Roland Garros: Pegada de Nadal é eternizada na quadra – 25/05/2025 – Esporte


Rafael Nadal deixou sua marca na quadra central de Roland Garros. Literalmente. Desde este domingo (25), a impressão do pé do jogador ficará eternizada em uma pequena placa branca, ao lado da rede da quadra Philippe-Chatrier.

A revelação da placa foi a surpresa final da cerimônia em homenagem ao espanhol, que pendurou a raquete no ano passado.

A organização do torneio fez o possível para arrancar lágrimas do recém-aposentado. Quinze mil camisetas cor de saibro foram distribuídas ao público, para que a quadra ficasse toda no mesmo tom –ou quase toda, porque um grupo de torcedores recebeu outras camisetas, brancas, para formar a mensagem “14 RG RAFA”, referência ao número recorde de títulos do espanhol em Roland Garros.

Seus três grandes rivais, o suíço Roger Federer, o sérvio Novak Djokovic e o escocês Andy Murray, fizeram questão de ir à quadra para cumprimentá-lo. A única falha da homenagem foi não ter deixado os três discursarem.

Apenas Nadal falou. Depois de ler com dificuldade algumas palavras preparadas em francês, idioma que nunca chegou a aprender, agradeceu em inglês e espanhol ao público, ao staff, aos patrocinadores e à família –inclusive as duas avós, de 92 e 94 anos, que estavam na plateia.

Nadal lembrou as homenagens que recebeu dos franceses. “Vocês me ofereceram, no final da minha carreira, a possibilidade de receber a tocha olímpica das mãos de Zidane [na cerimônia de abertura dos Jogos de Paris, em 2024]. Vocês me ofereceram uma estátua magnífica aqui em Roland Garros [em 2021]. Vocês me fizeram sentir como um francês.”

Depois da homenagem, Nadal deu uma longa entrevista coletiva. Relaxado, disse que não sente falta do tênis. “Ainda não peguei uma raquete depois da minha aposentadoria. São oito meses sem estar em uma quadra. Mas voltarei em algum momento”, disse. Sua rotina é cuidar de seus empreendimentos –academias de tênis, hotéis e uma marca de suplementos nutricionais. Nas horas vagas, joga golfe.

“Também cuido de minha fundação. E cuido da minha família. Estou descobrindo o que realmente me motiva para esta nova vida. Não é fácil escolher sua próxima meta. Mas, para mim, é muito importante ter metas na vida”, afirmou.

O espanhol surpreendeu ao confessar que está perdendo a memória das partidas que disputou. “Eu era o tipo de pessoa que se lembrava de quase todos os pontos, mas perdi esse privilégio há alguns anos. Eu costumava me lembrar de muita coisa, de cada torneio, de cada jogo. Agora, não lembro mais. Provavelmente porque encerrei esse capítulo de minha vida.”

Nadal disse que continua assistindo tênis. Falou até da revelação brasileira João Fonseca, de 18 anos.

“Ele é um jogador muito jovem, que começou a carreira muito bem. Tem um grande futuro pela frente. Desejo-lhe tudo de bom. Eu o encontrei algumas vezes. Parece que ele tem uma ótima equipe, com sua família e as pessoas que estão ao seu lado. Ele é muito educado. Espero sinceramente que tenha um grande futuro.”

Fonseca é um dos três brasileiros nas chaves de simples de Roland Garros este ano. Ele estreia nesta terça-feira (27), contra o polonês Hubert Hurkacz. O outro brasileiro na chave masculina, Thiago Monteiro, foi derrotado na primeira rodada, neste domingo, pelo tcheco Vit Kopriva, em uma batalha de cinco sets que durou mais de quatro horas. Na chave feminina, Bia Haddad também estreia na terça, contra a americana Hailey Baptiste.

O espanhol arrancou risos dos jornalistas ao revelar o que conversou com Andy Murray, ao reencontrá-lo. Foi sobre futebol: o britânico lembrou o WhatsApp que enviou ao antigo rival quando o Arsenal eliminou o Real Madrid da Champions League, em abril.

Diante dos repórteres, Nadal sacou o celular do bolso do paletó preto e fez questão de ler a mensagem de Murray. “Vou ler, porque é muito bom: ‘Oi, Rafa, faz um tempo que não falo com você. Só para saber se você está bem.’ Levei cinco segundos para entender. Sempre britânico. A propósito, nem respondi”, brincou.



Folha de S.Paulo