Jogadora é levantadora e está à espera de Emanuel
Priscila Heldes tem 33 anos e joga vôlei desde os 11. Grávida de 6 meses, do primeiro filho, a jogadora titular do Fluminense conversou com o Portal iG.
A atleta falou sobre o medo que sentiu quando descobriu a gestação, os cuidados que precisou adotar em treinos e jogos para proteger a barriga, os planos para a chegada do Emanuel e o desejo de continuar nas quadras assim que retornar da licença-maternidade.
No jogo contra o Sesi Bauru, no último dia 10, a levantadora do clube carioca recebeu inúmeras mensagens de apoio e carinho dos fãs e torcedores, que elogiaram a performance da atleta com a barriguinha de 6 meses.
Por outro lado, as críticas recebidas, por decidir em não interromper a carreira por conta da maternidade, assustaram um pouco a levantadora. “Me espantei um pouco com a repercussão, até porque quem acompanha o vôlei já sabia que eu estava na ativa durante toda a gestação. Mas neste último jogo, contra o Sesi Bauru, estourei a bolha. A repercussão enorme me deixou um pouco assustada. A preocupação das pessoas era que eu levasse bolada na barriga ou caísse de barriga pra baixo. Eu tenho uma criança aqui dentro, eu controlo todos os meus movimentos”‘, disse a jogadora.
Priscila, em jogo do Fluminense pela Superliga
À reportagem do iG, Priscila conta que a “quebra de tabu” por não ter pausado a carreira para se dedicar somente à gestação ainda precisa ser compreendida. Ela diz que não é porque a mulher engravidou que se decreta o fim de uma carreira. “Precisamos quebrar esse tabu e entender que a gestação não vai acabar com a nossa profissão e nem com a carreira. Os clubes agora podem dar um suporte maior para as atletas, e avaliar se a jogadora está saudável, e claro, com suporte médico e psicológico. Toda mulher que decide ter uma gestação ativa, infelizmente, sofre criticas. Ainda existe a mentalidade que gravidez é sinônimo de repouso”, conta.
Sobre a relação com o clube e as colegas de time, a levantadora conta que recebeu muito apoio ao decidir compartilhar a notícia. “As jogadoras me deram um super apoio, foi incrível. Além dos médicos do clube à minha disposição, minha obstetra acompanhou tudo no paralelo. As meninas cuidando de mim dentro e fora das quadras, foi maravilhoso ver toda essa ajuda. Me senti segura e confortável para dar continuidade”, disse.
O médico do Fluminense, Leonardo Viceconte, disse ao iG que um trabalho multidisciplinar colabora para que as atletas possam ter apoio dentro e fora de quadra, e não desistam ao descobrir uma gravidez. “As atletas profissionais já trabalham os fundamentos do esporte, no caso do vôlei, desde a infância. Então, até como vai cair em quadra, a jogadora já está preparada. No caso da gestante, óbvio, só tomar cuidados redobrados. Tem o peso da barriga, e os cuidados ficam mais intensivos. A gestação por si só não contraindica, muito pelo contrário, a gestante precisa fazer atividade física. Sendentarismo predispõe a uma série de doenças como diabetes e pressão alta”.
Apoio da família
“Meu marido foi maravilhoso, fundamental ter o apoio dele. Até brinquei com ele: se ele tivesse preocupado por mim, que resolvesse na terapia”, comenta, brincando com a situação. Priscila é casada com o jogador de basquete, Wesley Castro, que joga pelo Sesi Franca.
Priscila em ação pelo Fluminense
Ainda sobre os apoios de amigos e familiares, a levantadora do Fluminense diz que é natural sentir medo de vez em quando, e que o sentimento fornece proteção em vários sentidos. “Tive todo o cuidado para continuar a gestação na ativa para defender o Flu durante toda a temporada. Conhecia todos os espaços da quadra, super segura nas ações. Acidentes podem acontecer, claro, mas não necessariamente dentro das quadras. É natural sentir medo, mas não deixei me controlar por essa sensação”.
Mamãe de primeira viagem
“A minha experiência, depois que descobri a gestação, foi o meu melhor momento dentro de quadra. Tá vindo aí o Emanuel, e ele já tá famoso. Ele vai saber de tudo o que vivemos juntos em quadra. Guardei jogos e fotos. Foi muito mágico. Amo o vôlei e a gente dá conta. Super possível manter as duas coisas”, disse.
A atleta falou, também, sobre o medo que sentiu no começo. Além dos cuidados que precisou adotar em treinos e jogos, como não cair de barriga e evitar trombos com as outras atletas, além de não aumentar a carga na academia. “Cair de barriga foi, de longe, a maior preocupação das pessoas quando me viram jogando grávida. Eu sei cair, eu sei usar estratégias para evitar quedas e proteger a barriga”.
Priscila Heldes diz que agora o foco total é a gestação, após a eliminação do Fluminense na Superliga. “Agora é esperar o meu bebê chegar, eu quero apresentar esse mundão pra ele. Tá sendo incrivel, é um amor de Deus muito próximo. Sentimentos e sensações, tô curtindo a cada momento”, finalizou.
Portal IG