Um grave acidente com o nadador argentino Matías Bottoni, 17, marcou a final do Campeonato Nacional de Natação, na piscina do Parque Olímpico, em Villa Soldati (Buenos Aires). O jovem se machucou ao atingir outro nadador durante o aquecimento.
No último sábado (10), ao entrar na piscina no instante em que um outro nadador estava saindo, Bottoni se chocou com o competidor e fraturou uma vértebra cervical, que comprimiu sua medula espinhal.
Seus pais, Luciano e Valéria, expressaram a gravidade da situação, mencionando que os médicos disseram que as próximas horas serão cruciais para a recuperação dele, mas que não há expectativa de que o rapaz volte a andar.
À TV argentina o treinador Gustavo D’Andrea relatou que a colisão foi inesperada e rápida. Ele teria batido com a cabeça nas costas ou na costela de um outro nadador.
“Competíamos na etapa final do nível sênior, um nadador para sair da piscina passou por baixo da raia em que ele ia entrar, ele percebe, tenta se desviar e cai sobre o companheiro, foi tudo muito rápido. Quando se choca, o golpe é tão incomum que quando o tiramos da água já não conseguia mexer as pernas e os braços.”
Após o acidente, Matías foi retirado da piscina e levado ao Hospital Santojanni, onde seu estado foi estabilizado e, em seguida, transferido para o Hospital Italiano para uma cirurgia de emergência.
“Os médicos dizem que ele não vai se recuperar, mas tenho fé. Com a reabilitação, tenho esperança de que ele recupere o máximo possível de mobilidade, não sei se para competir como antes, mas que tenha uma vida normal”, disse D’Andrea.
Ele foi operado com sucesso e permanece em terapia intensiva, já respirando por conta própria, sob acompanhamento médico. Deve permanecer aí até esta quarta-feira (14).
“Foi a primeira operação, o caminho a percorrer é muito longo e esperamos que ele consiga mexer os braços, mas o médico não nos deu esperança para os membros inferiores. Na primeira noite, o relatório de Mati foi crítico e em duas ocasiões ele quase se foi. Quando viu a lesão, o neurocirurgião disse que fazia muito tempo que ela não via algo tão chocante”, disse o pai do nadador a uma rádio da cidade de Rosário.
O outro nadador também se machucou, mas sem gravidade.
Diante dos altos custos da operação, a família e o clube organizaram uma arrecadação, conseguindo reunir 60 milhões de pesos argentinos (R$ 300 mil, na cotação oficial) em menos de 24 horas, com a ajuda da comunidade de natação e amigos.
“Queremos agradecer a todas as pessoas que se juntaram. É impressionante como se espalhou. Não é que ele não precise de mais ajuda, mas queríamos interromper um pouco [a arrecadação] porque não queremos que pensem que estamos tirando vantagem. É tudo para Matías, não é só a parte médica, é a adaptação, a mobilidade e outros desafios que ele terá a longo prazo”, comentou o pai.
O esportista, que competia pelo Gimnasia y Esgrima de Rosario antes de se juntar à equipe do Echesortu FC, era considerado uma promessa da natação argentina. Ele treinava há seis anos e tinha como objetivo se classificar para o Campeonato Sul-Americano Juvenil. Também fez parte da pré-seleção júnior e se juntou às equipes dos Jogos Pan-Americanos Júnior 2025, em Assunção, no Paraguai.
Segundo D’Andrea, além de um nadador competente, Matías é também uma excelente pessoa, disciplinada e responsável. No momento do acidente, o rapaz tinha acabado de garantir vaga na final dos 200 metros borboleta, uma das provas em que se destacava.
Folha de S.Paulo