Neymar, de volta ao Santos, marcou um gol contra a Inter de Limeira, no domingo (23), pelo Campeonato Paulista, em cobrança direta de escanteio.
É o chamado “gol olímpico”. Por que esse nome? Tem relação com os Jogos Olímpicos? Com o antigo estádio do Grêmio, o Olímpico de Porto Alegre?
O nome olímpico para o gol de escanteio surgiu mais de cem anos atrás, na Argentina.
Em partida amistosa em Buenos Aires, no estádio Sportivo Barracas (demolido em 1937) no dia 2 de outubro de 1924, os argentinos ganharam dos uruguaios por 2 a 1.
O primeiro gol da Argentina saiu assim. Em um chute de escanteio, a bola foi direto para o gol. O autor: o ponta Cesáreo Juan Onzari (1903-1960), então com 21 anos.
A rivalidade entre os dois países no futebol já era grande, e os uruguaios eram considerados os melhores do futebol à época, pois tinham ganhado, quando ainda nem existia a Copa do Mundo (a primeira edição ocorreu em 1930), o ouro nos Jogos de Paris-1924.
A camisa do uniforme do Uruguai é azul-celeste, e a seleção uruguaia ficou conhecida como a Celeste Olímpica.
Depois da vitória nesse jogo que não chegou ao fim, pois os uruguaios abandonaram o gramado aos 41 minutos do segundo tempo depois de torcedores rivais atirarem objetos no campo, a maior lembrança na Argentina era do incrível gol de Onzari.
A referência ao tento era “o gol nos [campeões] olímpicos”.
Acabou popularizando-se, entre aficionados do esporte e a imprensa especializada, a forma “gol olímpico” para o gol em cobrança de escanteio.
É um gol raro de ser visto no futebol, assim como o de bicicleta (bastante plástico, originário de uma acrobacia) ou o de calcanhar.
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Messi, 37, e Cristiano Ronaldo, 40, os melhores do século 21 até agora, não fizeram gol olímpico.
Pelé, o maior de todos no futebol, fez uma única vez, em 1973, na goleada do Santos por 4 a 0 sobre o Baltimore em uma excursão do Santos mundo afora, incluindo passagem pelos Estados Unidos.
Nessa partida, o Rei ainda atuou como goleiro, devido à contusão do camisa 1 e à impossibilidade de colocar um reserva.
Outros que marcaram o gol olímpico, entre atletas conhecidos, são o inglês David Beckham, o francês Thierry Henry e a norte-americana Megan Rapinoe.
Em clubes brasileiros, o sérvio Petkovic fez pelo Flamengo, Marcelinho Carioca, pelo Corinthians (ambos mais de uma vez), Éder Aleixo (titular do Brasil na Copa de 1982), pelo Palmeiras. Neto (Craque Neto), hoje apresentador de programa esportivo, anotou tanto pelo Corinthians como pelo São Paulo. São alguns exemplos.
Eu passei pela experiência de ver um gol olímpico, uma única vez, presencialmente.
Foi em 1992, no Pacaembu, pelo Campeonato Brasileiro. Quem marcou, pelo Guarani de Campinas, foi o meia Ailton, campeão brasileiro pelo Grêmio, em 1996, fazendo o gol do título.
Na arena paulistana, Ailton bateu o escanteio da ponta esquerda, com o pé direito. A bola percorreu pelo ar cerca de 30 metros, fazendo a curva, e encobriu o goleiro Zetti, do São Paulo. O Guarani ganhou por 1 a 0.
Qual a sensação de ver um gol olímpico no estádio? Posso responder por mim, e é mais de uma. De espanto (óóóóó!), primeiramente. De falha do goleiro, na sequência (pois a bola parece ser facilmente agarrável). E, por fim, de admiração (um lance notável e fascinante).
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Folha de S.Paulo