrir mais leitos, estou reforçando o orçamento da secretaria municipal de Desenvolvimento Humano para atender as pessoas que mais precisam. Eu peço mais uma semana para gente fazer a flexibilização de maneira responsável, permitindo take-way, flexibilizando horários, estudando o que pode ser feito”.

Entre os participantes do encontro estava o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), José Francisco Rodrigues. O lojista falou sobre a experiência com a Covid, quando passou 30 dias internado, destacou as dificuldades do comércio, mas ressaltou a importância de se reduzir as aglomerações.

O presidente da Câmara de Vereadores, Fábio Ribeiro, que também participou da reunião, ressaltou que os números técnicos indicam uma necessidade de ampliação das medidas restritivas e que não há caminho para evitar a circulação do vírus neste ambiente que não seja o do isolamento social. “Nós temos que dar uma parada, reduzir a circulação agora, para depois de forma mais eficaz e célere, retomar nossa economia”, destacou Fábio, que sugeriu a criação de um grupo de trabalho para debater soluções para a retomada econômica.

De acordo com o último boletim epidemiológico, divulgado no sábado (3), Campos tem 24.044 casos confirmados da Covid-19, com 869 mortes causadas pela doença.



Fonte: G1