Quem são os candidatos a presidente do Corinthians – 24/08/2025 – Esporte


O Corinthians realiza nesta segunda-feira (25), a partir das 18h, no Parque São Jorge, uma eleição indireta para escolher o novo presidente da diretoria após o impeachment de Augusto Melo.

Nas mãos de 299 conselheiros, entre vitalícios e trienais, recai a missão de apontar quem conduzirá o clube até dezembro de 2026, encerrando o mandato que se viu interrompido pelo afastamento de Melo, destituído por supostas irregularidades em comissões de um contrato de patrocínio.

Três candidatos disputam a cadeira.

Osmar Stabile, 71, vice-presidente que herdou o comando interino, tenta se consolidar no poder defendendo a continuidade de seu trabalho para evitar nova ruptura no comando do clube. Esta é sua segunda passagem pela diretoria, já que foi vice-presidente de esportes terrestres durante parte da gestão de Alberto Dualib (1993-2007).

Antonio Roque Citadini, 74, velho conhecido dos bastidores alvinegros, ressurge com a bandeira da renovação moral —mas não sem o peso de sua história ligada à era Dualib, da qual fez parte como vice-presidente de 2001 a 2004. Na última semana, ele antecipou sua aposentadoria como presidente do TCE-SP (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo), pois completará 75 anos no próximo dia 2, idade que prevê aposentadoria compulsória do serviço público.

André Castro, 46, é figura quase anônima para a maioria da torcida, mas foi ativo na gestão de Duilio Monteiro Alves (2021-2023) como assessor nas categorias de base. Tenta ocupar o espaço de novidade, apresenta-se como alternativa, fala em modernização e carrega como trunfo a promessa de um aporte bilionário para o clube.

A disputa entre eles nasce de um cenário turbulento. Augusto Melo, destituído em assembleia geral após investigações internas e da Polícia Civil, é acusado de irregularidades no contrato de patrocínio com o site de apostas VaideBet. A suspeita envolve o pagamento de R$ 25 milhões a uma empresa intermediária, que seria uma fachada para desviar o valor, de acordo com apuração das autoridades.

O cartola nega os crimes que o levaram a perder seu mandato e fizeram dele e de outros dirigentes de sua gestão réus, acusados de associação criminosa, lavagem de dinheiro e furto.

Sua defesa não convenceu os sócios do Corinthians. No último dia 9, 1.413 associados foram a favor de seu impeachment, e 620 votaram para sua recondução ao cargo. Em maio, o Conselho Deliberativo já havia se manifestado a favor do impedimento, com 176 votos a 57.

Além da investigação, pesou contra ele a situação do time. Assim como em 2024, no primeiro ano da gestão de Melo, o Corinthians vive um momento complicado nos gramados. Apesar do título paulista, foi eliminado precocemente da Copa Libertadores e da Copa Sul-Americana. Embora esteja nas quartas de final da Copa do Brasil, ocupa a segunda metade da tabela do Campeonato Brasileiro, próximo à zona de rebaixamento.

A perspectiva para a sequência da temporada é de pessimismo devido às frequentes baixas no elenco por causa de lesões, somada à impossibilidade de buscar reforços. O clube, que já não tinha grande margem para investir em contratações, foi penalizado com um “transfer ban”, medida que impede o registro de novos atletas até que haja um acordo com o Santos Laguna pela dívida de US$ 6,1 milhões (R$ 33,4 milhões) referente à contratação de Félix Torres.

A Folha enviou questionamentos aos três candidatos, que terão de lidar com essas e outras situações no clube, como a dívida total de mais de R$ 2,5 bilhões. Osmar Stabile afirmou, por meio de sua assessoria, que não daria entrevistas, pois aposta na visibilidade de sua gestão interina. Quando assumiu, em maio, declarou ter encontrado um “cenário de terra arrasada”.

Embora tenha se comprometido a responder algumas perguntas, Roque Citadini não deu retorno até o prazo combinado. Em recente entrevista à CNN Brasil, disse que pretende lidar com as dívidas por meio de uma nova negociação do Profut (Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol), do governo federal, além de apostar na contenção de gastos.

O único a se posicionar foi André Castro, que apresentou como principal proposta o potencial de investimento da empresa GSP Banco de Fomento Mercantil LTDA, com aporte de até US$ 1 bilhão (R$ 5,4 bilhões) no Corinthians.

“O aporte será direcionado para quitar as dívidas mais críticas e reestruturar os débitos de médio prazo, permitindo equilíbrio financeiro e capacidade de investimento no futebol. Somos contra transformar o Corinthians em SAF. Vamos preservar o controle associativo, mas com governança profissional e capital privado”, afirmou.

A empresa citada por ele, no entanto, não está registrada como banco nem como instituição financeira, diferentemente do que foi apresentado pelo candidato. De acordo com o portal ge.com, a GSP foi aberta em dezembro de 2010, em Goiânia, como uma operadora de “factoring” —empresa que compra créditos (contas a receber) de outra companhia e paga à vista, com desconto sobre o valor total. No longo prazo, a empresa recebe a diferença descontada.

“O plano será apresentado com documentação e garantias, em total respeito aos conselheiros e à torcida”, declarou Castro.

Enquanto os candidatos tentam convencer os conselheiros com suas propostas, na véspera da eleição que vai definir seu novo presidente, o Corinthians enfrenta o Vasco neste domingo (24), em São Januário, em disputa direta para se afastar da parte vermelha da tabela.



Folha de S.Paulo