Treinadores precisam criar, ousar e sonhar; a vida é sonho – 24/05/2025 – Tostão


Salve Sebastião Salgado, grande artista, humanista e ambientalista que uniu a ação, a realidade e o sonho.

Na final da Liga da Europa, o volante Casemiro, pelo Manchester United, e o centroavante Richarlison, pelo Tottenham, tiveram atuações discretas. Os dois ficaram um longo tempo na reserva. Richarlison atuou pela esquerda, não de centroavante. Os dois poderão ser convocados por Ancelotti para a seleção, pois nos melhores momentos de suas carreiras, Casemiro pelo Real Madrid e Richarlison pelo Everton, foram comandados por Ancelotti. Além disso, há uma carência nessas posições na seleção.

Casemiro poderá ser bastante útil à seleção se atuar centralizado na proteção dos defensores, dando mais condições para os laterais avançarem, em um esquema tático com um trio no meio-campo (um volante e um meio-campista de cada lado). Não dá mais para Casemiro, um volante de pouca mobilidade, jogar no esquema com dois no meio-campo e quatro na frente, como fez a seleção com Dorival Júnior.

Nesta semana, o craque Rodri voltou a jogar por 15 minutos pelo Manchester City após ter ficado oito meses parado por causa de um grave contusão. Ele voltou, e no mesmo jogo De Bruyne se despediu da torcida do City após tantos títulos e glórias. Os dois se completavam. O volante Rodri, centralizado, é o pensador, o articulador, o elo, a ponte entre todos os jogadores do meio para a frente. Fez muita falta. De Bruyne se movimenta por todos os lados do meio para a frente, passa, cruza e finaliza com enorme eficiência.

Nesta semana, Modric, 39 anos, despediu-se da torcida do Real Madrid. Espero vê-lo jogar na Copa do Mundo do próximo ano pela Croácia. Modric desliza por todas as partes do campo com passes precisos, belíssimos e eficientes. A bola, agradecida, beija seus pés.

Repito, há mais de 20 anos, que falta à seleção brasileira um craque no meio-campo, como Modric, Rodri, Pedri e outros europeus. Rodri e Pedri formam a dupla de meio-campo da seleção da Espanha. O Brasil não tem mais esse craque meio-campista porque não produz, já que os garotos bons de bola são deslocados para atuar à frente, como se o meio-campo não fosse essencial na formação de um grande time.

Se Oscar, do São Paulo, tivesse ido à Europa no início de sua carreira, certamente teria sido um craque meio-campista de prestígio mundial, por causa de seus belos passes e de sua ampla visão do conjunto. Assim ele jogou nesta semana pelo São Paulo, vindo mais de trás.

Em mais uma boa atuação do Cruzeiro, na vitória por 3 a 0 sobre o Vila Nova de Goiás, pela Copa do Brasil, Leonardo Jardim mudou a formação tática. O time jogou com uma dupla de atacantes (Kaio Jorge e Gabigol) e com Matheus Pereira como um armador que avançava da direita para o centro e voltava para marcar pelo lado. Além dos três, a equipe tinha um trio no meio-campo, formado por Christian, Eduardo e Romero. O técnico passou a ter duas ótimas opções táticas.

Eu não gosto do esquema tático tradicional usado pela maioria dos times brasileiros, com dois volantes em linha, um meia de ligação centralizado, dois pontas e o centroavante, todos com posições fixas. Os treinadores, sem perder a razão e a organização tática, precisam criar, ousar e sonhar. A vida é sonho.

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Folha de S.Paulo