No ótimo e intenso jogo pelo Campeonato Inglês entre o West Ham, com Paquetá, e o Newcastle, com Bruno Guimarães, os dois brasileiros brilharam, cada um do seu jeito. As duas equipes não estão entre as mais fortes da Inglaterra, mas são muito boas.
Bruno é um meio-campista moderno, regular, eficiente, com ótima técnica e que atua de uma intermediária a outra. Marca bem, constrói e chega com frequência ao ataque. Paquetá é um meia mais ofensivo, bastante criativo, fantasista, com belos lances e que joga se divertindo com a bola, como na infância.
Na seleção brasileira, Bruno é titular ao lado de Casemiro. Paquetá disputa a posição com Matheus Cunha. Paquetá é mais inventivo, armador, e Matheus é mais intenso, atacante. Paquetá pode ainda jogar mais recuado, formando um trio no meio-campo com Casemiro e Bruno Guimarães. Quando Raphinha voltar, ele poderá jogar mais avançado pelo centro ou ser um atacante pela esquerda, como faz no Barcelona, ou no lugar em que mais atuou, da direita para o meio.
Ancelotti possui muitas variações do meio-campo para a frente. Vinicius Junior, que tem atuado na seleção mais centralizado e adiantado, pode jogar pela ponta-esquerda no lugar de Rodrygo. Além de Vinicius Junior, há mais cinco jogadores convocados em condições de jogar no centro do ataque (Matheus Cunha, João Pedro, Rodrygo, Richarlison e Vitor Roque).
O técnico possui outras dúvidas e a Copa está próxima. No meio-campo, para a reserva de Casemiro e Bruno Guimarães, ele chamou o experiente Fabinho (Al Ittihad), que teria características parecidas com as de Casemiro. Andrey Santos (Chelsea) é outro convocado para o setor.
A grande interrogação está nas laterais. O experiente e bom lateral esquerdo do Flamengo, Alex Sandro, tem grande chance de ser o titular no Mundial. Os outros convocados para as duas laterais são tecnicamente modestos para o nível da seleção brasileira. Ancelotti, como disse na entrevista, poderá usar o zagueiro Danilo nas duas laterais.
Na estratégia de jogo, a seleção melhorou com Ancelotti, mas não é ainda um time bem compacto, como vimos na derrota para o Japão. A equipe precisa evoluir nessa postura, na saída de bola da defesa e na pressão para recuperar a bola.
A falta de compactação é um sério problema de vários times brasileiros.
Na derrota para o Corinthians, os defensores do Grêmio ficavam colados na área, mesmo quando o meio-campo avançava, deixando enormes espaços entre os dois setores para os talentosos Memphis e Garro atuarem livres. No Corinthians ocorria o mesmo, embora com menos gravidade.
Tenho a impressão de que os técnicos brasileiros com carreira mais longa, como Mano Menezes, Dorival Júnior e outros, têm dificuldades para se adaptar aos novos modelos estratégicos, como a intensa pressão para recuperar a bola e a compactação. Não é o caso de Ancelotti.
A derrota para o Japão foi um alerta de que os treinadores, mesmo sendo um grande como Ancelotti, não ganham jogo, ajudam bastante.
Meus sentimentos aos familiares de Lô Borges. Vivi minha juventude embalada pelas músicas e pelos sonhos de Lô Borges, Milton Nascimento, Fernando Brant e outros craques do Clube da Esquina.
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Folha de S.Paulo


