O Palmeiras está com a faca e o queijo nos pés para despachar o River Plate nesta quarta-feira (24), na casa verde.
Ganhou no Monumental de Núñez com mais de 80 mil torcedores em atuação tão monumental como o estádio portenho, mas, digamos, um Monumental Da Guia, se a rara leitora e o raro leitor entendem.
Estar com os talheres prontos para chegar às semifinais da Libertadores não significa que só falta tomar o cafezinho porque até o dulce de leche está devidamente jantado.
Inexistem jogos fáceis nos torneios continentais, e o River é o River, sempre duro de ser atravessado. Acidentes acontecem, naufrágios, também, o Titanic é prova, mesmo com a evidente superioridade técnica do alviverde, demonstrada à exaustão em primeiro tempo primoroso na capital argentina.
Cautela e caldo de Gallinas, afinal, não fazem mal a ninguém, e o Palmeiras só não pode achar que já ganhou porque um gol de diferença está longe de ser confortável.
O Flamengo também venceu por 2 a 1, no Maracanã flamejante com 72 mil torcedores.
Poderia ter vantagem mais acentuada porque jogou 45 minutos iniciais de sonhos, fraquejou nos finais e acabou vítima de arbitragem desastrosa, para dizer o mínimo —e poupar você de palavrões indignados sobre o assoprador de apito colombiano e seus parceiros de VAR.
Enfrentar o Estudiantes em La Plata é missão para times cascudos, não apenas melhores que os donos da casa, como certamente os rubros-negros são.
Os tempos mudaram para melhor no quesito violência, mas, não à toa, quando o Estudiantes ganhou o tricampeonato seguido da Libertadores em 1968/69/70, o time e seus torcedores eram chamados de Animales de La Plata –que o diga o Milan, em 1969, na disputa da Copa Intercontinental, ou o Grêmio, em 1983, pela Libertadores, vítimas de verdadeiras batalhas campais no antigo estádio do clube.
O Flamengo é favorito, mas terá de ser muito maduro e valente para voltar semifinalista.
Resta o São Paulo –outro tricampeão continental, a exemplo de Palmeiras, Flamengo, Grêmio e Santos–, que luta pelo tetra jamais obtido por clube brasileiro.
Na altitude de 2.850 metros de Quito, o tricolor jogou melhor que a LDU e sofreu o 2 a 0 quando dominava o jogo, disputado em condições desumanas para quem vive ao nível do mar ou próximo disso. Trata-se de problema recorrente e aparentemente insolúvel, há tanto tempo em vigor para quem é levado às alturas na Bolívia, no Peru e no Equador, todos com cidades sem altitude agressiva, nenhum disposto a abrir mão do verdadeiro doping oferecido pela natureza.
Ao São Paulo cabe a missão mais complicada do trio tri de brasileiros. Complicada pero não impossível. Longe disso.
De certa maneira, a situação do time é mais cômoda que a do Flamengo, porque em matéria de guerra enfrentará apenas a de nervos e mostrou como visitante ser superior aos equatorianos.
Claro que precisar de dois gols é diferente de fazê-los no transcorrer normal de uma partida.
Quem sabe Hernán Crespo telefone para Rafael Guanaes, o treinador do fabuloso Mirassol, e pergunte a ele como fazer depois do 3 a 3 com o Botafogo, a maior façanha deste Brasileirão-25, após 0 a 3 no primeiro tempo no Nilton Santos.
Mirassol vai cair? Queimou a língua, colunista!
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Folha de S.Paulo