O STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) aceitou pedido de efeito suspensivo apresentado pelo Flamengo e liberou o atacante Bruno Henrique a atuar pelo clube enquanto aguarda apreciação de apelo da pena de 12 partidas de suspensão, determinada pelo tribunal no início do mês.
O jogador foi julgado pela suspeita de ter compartilhado informação antecipada sobre o recebimento de um cartão amarelo em partida do Flamengo contra o Santos, pelo Campeonato Brasileiro de 2023, para beneficiar um esquema de apostas esportivas envolvendo amigos e familiares.
Condenado pela primeira comissão disciplinar do STJD, o jogador e o clube apelaram ao pleno da corte.
“A medida, aguardada pelo Flamengo diante dos votos divergentes apresentados na 1ª Comissão Disciplinar —que acolheram a preliminar de prescrição— garante a plena condição de jogo do atacante até o julgamento do caso pelo Pleno do Tribunal. Dessa forma, Bruno Henrique está liberado para atuar normalmente pela equipe rubro-negra”, disse o clube em nota.
O atleta de 34 anos foi enquadrado pela Procuradoria do STJD em dois artigos do CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva): 243 e 243-A.
O primeira fala sobre “atuar deliberadamente, de modo prejudicial à equipe que defende”. O segundo trata de “atuar, de forma contrária à ética desportiva, com o fim de influenciar o resultado de partida, prova ou equivalente”.
No voto dos auditores do STJD, Bruno Henrique foi considerado inocente pelo artigo 243, já que não ficou comprovado que o jogador buscou deliberadamente prejudicar a equipe com o recebimento do cartão.
No entanto, ele foi considerado culpado pela maioria dos auditores pelo artigo 243-A. “Houve efetivamente atitude que viola a ética desportiva”, afirmou o relator do caso no STJD, Alcino Guedes.
“No Pleno, a pena pode ser mantida, reduzida, aumentada ou até anulada. Esse duplo grau de jurisdição é previsto justamente para garantir mais equilíbrio e justiça nas decisões”, disse Felipe Crisafulli, sócio do Ambiel Bonilha Advogados e especialista em direito desportivo.
Em novembro de 2024, o jogador foi alvo de operação da PF e do Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado).
Na ocasião, policiais federais e agentes do Gaeco foram ao Ninho do Urubu, o centro de treinamento do Flamengo, em Vargem Grande, zona oeste do Rio, para cumprir mandados de busca e apreensão.
Também foram à casa do jogador, que entregou aparelhos eletrônicos aos agentes.
A PF localizou mensagens no celular de Wander Nunes Pinto Junior, irmão de Bruno Henrique, indicando que o atleta antecipou que receberia um cartão amarelo durante a partida contra o Santos.
Na Justiça comum, o atacante e seu irmão se tornaram réus em julho, após a Justiça do Distrito Federal ter aceitado denúncia apresentada pelo Ministério Público por fraude esportiva. Caso seja condenado, o atacante poderá pegar uma pena de até seis anos de reclusão. Ainda não há data para o julgamento.
Ao longo das investigações, Bruno Henrique seguiu atuando normalmente pelo Flamengo, onde está desde janeiro de 2019.
Pelo clube, conquistou duas edições da Copa Libertadores (2019 e 2022) e do Campeonato Brasileiro (2019 e 2020), além de cinco títulos do Campeonato Carioca.
Folha de S.Paulo