Começou. Estamos sob a dinastia de Ancelotti 1º e único, o míster, Carlo, Carletto, dom Carlo. Qualquer coisa menos Carlinhos, como cantou a dita Torcida Verde e Amarelo na porta do hotel. Algo que por pouco não ameaçou a contratação do professor —se eu chegasse ao país com aquela turma gritando “Carlinhos”, voltaria para o aeroporto.
Míster Ancelotti ainda não fala português, o que não é nenhum problema, pode até ser presidente da CBF com esse predicado.
Este humilde escriba achou que as coisas melhorariam gramaticalmente com a presença de um doutor no comando da confederação fantástica de futebol. Mas a querida vizinha de coluna Marina Izidro abriu meus olhos, e ouvidos, ao enviar um trecho de um podcast no qual o prestigiado Samir Xaud declarou que comentários contra ele não o afetam (uhu) e que “isso é apenas opiniões”; senti que uma fada morreu em algum lugar de Roraima após a frase.
Também teve um “espero que todos os brasileiros estejam feliz” de dr. Xaud, na apresentação do míster (outra fadinha…).
Carlo Ancelotti chegou para a primeira coletiva com seu alinhado terno, como de hábito, mas sem colete. Senti falta. Ganhou agasalho (de Luiz Felipe Scolari) e camisa (do presidente doutor), mas não ganhou colete. Senti falta.
“Primeras impresiones, muy bonitas”, foi sua primeira frase, em seu bom espanhol de Real Madrid mesmo.
O idioma, português, espanhol ou italiano, foi um elemento curioso durante toda a entrevista coletiva.
Mas acho que a Globo pode desempenhar um importante papel na aproximação linguística Ancelotti-torcida brasileira. Como? Refilmar “Terra Nostra”, nossa novela mais italiana —ou pode ser também “Esperança”, talvez até “O Rei do Gado” (Berdinazzi feelings).
Todos os que acompanharam esses folhetins dominam um pouco o belo dialeto globês-italiano. É só mexer bastante as mãos, como Galvão Bueno, pronunciar muitos “questo” e “catzo”; e incluir a letra “e” no final da maioria das palavras, “entendere”?
A Globo poderia mudar o nome de alguma família da dita novela para clã Ancelotti, e convidar o míster para uma participacione especiale.
Talvez ele pudesse fazer o papel dele mesmo, o técnico da squadra brasiliana. Já imagino Bueno, o Galvão, como o dono de uma vendinha, falando todo dia que era amigo de Carletto e de Falcão, com todos os amigos botequeiros rindo dele e pedindo mais uma. E, no último episódio, Carletto entra na vendinha de Galvão, ou Galvone, e abraça o amiguinho. Fine.
Fórmula Dick Vigarista
Um dos GPs mais icônicos da F1, a prova de Mônaco, no domingo (25), foi também a mais vergonhosa em algum tempo, com pilotos andando como tartarugas para dar espaço para o coleguinha à frente da mesma equipe entrar e sair dos boxes sem perder a posição (isso porque a direção obrigou os pilotos a fazerem duas paradas em um circuito de ultrapassagem quase impossível).
Foi uma tentativa inútil de dar alguma emoção a um GP modorrento. Pior foi a transmissão da Band chamar a prova de emocionante ou falar que gostou do regulamento —que transformou metade do grid em seguidores de Dick Vigarista.
Melhor, e mais honesta, foi a declaração de Max Verstappen, que não é exatamente conhecido por ser um frasista: “Entendo [o que fizeram], mas não acho que tenha funcionado. […] Talvez você possa jogar bananas ou algo assim, peças escorregadias na pista, talvez?”.
LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.
Folha de S.Paulo