Urbia acirra briga com treinadores no parque Ibirapuera – 04/07/2025 – No Corre


Um novo round da disputa entre a Urbia, concessionária do parque Ibirapuera, e parte dos antigos frequentadores do espaço, as assessorias de corrida e seus alunos, começa a ser disputado nos próximos dias.

Com informações nas redes sociais da concessionária e a promessa de abrir inscrições em breve, a Urbia criou sua própria assessoria oficial de corrida, o Corre no Ibira, que terá como sede uma área coberta dentro do parque antes ocupada pela varejista Centauro.

Mais até do que o anunciado principal treinador, Jorginho Silva, que vem do Rio e é especializado no alto rendimento, a possibilidade de utilizar vestiário e “locker” e de ter desconto razoável nos estacionamentos do parque são diferenciais competitivos. Além do valor da mensalidade, na casa dos R$ 200, abaixo da média do mercado.

Parece ótimo serviço para o paulistano, mas é bom entender algo de sua circunstância: desde a concessão, em 2020, preços de produtos ou serviços oferecidos no parque sofreram significativa majoração –da vaga de estacionamento ao aluguel da bike, passando pelos alimentos vendidos ali.

Além disso, a Urbia impôs cobrança de direito de uso às assessorias de corrida ali presentes, cobrança que foi considerada “injusta e ilegal” pelo Ministério Público do Estado de São Paulo, que, em despacho assinado pelo promotor Silvio Marques, em março, viu o parque a se transformar em “local elitizado”, com “locação de espaços a determinadas empresas que restringem o pleno acesso à população”.

A decisão do MP foi contestada pela Urbia, que conseguiu uma liminar na Justiça para seguir a emitir boletos contra, até aqui, uma única assessoria.

Antes da intervenção do MP-SP, acordos haviam sido tentados, inclusive com intermediação da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da cidade.

Douglas de Melo, presidente da ATC-SP, entidade que reúne boa parte das assessorias de corrida paulistanas, disse à coluna que a ATC segue a decisão do MP, mas que, antes disso, quando negociava com a Urbia, grande parte do solicitado pela ATC desapareceu na redação do contrato. A Urbia desconsiderou o prazo de cinco anos, estabeleceu a unilateralidade no rompimento do acordo e não incluiu, em cláusula, o desconto de estacionamento para os alunos –que o Corre no Ibira agora oferece.

A chegada do Corre no Ibira não muda, para Douglas, o atual estado já bastante conflituoso de coisas, mas alguns associados enxergam na política de preços mensais “má-fé”.

Douglas disse que a própria Urbia indicou à ATC que o tíquete médio cobrado pelas assessorias presentes no parque a seus alunos seria de R$ 300 a R$ 350, e esse valor balizaria os preços a ser praticados pelos treinadores. “Se era R$ 350 e agora cobram R$ 200 pelo serviço, isso significa que estavam nos superfaturando, ou que, neste momento, querem nos prejudicar.”

Um efeito da majoração dos preços no parque, segundo Douglas, é o desinteresse pelo estacionamento. Quando vão de carro, seus alunos agora preferem estacionar na rua. Até porque, segundo o treinador, furtos de bens no interior dos veículos são comuns dentro do parque, quando não o furto dos próprios automóveis.

Ir de bicicleta pode também ser uma fria. Falo por experiência própria: tive minha saudosa aro 29, então perfeitamente acorrentada num paraciclo oficial do parque, furtada na manhã ensolarada de um dia útil, há cerca de um ano.

A assessoria de imprensa da Urbia não quis falar sobre o Corre no Ibira antes da apresentação oficial.

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Folha de S.Paulo