Um jogo único põe ‘Cold’ Palmer na disputa da Bola de Ouro – 17/07/2025 – O Mundo É uma Bola


Devido a um período de férias, escrevo com atraso sobre a decisão da Copa do Mundo de Clubes (Supermundial).

O personagem principal da decisão foi o inglês Cole Palmer, 23, autor dos dois primeiros gols da goleada do Chelsea por 3 a 0 sobre o favorito PSG.

Os gols de Palmer foram parecidos, com o meia-atacante encaçapando a bola no canto direito baixo do ótimo goleiro italiano Gigi Donnarumma. Tinha sido assim, igualmente, nas quartas de final, quando superou o palmeirense Weverton.

Vale um comentário a respeito desses gols. Palmer é canhoto, e quase toda sua capacidade de finalização está no pé esquerdo. O direito é fraco. Não entendo como os defensores dão tanto espaço para que ele conclua com a perna boa –na Premier League é a mesma coisa. Se o rival fechar esse espaço, muito dificilmente ele chutará decentemente.

A propósito, por ser o craque do Chelsea, Palmer deveria ter pouco espaço sempre. Contra o PSG, atuou como se estivesse passeando tranquilamente em um domingo no parque, com qualquer marcador a léguas de distância. Falha fatal do campeão europeu.

Com toda essa liberdade, mostrou-se soberbo, dando ainda a assistência para João Pedro sepultar o time parisiense no primeiro tempo.

Significativo sobre o camisa 10, destaco aqui o que não vi ninguém destacar: a comemoração.

Ao fazer cada um dos gols, Palmer comemorou serenamente, com os braços cruzados na altura do peito, executando um movimento como se estivesse se protegendo do frio.

Com essa celebração, batizada de “cold celebration” (cold = frio), ele passa a mensagem de manter a frieza mesmo sob pressão. Simultaneamente, faz um trocadilho com seu nome: Cole Palmer/Cold Palmer (Palmer Frio).

A bem da verdade, apesar de Palmer ter feito uma final exuberante e o gol no Palmeiras, sua participação na Copa do Mundo, como um todo, não foi excepcional.

É, contudo, o último jogo que será lembrado, por ter sido o que rendeu ao Chelsea o título de uma competição marcante, a primeira com 32 equipes e com vários clubes relevantes de Europa e América do Sul.

Astro da decisão, Palmer entra repentinamente na disputa para ser o melhor jogador do mundo de 2025, nas eleições da revista France Football (a tradicionalíssima Bola de Ouro) e da Fifa (prêmio The Best), que consideram o calendário europeu (agosto de 2024 até julho ou agosto de 2025).

Há de se questionar: ganhar um troféu (ou dois) pela atuação, mesmo que soberba, em uma única partida é correto e/ou justo? Cada votante (jornalistas, na Bola de Ouro; técnicos das seleções, capitães das seleções, jornalistas e internautas, no Fifa The Best) decidirá.

Concorrentes? O francês Dembélé (estrela do PSG na conquista da Champions League, que sumiu na final da Copa do Mundo), o egípcio Salah (estrela do Liverpool na conquista da Premier League, que não esteve na Copa do Mundo), o espanhol Lamine Yamal e o brasileiro Raphinha (estrelas do Barcelona campeão espanhol, que não chegou à final da Champions nem participou da Copa do Mundo).

Nem se fala mais de Vinicius Junior, eleito o melhor jogador da Copa Intercontinental de 2024 (alguém se lembra dela?), conquistada pelo Real Madrid.

Meu voto é em Palmer. Um “cold vote”. No primeiro Supermundial, ele decidiu, friamente, e seu nome está, friamente, na história. Basta isso para mim.

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Folha de S.Paulo