Morre Hulk Hogan, 71, lenda da luta livre – 24/07/2025 – Esporte


Hulk Hogan, o astro americano dos esportes e do entretenimento que transformou a luta livre profissional em um fenômeno global e apoiou abertamente Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos morreu nesta quinta-feira (24), aos 71 anos. A informação foi confirmada pela WWE (World Wrestling Entertainment).

“A WWE lamenta a notícia do falecimento do membro do Hall da Fama da WWE, Hulk Hogan. Uma das figuras mais reconhecidas da cultura pop, Hogan ajudou a WWE a alcançar reconhecimento global na década de 1980”, disse a WWE no X.

A causa da morte não foi divulgada. Segundo o site TMZ Sports, ele teria sofrido uma parada cardíaca em sua casa em Clearwater, na Flórida.

O gigante loiro platinado e bronzeado cor de mogno se tornou o rosto do wrestling profissional na década de 1980, ajudando a transformar o combate simulado de um espetáculo decadente em um entretenimento familiar avaliado em bilhões de dólares.

Um momento crucial nessa evolução ocorreu no extravagante evento WrestleMania em 1987, quando Hogan ergueu o também lutador André the Giant diante de um Pontiac Silverdome lotado em Michigan para aplicar uma estrondosa queda no rival francês.

Hogan transformou sua fama na luta livre em uma carreira menos bem-sucedida em Hollywood, estrelando filmes como “Rocky 3” e “Santa With Muscles”, mas continuou retornando ao ringue enquanto seu corpo permitia.

Em 2024, ele apareceu na Convenção Nacional Republicana para apoiar a candidatura presidencial de Trump, que nos anos 1980 havia sido anfitrião de WrestleManias encabeçados por Hulk. Hogan disse que tomou a decisão de apoiar o candidato republicano após ver sua reação combativa, com punho erguido, a uma tentativa de assassinato durante a campanha eleitoral.

“Deixe a Trumpamania correr solta, irmão!” Hogan gritou para uma multidão entusiasmada, rasgando sua camisa para revelar uma regata de Trump. “Deixe a Trumpamania governar novamente!”

Tornando-se ‘Hulk’

Nascido Terry Gene Bollea em Augusta, Geórgia, em 11 de agosto de 1953, o futuro Hulk e sua família logo se mudaram para a região de Tampa, Flórida. Após o ensino médio, ele tocou baixo para bandas de rock locais, mas sentiu-se atraído pela fervilhante cena de luta livre na Flórida nos anos 1970.

Muitos detalhes de sua carreira eram exageros do show business, representativos da linha tênue entre realidade e ficção na luta livre.

Seu primeiro treinador supostamente quebrou a perna de Hogan para dissuadi-lo de entrar no negócio, mas ele persistiu na luta livre, no treinamento com pesos e —como admitiu mais tarde— no uso de esteroides anabolizantes. Ele ganhou notoriedade à medida que seus bíceps se transformaram no que ele chamava de “pítons de 24 polegadas”.

O apelido “Hulk” surgiu de comparações com o herói de quadrinhos retratado na TV na época. Ele acabaria pagando royalties à Marvel Comics por anos. “Hogan” foi invenção do promotor Vincent J. McMahon, proprietário da WWF (World Wrestling Federation), que queria representação irlandesa entre suas estrelas.

Sua aparição como o lutador Thunderlips em “Rocky 3”, onde ele fazia o ator principal Sylvester Stallone parecer pequeno, catapultou Hogan para o mainstream. Ao retornar à WWF, agora controlada pelo filho de McMahon, Vincent K., ele derrotou o Iron Sheik em 1984 para reivindicar o campeonato mundial, um cinturão que manteria por quatro anos.

Hogan tornou-se um nome conhecido, aparecendo na capa da revista Sports Illustrated e se apresentando ao lado de estrelas da cultura pop como Mr. T. A WWF passou a dominar a luta livre, ancorada por seus eventos anuais de pay-per-view WrestleMania.

Enfrentando “The Rock”

Mais tarde, ele se juntou à concorrente WCW (World Championship Wrestling), trocando suas características malhas amarelas por pretas e assumindo a persona do vilão “Hollywood” Hogan, líder de um grupo de quebradores de regras conhecido como New World Order. O truque revitalizou sua carreira.

Hogan eventualmente retornou à WWF, agora conhecida como WWE, e enfrentou Dwayne “The Rock” Johnson no WrestleMania, em 2002.

“Estou em melhor forma que ele”, disse Hogan à Reuters na época, cinco meses antes de completar 50 anos. “Ficarei ao lado do The Rock e posarei com ele se ele quiser.” The Rock acabou vencendo a luta.

Hogan foi introduzido duas vezes no Hall da Fama da WWE e se referia a si mesmo como o “Babe Ruth” da luta livre —em referência ao famoso jogador de beisebol do New York Yankees.

Guerra contra mídia

Fora dos ringues e da TV, Hulk Hogan protagonizou uma batalha judicial contra a Gawker Media, grupo americano que reunia sites de notícias.

Uma das páginas publicou em 2012 um vídeo que mostrava o lutador fazendo sexo. O processo dele contra o grupo, patrocinado por um bilionário que havia declarado guerra aos sites, foi encerrado em 2016. A Gawker Media foi condenada a pagar uma indenização de US$ 140 milhões (R$ 773 milhões, na cotação atual) a Hogan. Um acordo acabou sendo feito posteriormente.

A condenação levou o grupo à concordata. O elenco de sites da Gawker, que incluíam o Gizmodo, o Jezebel e o Deadspin, foi vendido à Univision Communications por US$ 135 milhões (R$ 745 milhões, na cotação atual), excetuado o site principal, o Gawker.com, que fechou as portas.

O processo de Hogan representou uma colisão entre a primeira emenda à constituição dos Estados Unidos, que garante a liberdade de expressão e de imprensa, e a 14ª emenda, que protege o direito à privacidade.

O caso e outras questões mais amplas referentes à primeira emenda tornaram-se tema de debate na campanha presidencial de 2016, depois que o então candidato Donald Trump anunciou planos de reformar as leis sobre difamação e facilitar processos contra a mídia.



Folha de S.Paulo