Tenho muito mais perguntas que respostas sobre o futebol no Brasil – 07/10/2025 – Tostão


A seleção brasileira vai enfrentar nos próximos dias a Coreia do Sul e o Japão. Na entrevista pós-convocação, Ancelotti disse que não chamou João Pedro por questões físicas. No entanto, no fim de semana, o jogador atuou pelo Chelsea sem problemas. Ele, dos centroavantes que têm sido convocados por Ancelotti e outros treinadores, é o que desperta mais esperança.

Ancelotti deve manter a formação tática das outras partidas, com uma linha de quatro defensores, dois volantes, um meia ofensivo centralizado, dois jogadores pelos lados e um centroavante. O técnico já disse que poderá fazer mudanças estratégicas de acordo com o momento e o adversário, o que é bom, como a escalação de um trio no meio-campo.

Paquetá tem hábito e condições técnicas e físicas para jogar das duas maneiras, como um meia centralizado próximo à área do outro time ou mais recuado, ao lado de Bruno Guimarães, formando um trio no meio-campo com Casemiro. Outros meias ofensivos, como Matheus Cunha, Neymar, Raphinha quando atua pelo centro, Rodrygo e outros, são meias atacantes para atuar mais próximo ao gol.

Bruno Guimarães tem atuado bem na seleção, mas é muito mais brilhante no Newcastle. A principal razão é que no time inglês ele forma um trio no meio-campo ao lado de Joelinton, também convocado, além do italiano Tonalli, ótimo meio-campista que atua mais centralizado. Nessa formação, Bruno marca, constrói e avança bastante, com belos passes e gols. Na seleção, ele atua quase ao lado de Casemiro e chega pouco ao ataque.

Casemiro é um líder, excepcional nas bolas aéreas defensivas e ofensivas, na marcação e faz bem a saída de bola da defesa para o ataque. Faltam a ele a leveza, a habilidade e a técnica para trocar passes rápidos, avançar e jogar de uma intermediária à outra, como fazem Vitinha da seleção de Portugal, Rodri do Manchester City e vários outros.

Contra fortes seleções, o Brasil deveria preencher mais o meio-campo, para marcar melhor e ter mais o domínio da bola no setor. Não podemos jamais esquecer os 7 x 1 para Alemanha em 2014 e a recente goleada sofrida para a Argentina, por 4 x 1, além de outros momentos parecidos. Grandes seleções atuais, como Espanha, Portugal e Argentina, se destacam pela troca de passes e domínio da bola no meio-campo. Sabem esperar o momento certo de tentar a jogada decisiva.

No recente Mundial Sub20, o Brasil perdeu por 1 x 0 para a Espanha e foi pela primeira vez na história eliminado na fase de grupos da competição. Em campo, a Espanha, com vários garotos meio-campistas bons de bola, teve o domínio do jogo. O Brasil perdeu também para o Marrocos e empatou com o México. A desculpa de que não estavam presentes vários jovens com menos de 20 anos, destaques nas equipes principais, não se justifica. A Espanha não teve Lamine Yamal e outros com menos de 20 anos.

O futebol é pleno de dúvidas e incertezas. Por que os erros cometidos pelos árbitros e pelo VAR contra o São Paulo e o Grêmio foram bisonhos? Por que o Cruzeiro tem resultados melhores contra os times mais fortes do que contra os mais fracos? Seriam apenas questões estratégicas? Por que o Atlético-MG, com um bom elenco —não é excelente como dizem—, é a pior equipe do segundo turno do Brasileirão?

Tenho muito mais perguntas do que respostas.

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Folha de S.Paulo