Michael Jordan doa 100 milhões de dólares para combater o racismo


Michael Jordan parece realmente disposto a deixar para trás as críticas do passado por não apoiar a causa negra. Na esteira dos protestos ao redor do mundo pela morte de George Floyd, a lenda do basquete anunciou nesta sexta-feira, 6, que vai doar 100 milhões de dólares (equivalente 480 milhões de reais, pela cotação atual) pelos próximos dez anos a organizações que lutam contra o racismo

Contestado por se abster de discussões sobre política e até mesmo sobre preconceito racial durante sua vitoriosa carreira no Chicago Bulls, Jordan, hoje com 57 anos, vem se posicionando de maneira firme após a morte de Floyd, um ex-segurança negro que foi sufocado na cidade de Minneapolis por um policial branco enquanto estava desarmado e gritando: “Eu não consigo respirar”. 

ASSINE VEJA

Os riscos da escalada de tensão política para a democracia Leia nesta edição: como a crise fragiliza as instituições, os exemplos dos países que começam a sair do isolamento e a batalha judicial da família Weintraub

Clique e Assine

“Vidas negras importam. Este não é um comunicado controverso. Até que o racismo arraigado que permite que as instituições do nosso país falhem em completamente erradica-lo, nós seguiremos comprometidos em proteger e melhorar as vidas das pessoas negras”, diz um dos trechos da nota, compartilhada por sua porta-voz no Twitter.  “Hoje, nós estamos anunciando que Michael Jordan e a Jordan Brand estarão doando 100 milhões de dólares pelos próximos dez anos para organizações dedicadas a garantir a igualdade racial, a justiça social e o maior acesso a educação.”

Na última quarta-feira 3, Jordan já havia se posicionado sobre o assunto. “Estou profundamente triste, dolorido e com raiva. Estou do lado de quem está apontando o caso como racismo e violência contra pessoas negras em nosso país. Já tivemos o bastante. Meus sentimentos para os familiares de George Floyd e para as incontáveis vítimas que tiveram suas vidas retiradas brutalmente em atos de racismo e injustiça”.

Ele pediu união de vozes e bom uso do voto para mudar o sistema racista nos Estados Unidos. “Não tenho as respostas, mas a união de nossas vozes mostra força e incapacidade de sermos divididos por outros. Precisamos ouvir uns aos outros, mostrar compaixão, ter empatia e nunca virar as costas para brutalidades sem sentido. Precisamos continuar nos expressando pacificamente contra a injustiça e exigir responsabilidade. Nossa voz unificada precisa pressionar nossos líderes para mudar as leis, além de usar nossos votos para criar mudanças no sistema. Cada um de nós precisa fazer parte da solução e devemos trabalhar juntos para garantir justiça para todos”, finalizou Jordan.

Quando exibia seu talento fora do comum nas quadras da NBA, Jordan preferia não se envolver em discussões políticas e raciais, apesar de ter crescido em Wilmington, na Carolina do Norte, cidade com predominância branca de mais de 70% e registros de tensões raciais.

Continua após a publicidade

O documentário Arremesso Final (The Last Dance, Netflix, 2020), que retrata o último ano da dinastia do Chicago Bulls, mostra quando Jordan foi duramente criticado pela comunidade negra por não ter apoiado a candidatura de Harvey Gantt para o Senado. Gantt seria o primeiro negro a representar a Carolina do Norte no Senado, mas perdeu as eleições de 1990 e 1996 para Jesse Helms, republicano acusado diversas vezes de racismo durante suas campanhas. “Republicanos também compram tênis”, justificou Jordan, à época.

A mente de empresário de Jordan sempre falou alto durante sua carreira. O sucesso no ramo se consolidaria ainda mais depois de sua aposentadoria. A famosa linha Jordan, em parceria com a Nike, de artigos esportivos e a compra do Charlotte Hornets, outra equipe da NBA, são as fatias majoritárias da fortuna de Jordan, estimada em mais de 2,1 bilhões de dólares (11,2 bilhões de reais). Segundo a Forbes, ele é o único atleta bilionário da história.

A carreira de empresário afastou Jordan de movimentos sociais, que hoje são ferrenhamente defendidos pelos atuais astros da NBA, como LeBron James. O ex-jogador do Chicago Bulls, porém, começou a deixar o silêncio de lado em 2016, quando um atirador matou cinco policias em Dallas, alegando estar cansado da violência contra negros. À época, Jordan doou 1 milhão de dólares para a polícia e 1 milhão para uma empresa de advocacia que luta pela igualdade racial.

“Como um pai que perdeu seu próprio pai em um ato sem sentido de violência e como um homem negro, fiquei profundamente perturbado com a morte de afro-americanos nas mãos de policiais e com raiva do ato covarde de atacar e matar policiais. Não posso mais ficar quieto”, escreveu Jordan, na ocasião.

Continua após a publicidade





Fonte: Veja Esportes