Palmeiras merece vaga com Paulinho e Abel decisivos – 28/06/2025 – Esporte


Abel Ferreira foi capitão coragem!

Primeiro por escalar Allan, que pediu passagem depois de sua gigantesca atuação, improvisado como lateral direito, nos minutos finais contra o Inter Miami.

Depois, por tirar Estêvão.

Houve curiosas críticas, depois de se ter ouvido, durante toda a semana que, se Estêvão havia afirmado não conseguir se concentrar pela iminente ida ao Chelsea, tinha de sair do time.

Abel não renunciou ao seu jogador mais habilidoso.

Escalou seu mais decisivo e colocou Luighi para marcar o lado, liberando Paulinho para as definições que faltavam.

Paulinho decidiu, e o Palmeiras mereceu a vitória sobre o Botafogo nas oitavas de final da Copa do Mundo de Clubes.

A melhor característica do Palmeiras é a pressão. É possível ver de cima, nos estádios, times como Manchester City, Bayern e Real Madrid se comportarem da mesma maneira que a equipe de Abel Ferreira na saída de seus adversários para jogar. Marcação homem a homem, sem sobra.

Se erra o bote, fica perigoso.

A pior coisa atual da equipe de Abel Ferreira é a dificuldade de fazer gols contra times fortes. Incrível como o Palmeiras sofre nos jogos grandes, contra rivais de seu nível. Por falhar nas finalizações, por não ser certeiro, corre riscos e perde jogos que poderia vencer.

É muito bom ver que os times brasileiros jogam de maneiras muito semelhantes às dos melhores da Europa. Não se trata da qualidade individual, mas das noções táticas mais atuais. O Palmeiras marca no ataque. O Botafogo recua seus jogadores, espera e contra-ataca. Assim venceu o Paris Saint-Germain.

Não há só uma forma de jogar.

O Botafogo se defendeu.

O Palmeiras fez pressão.

O ataque, ora, o ataque.

Das muitas qualidades do Mundial de Clubes, sobre o qual Gianni Infantino disse ser um sucesso, uma delas não é o horário. Repetição das Copas do Mundo de 1970 e 1986, no México, de 1994, nos Estados Unidos, partidas com início ao meio-dia são uma violência contra o jogo.

Principalmente com prorrogação.

No tempo normal, o Palmeiras foi melhor do que o Botafogo, finalizou 13 vezes contra cinco alvinegras, três no alvo, o triplo do alvinegro. Mas não define. Incrível como o Palmeiras tem dificuldade para ganhar os jogos contra os adversários mais difíceis, desde que conquistou o bicampeonato brasileiro.

Foi eliminado pelo Flamengo na Copa do Brasil e pelo Botafogo na Libertadores, perdeu o tri brasileiro em casa contra o Botafogo, caiu contra o Corinthians na finalíssima do Paulista. Pressiona, merece, não marca.

O Botafogo foi o time brasileiro mais impressionante do Super Mundial, por ter vencido o Paris Saint-Germain. E, por outro lado, o que menos mudou a lógica de o futebol brasileiro: defender-se, em vez de atacar, quando enfrenta grandes em torneios de clubes.

Abel Ferreira é diferente. Joga agredindo. “Dizem que eu faço sempre igual”, reagiu Abel, ao saber que Javier Mascherano tinha elogiado sua capacidade de variar seu estilo, ora marcando por pressão no ataque, ora recuando para contra-atacar.

Contra o Botafogo, valeram os dois estilos.

Pressionou no início, contra-atacou depois, matou o Botafogo com Paulinho e com alteração inteligente.

O Palmeiras mereceu muito!



Folha de S.Paulo