Saiba como foi criado o hino da Champions League e qual o seu impacto dentro de campo

Atletas que já fizeram história na Liga dos Campeões, como Messi e Zidane, contam que a canção oficial do torneio é mesmo emocionante

FRANCK FIFE / AFPTroféu da Liga dos Campeões ficará nas mãos de Liverpool ou Real Madrid na temporada 2021/2022
Troféu da Liga dos Campeões ficará nas mãos de Liverpool ou Real Madrid na temporada 2021/2022

Antes de a bola rolar para Liverpool x Real Madrid neste sábado, 28, o tradicional hino da Liga dos Campeões será tocado pela última vez na temporada 2021/2022. Uma das canções mais tradicionais do mundo do futebol, a música possui a “mística” de que influencia no desempenho dos jogadores. A questão, entretanto, não se trata de uma lenda ou algo do tipo. De acordo com estudos feitos a respeito da relação entre música e a prática esportiva, o hino do torneio não ajuda apenas emocionalmente. “Tenho certeza que o efeito da música da Champions League é fundamental para todos os atletas que participam dessa competição. Existe uma discussão, que já está bem fundamentada na ciência, que a música por trás do exercício tem vários aspectos, o cultural, a relação com a pessoa, o pertencimento a um grupo específico”, afirma o professor Marcelo da Silva Marques, da Faculdade de Educação Física e Esporte (EEFE) da Universidade de São Paulo (USP), em entrevista à Betway.

“Nesse caso, quando a gente traz a música da Champions League para esses atletas, deve ter uma sensação de pertencimento muito grande. ‘Eu jogo a competição de clubes mais importante’, que é a competição europeia de clubes. Então, para eles, ouvir essa música ali na hora do campo ou mesmo antes do jogo gera aquela sensação de desempenhar, de estar envolvido, aquela sensação de fazer o melhor e entregar o melhor para o clube ou para o torcedor ou para a cidade, já que os clubes têm uma relação com a cidade onde são sediados”, acrescenta o pesquisador. “Penso que o grande efeito está na pré-ativação. Chamamos isso de uma ‘energização pré-exercício’. Ele entraria no jogo mais preparado psicologicamente. Claro que esse efeito se perde durante o jogo, dada duração e oscilações emocionais que ocorrem durante a partida (como gols a favor, contra, erros, etc)”, continua Marques.

Os próprios jogadores que disputam o torneio da Uefa admitem que a música transforma a atmosfera das partidas. “Mágica… É mágica acima de tudo. Quando você ouve o hino, isso te cativa imediatamente. Você quer saber o que vai acontecer”, afirmou, em entrevista à Uefa, Zinedine Zidane, que ganhou a Liga dos Campeões como jogador (2002) e três vezes como treinador (2016, 2017 e 2018), todas pelo Real Madrid. Lionel Messi, que também soma quatro títulos da competição, pelo Barcelona, também revelou sua experiência. “Quando você entra em campo e escuta o hino, sabe que é um jogo diferente, especial, importante”, contou o argentino.

No caso da Champions League, a ideia sempre foi dar um ar de clássico, mesmo lá em 1992, quando a competição foi reformulada, com o nome refeito. Desde a escolha das cores ao estilo da música, tudo que a Uefa queria era criar algo que já nascesse clássico, que desse um ar de tradicional, histórico, que representasse algo que já existia há muito tempo, ainda que toda a marca estivesse sendo recriada naquele momento. Era um resgate à própria história, que remetia a 1955, a criação da chamada Copa Europeia (aqui no Brasil conhecida como Copa dos Campeões). “A coisa toda foi montada — o elemento de marca, incluindo a música e o logotipo — do ponto de vista de ser completamente diferente. Então, se você olhar para muitas coberturas esportivas e muitas marcas esportivas, tudo é uma música barulhenta, um estilo jovem, colorido, impetuoso; isso te bate na cara o tempo todo”, contou Richard Worth, executivo da agência TEAM, contratada pela Uefa para fazer a criação da marca da competição.

Para remeter a esta tradição, o britânico Tony Britten, que compôs o hino, se inspirou na canção “Zadok the Priest”, de Georg Friedrich Händel, criada para a coroação do rei George II, em 1727. Depois disso, a música passou a ser usada na coroação de reis britânicos e se tornou um símbolo da tradição, história e prestígio da coroa. “Quando eles disseram que queriam uma música que refletisse a solenidade e importância dessa nova competição, foi muito útil ter uma referência”, contou Britten. “Coloquei Zadok the Priest, uma grande afirmação de poder, sucesso, grandeza. Foi escrita para a coroação do rei George. Eu acho que a música ressoa porque ela representa um sentido de grande ocasião”, finalizou.



Fonte: Jovem Pan