“Mais rápido, mais alto, mais forte.”
O famoso lema olímpico original, introduzido há cem anos, nos Jogos Olímpicos de Paris, a mesma cidade que abriga as Olimpíadas deste ano, especifica o que o atleta precisa ter (velocidade, impulsão, força) para se consagrar como o melhor em seu esporte.
Na final da canoagem velocidade (C1 1.000 m), disputada na raia do Estádio Náutico de Vaires-sur-Marne (a leste da capital francesa), o brasileiro Isaquias Queiroz praticou dois dos componentes do lema para ganhar sua quinta medalha olímpica (soma agora um ouro, três pratas e um bronze).
Mais que ele, apenas a ginasta Rebeca Andrade, com seis (dois ouros, três pratas, um bronze). Igual a ele na quantidade, os velejadores Robert Scheidt (dois ouros, duas pratas, um bronze) e Torben Grael (dois ouros, uma prata, um bronze).
Mais alto, pelas características do esporte que pratica, Isaquias não tem como subir durante a competição. Mas mais rápido e mais forte ele consegue ser.
E, na regata das medalhas, nesta sexta-feira (9), foi. Segurando firme a pá com a qual conduz sua canoa, deu uma arrancada espetacular nos últimos 250 metros, o último terço da prova.
Até aquele momento, estava em quinto lugar, atrás, nesta ordem, de Martin Fuksa, Zakhar Petrov, Sergei Tarnovschi e Sebastian Brendel.
Passou de imediato Brendel e, no que parecia improvável, devido à distância para os demais concorrentes, remou, remou, remou, com rapidez nos movimentos e potência nos braços.
No sprint final, a 80 metros do ponto de chegada, Isaquias acelerou ainda mais, músculos exaustos porém resistentes, ultrapassando Petrov e Tarnovschi para ficar com a prata (3min44s33), a apenas 1s17 do campeão, o tcheco Fuksa (3min43s16, nova melhor marca olímpica).
O brasileiro foi o mais veloz, com folga, nesses 250 metros decisivos, os quais percorreu em 54s59.
“Uma sensação incrível, maravilhosa, diferente”, disse Isaquias já com a medalha, em referência não apenas à sua atuação na final mas à presença da família (mulher e filhos), que não esteve com ele em Tóquio-2020.
“Foi uma baita de uma subida”, acrescentou, sobre o desempenho assombroso no trecho final da prova. Afirmou que teve como motivação, para tamanha acelerada, não sair dos Jogos “com o pescoço pelado”.
“Mais forte” e “mais rápido” na água, Isaquias, se não pôde ir “mais alto” dentro do barco, foi na premiação. Empolgado e sorridente com a quinta láurea olímpica, deu um pulão antes de aterrissar no pódio.
Paris-2024
Um guia diário com o que rolou e vai rolar nos Jogos Olímpicos na França
Maiores medalhistas do Brasil em Olimpíadas
- Rebeca Andrade, (ginástica artística) – 6 (2 ouros, 3 pratas, 1 bronze )
- Robert Scheidt (vela) – 5 (2 ouros, 2 pratas, 1 bronze), 1996 a 2012
- Torben Grael (vela) – 5 (2 ouros, 1 prata, 2 bronzes), 1984 a 2004
- Isaquias Queiroz (canoagem velocidade) – 5 (1 ouros, 3 pratas, 1 bronze)
- Serginho (vôlei) – 4 (2 ouros, 2 pratas), 2004 a 2016
- Gustavo Borges (natação) – 4 (2 pratas, 2 bronzes), 1992 a 2000