O autêntico gol olímpico | VEJA



Um evento raro, geralmente belo, o gol olímpico, como é chamado o tento cheio de curva marcado diretamente da cobrança de escanteio, na verdade, não foi criado em uma Olimpíada. Segundo consta na versão mais aceita, o primeiro lance do tipo foi registrado em 2 de outubro de 1924, no estádio do Sportivo Barracas, em Buenos Aires, em um amistoso entre as seleções de Argentina e Uruguai. Cesareo Onzari, da equipe anfitriã, foi o autor do gol que motivou protestos dos uruguaios. Eles pensavam se tratar de um lance irregular, mas semanas antes, o Ifab (International Football Association Board), a entidade que até hoje estabelece as normas do jogo, havia regulamento a jogada. E de onde surgiu o nome olímpico? A imprensa argentina, entusiasmada com a estética do lance, assim o apelidou por ter sido marcado diante da poderosa seleção Celeste, campeã olímpica daquele ano nos Jogos de Paris. Foi na capital francesa, inclusive, que o Uruguai inventou outro termo, a chamada volta olímpica (esta sim, autêntica) ao festejar ao redor do gramado a conquista que até hoje é equiparada a um título mundial pelos lados de Montevidéu.

Passados 97 anos, uma nova estrela do futebol mundial repetiu o feito em grande estilo – agora sim, em uma Olimpíada. Megan Rapinoe, craque da seleção feminina dos Estados Unidos, marcou um lindo gol de escanteio no jogo que valeu à sua equipe a medalha de bronze dos Jogos de Tóquio, com vitória por 4 a 3 sobre a Austrália, em Kashima. Na comemoração, a engajada atleta eleita a melhor jogadora do mundo em 2019 ergueu o punho direito aos céus, como os “Panteras Negras” John Carlos e Tommie Smith nos Jogos da Cidade do México-1968. O tento, no entanto, fez lembrar mesmo de Cesareo Onzari.



Fonte: Veja Esportes