‘Só não esperava quem não gosta do Palmeiras’


Abel Ferreira durante o jogo contra o Juventude
Palmeiras

Abel Ferreira durante o jogo contra o Juventude

Após um resultado histórico contra a LDU, o técnico Abel Ferreira optou por iniciar a partida contra o Juventude com reservas. Ainda assim, o Palmeiras venceu por 2 a 0 e recuperou a liderança do Campeonato Brasileiro, um ponto à frente do Flamengo, que também será o adversário na final da Libertadores.

Após a partida, o técnico explicou que a decisão foi tomada por conta da gestão do elenco, já que houve bastante desgaste físico com a partida anterior. 

Na quinta-feira (30), justamente na partida contra a LDU, o técnico comemorou cinco anos sob o comando da equipe. Neste domingo (2), a comissão de Abel chegou a 200 jogos no Campeonato Brasileiro, sendo 112 vitórias, 45 empates e 43 derrotas.

“Desde a primeira entrevista que dei, não mudei nada. A única coisa que mudou, graças ao trabalho de todos, é que temos mais títulos. O clube cresceu financeiramente e em prestígio, nacional e internacionalmente. Apostámos em jogadores da base, fizemos boas vendas. Desde que chegamos, o Palmeiras disputa títulos todos os anos. Fomos a 15 finais e perdemos 5. Portanto, pouca coisa mudou”, definiu Abel. 

O que disse Abel 

Gestão de elenco e desgaste físico

“É jogo a jogo, não vou alterar agora o discurso. É perceber como é que a equipa está, como é que os jogadores estão. Depois de um jogo tão intenso, mais do que físico, emocionalmente… Muitos falam na fadiga periférica, eu falo na fadiga central, que é aquela que vem da cabeça, dos gastos físicos, do refoco, da concentração naquilo que temos de fazer na tarefa.”

“O último jogo foi um jogo que nos levou, pelo menos aos que entraram de início, a um desgaste mental muito forte. Eu tinha vos dito antes da partida que ia ser um jogo de muita resiliência mental e tática, para cumprirmos aquilo que tínhamos estabelecido em termos de tarefas individuais e coletivas, onde o foco e a concentração eram fundamentais.”

“E hoje não tive dúvidas nenhumas em trocar, porque sabia que os jogadores que também têm jogado — o Felipe, o Bruno, o próprio Veiga — todos eles estavam prontos. O Facundo tem jogado menos, mas treina muito bem. O Jefté e o Kelvin também têm boa disponibilidade física. Portanto, jogo a jogo, entendendo que os que jogaram na quinta-feira precisavam descansar. Tinha que mexer cinco ou seis, não havia outra forma. E ainda bem que o fizemos, porque os jogadores que entraram jogaram muito bem — tirando os últimos dez, quinze minutos, onde perdemos um pouco o foco e a concentração. No geral, a vitória é inteiramente justa.”

Ambição pessoal e relação com o Palmeiras

“Não, ninguém deve nada a ninguém. Eu tenho tudo em dia com o Palmeiras, e o Palmeiras tem tudo em dia comigo. A minha ambição é ser melhor todos os dias e provar a mim mesmo e às pessoas que gostam de mim e apostam em mim que mereço o lugar que ocupo. Essa é a minha meta: ser melhor todos os dias. Não venho aqui bater recordes, não quero ser melhor que ninguém — quero ser melhor que eu mesmo. Comparo-me comigo, não com os outros. Procuro aprender, e isso sou eu, e isso não vai mudar.”

“E deixa-me corrigir-te: dizer que ninguém esperava que nós passássemos… Isso só não esperava quem não gosta do Palmeiras. Os palmeirenses e o treinador tinham a convicção de que era possível, e nós provámos dentro de campo, com a ajuda dos nossos jogadores, que era possível.”

Comparação com Telê Santana

“Gosto muito, mas o meu nome é Abel Ferreira.
Eu não me comparo com ninguém. A comparação é boa, mas o Telê me inspira. É uma das pessoas de quem eu gosto da forma como falava.
O que mais me cativou no Telê Santana eram os fundamentos. Fundamentos.”

Disputa simultânea de títulos (Brasileirão e Libertadores)

“Ótimamente! Porque, se não estivéssemos aqui a competir, como temos feito nos últimos anos por títulos, vocês todos — ou boa parte de vocês — estariam a trucidar-me, como fizeram alguns depois do jogo com a LDU.
Portanto, muito contente por poder discutir títulos, como sempre fizemos, e vamos continuar a fazer. Se vamos ganhar, não sei.”

Elenco, rotação e confiança nos jogadores

“Quantas vezes vocês já me ouviram falar do “Todos Somos Um”? Quantas vezes já me ouviram dizer que não há titulares no Palmeiras? Que eu não treino os onze, treino os vinte e oito? Está tudo escrito, sei que muitos de vocês não leram o livro, mas está lá. Este ano tivemos um trajeto difícil: vendemos muitos jogadores, trocámos outros, integramos jovens e continuamos a competir — muitas vezes contra tudo e contra todos — mantendo a crença no nosso trabalho.”

“Desde a primeira entrevista que dei, não mudei nada. A única coisa que mudou, graças ao trabalho de todos, é que temos mais títulos. O clube cresceu financeiramente e em prestígio, nacional e internacionalmente. Apostámos em jogadores da base, fizemos boas vendas. Desde que chegamos, o Palmeiras disputa títulos todos os anos. Fomos a 15 finais e perdemos 5. Portanto, pouca coisa mudou.”

“Acredito muito nos meus jogadores, no trabalho e no espírito de grupo — e isso constrói-se dentro de casa, integrando os novos, explicando o que queremos e mantendo o foco nos processos. A minha confiança nos jogadores é total e absoluta. Troquei sem problema nenhum, e disse aos outros que ficaram de fora que este era o melhor onze para iniciar o jogo, pelo desgaste físico e mental do último. Apenas dois dias de recuperação — era impossível que todos estivessem a 100%. É a vitória de uma equipa consistente, com maturidade emocional. É a vitória do “Todos Somos Um”, do caráter, do orgulho, da responsabilidade. E é isso que vamos procurar fazer: dar sempre o nosso melhor em todos os jogos, somar três pontos em cada partida e lutar por esta competição até o fim.”



Portal IG