Existem coisas difíceis de explicar, quase impossíveis, daí colocamos o mérito ou a culpa nas costas do universo.
É quase como o que aconteceu em pleno 2025 com a música “Take on Me”, do A-ha, que fez sucesso quando este humilde escriba era um jovenzinho. Quem diria que o hit seria lembrado quase ao mesmo tempo em duas das séries mais comentadas do ano (“Adolescência”, da Netflix, e “The Last of Us”, da Max)? Não dá para explicar, é o universo conspirando, no caso, a favor da banda norueguesa.
Quem também poderia dizer no Réveillon que Neymar jogaria no Paulistinha e no Brasileiro com a camisa do Santos? Talvez o vocalista do A-ha, vai saber.
No jogo de domingo (1º), fiquei pensando que a torcida do Santos poderia adotar a alcunha “The Last of Us”. Parece que só eles ainda acreditam que Neymar está fazendo bem para o time —que se mantém firme na amaldiçoada zona de rebaixamento, apesar de rivais como Vasco e São Paulo estarem se esforçando para tirar o clube da Vila Belmiro dali.
Durante a derrota para o Botafogo, em casa, Neymar, o Júnior, foi expulso após bestamente colocar a mão na bola. Mas fiquei com a impressão de que a torcida aplaudiu o craque da camisa 10 em sua saída de campo —de repente foi o som da transmissão, que pode ter ficado abafado.
Já ao final do jogo, todo mundo protestou. Tivemos hits mais antigos que “Take on Me”, como “Vergonha, time sem vergonha”, que nunca sai de moda; ou, para o querido presidente, “Ei, Teixeira, vai tomar no c*”.
E o Neymar? Nada. Poupado pelos presentes na Vila Belmiro. É o neyverso conspirando a favor.
Com isso, o moço não joga contra o Fortaleza nem contra mais ninguém no campeonato, a não ser que renove o contrato —o que não aconteceu até a conclusão desta coluna.
Essa novela está com jeito de que vai se arrastar por mais uns dias. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos. Aliás, caso termine assim a aguardada volta de Neymar, caberia mais um capítulo do podcast de sucesso do UOL sobre Neymar (o Júnior e o pai), apresentado por Pedro Lopes e pelo querido vizinho Juca Kfouri. Eles poderiam contar os detalhes (sórdidos, gostamos dos sórdidos) da suposta não renovação.
Sorte teve o mister Carlo Ancelotti, que não precisará pagar o mico de ter que responder (já pela seleção) sobre o menino-comportamento de Neymar em campo em tempos de VAR —a expulsão foi bem realmente ridícula. Sua não convocação neste momento foi mais relevante que muitos chamados. Ou alguém acha que Dorival deixaria Ney fora da lista?
Carletto estreia nesta semana no comando da seleção brasileira. Para classificar o Brasil para a Copa do Mundo, ele terá pela frente Equador (fora), Paraguai (casa), Chile (casa) e Bolívia (fora) e precisa ganhar dois jogos. Dorival, o Júnior, deve estar doido de inveja com essa tabela que ele não pegará.
Dorival e Carletto estiveram juntos no estádio do Corinthians no domingo. Dorival, por obrigação; Ancelotti, para conhecer o goleiro Hugo —que alguém convocou e ele aprovou.
Fechando esse ciclo do universo, dom Ancelotti, que fez carreira no Milan e já treinou o PSG, deve ter ficado feliz com o título do time francês-qatari na Champions League, justamente contra a Inter de Milão, equipe que aprendeu a não gostar.
Já a torcida do PSG —que por muito tempo tinha que se preocupar com Ney— está pululando de alegria com a fase sem supercraques. Sobreviveram sem Neymar, quem diria.
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