Campeão e vice da Série A2 do Campeonato Paulista, Velo Clube e Noroeste se preparam para a disputa da elite estadual em 2025 tendo como maior objetivo permanecer na primeira divisão. A competição começa no dia 15 de janeiro, com as duas equipes reeditando a final da segunda divisão na primeira rodada.
Além de reformas nos estádios para receber os grandes do estado, as equipes têm reforçado o plantel com a contratação de jogadores que disputaram as séries de acesso do Campeonato Brasileiro, com a chegada de nomes conhecidos, como o goleiro Fernando Henrique, campeão brasileiro e vice da Libertadores com o Fluminense.
O Velo Clube, de Rio Claro, fará apenas sua segunda participação na divisão principal do estadual —a primeira foi em 1979.
No Grupo D, ao lado de Palmeiras, Ponte Preta e São Bernardo —pelo formato do torneio, o Velo não enfrenta os times da mesma chave—, o clube tem no banco de reservas um dos rostos mais conhecidos do público: o técnico Guilherme Alves, que passou como atacante por São Paulo, Atlético Mineiro, Cruzeiro, Corinthians e seleção brasileira.
“O Campeonato Paulista é extremamente difícil. Entre os estaduais, é o mais difícil, de longe. Não tem outro regional que chegue perto em grau de dificuldade. Até por isso, nosso objetivo é a manutenção na elite”, afirmou o treinador à Folha.
Ele lembrou que, com o acesso de Santos e Mirassol, o campeonato terá seis times que fazem parte da Série A do Brasileiro. São Paulo, Corinthians, Palmeiras e Bragantino completam a relação.
Emprestado durante o segundo semestre —quando o Velo não tinha competições para disputar— para comandar o Água Santa na Série D, Guilherme afirmou que o time do interior paulista larga em desvantagem na comparação com os adversários, com um elenco que ainda está sendo montado.
O time contratou jogadores com rodagem no futebol brasileiro, como o lateral esquerdo Rennan Siqueira, com passagens por Goiás, Náutico e Ferroviária, o atacante Vinicius Leite, ex-Paysandu e Vila Nova, e o volante Pedro Favela, que chegou do Água Santa.
“Na época em que eu jogava, havia uma diferença financeira e técnica entre as equipes do interior e os grandes clubes da capital. Mas hoje virou um abismo, chega a ser surreal”, afirmou Guilherme.
Ele acrescentou que é adepto de um estilo de jogo agressivo, com suas equipes pressionando no campo do adversário em busca do gol. Mas reconheceu que, para a disputa do Paulista, terá de se adequar à realidade, enfrentando equipes mais fortes. “Temos que entender que, na maioria das partidas, vamos sofrer. Seremos atacados a todo momento, principalmente pelos times grandes.”
No Noroeste, a expectativa é parecida.
“Nosso objetivo principal é nos manter na divisão. Vamos comendo pelas beiradas e esperamos fazer um excelente campeonato”, afirmou o gerente de futebol do clube, Wellington Nobre de Morais, o Deda.
A equipe de Bauru volta à primeira divisão estadual após um hiato de 14 anos e está no Grupo C, ao lado de São Paulo, Novorizontino e Água Santa. “O nível técnico é muito grande, a maioria dos clubes está em divisões nacionais, nas séries A e B. Por isso, precisamos qualificar nosso time, ter uma equipe competitiva e forte fisicamente.”
O primeiro reforço anunciado pela equipe foi o experiente goleiro Fernando Henrique, de 40 anos, natural de Bauru e torcedor do clube, que estava no XV de Piracicaba. “Tem um significado muito grande. Vai ser o time mais prazeroso em que eu vou jogar na minha vida”, declarou o arqueiro.
O clube também investiu na modernização do estádio Alfredo de Castilho, o Alfredão, com troca de todo o gramado e da iluminação e reforma dos camarotes e vestiários. Foram gastos cerca de R$ 2,2 milhões na remodelagem, financiada pelos irmãos e empresários bauruenses Reinaldo e Rodrigo Mandaliti, donos da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) que assumiu o futebol do clube em novembro.
Reinaldo Mandaliti estima que a folha salarial do clube deve dar um salto de mais de 500% para a disputa do Paulista, superando a casa de R$ 1 milhão.
Mandaliti afirmou que vai agora em busca de investidores interessados em assumir a gestão compartilhada da SAF. “O clube vai abrir várias cotas para que empresários possam aderir ao modelo.”
Ele acrescentou que a agremiação fundada em 1910 teria dificuldades para se manter nos próximos anos no modelo associativo. “Como associação, não vejo o Noroeste seguindo as atividades por muito tempo. É preciso encontrar pessoas que ajudem o clube.”
Folha de S.Paulo