Julgamento pela morte de Maradona começa na Argentina – 11/03/2025 – Esporte


Quatro anos após a morte de Diego Maradona (1960-2020), começou nesta terça-feira (11), na Argentina, o julgamento de sete profissionais de saúde para determinar suas responsabilidades na morte da lenda do futebol.

Essa primeira audiência começou pouco antes das 11h locais (mesmo horário em Brasília) nos tribunais da localidade de San Isidro, uma cidade satélite ao norte de Buenos Aires. Espera-se que o julgamento durante ao menos até julho, com mais de 120 testemunhas citadas.

Os acusados são o neurocirurgião Leopoldo Luciano Luque, a psiquiatra Agustina Cosachov, o psicólogo Carlos Ángel Díaz, a médica coordenadora Nancy Forlini, o coordenador de enfermeiros Mariano Perroni, o médico clínico Pedro Pablo Di Spagna e o enfermeiro Ricardo Omar Almirón.

Segundo o promotor Patricio Ferrari, no início da audiência, os réus “aumentaram o risco permitido, o que poderia causar a morte de Maradona, um resultado que eles imaginaram e ao qual foram absolutamente indiferentes”.

O Ministério Público definiu a internação domiciliar como “temerária, deficiente e sem precedentes”.

“Nenhum tipo de protocolo foi seguido”, expôs o promotor que definiu o local como “um teatro do horror”.

Durante a audiência foi exibida uma fotografia de Maradona deitado e com seu corpo visivelmente inchado.

“Era eloquente o seu estado”, destacou Ferrari ao considerar que os profissionais da saúde que deveriam atendê-lo “o condenaram ao esquecimento nessa casa de Tigre e deliberadamente e com crueldade, decidiram que morreria. Tudo isso vai ser provado no julgamento”.

Uma oitava ré, a enfermeira Dahiana Gisela Madrid, será julgada separadamente ao final deste processo, submetida a júri a pedido de sua defesa.

A acusação do Ministério Público se baseia, entre outras provas, em um boletim médico de meados de 2021 em que se concluiu que o tratamento de Maradona foi “inadequado, deficiente e temerário”

Os cinco filhos de Maradona e as irmãs do jogador são os autores do processo.

As atitudes

Os réus negam qualquer responsabilidade pela morte da lenda do futebol mundial com base em sua própria especialidade ou tarefa segmentada.

O advogado Vadim Mischanchuk, defensor da psquiatra Cosachov, declarou à AFP que estava “muito otimista em relação à absolvição”.

“Minha cliente estava cuidando da saúde mental de Maradona, mas ele morreu por um evento cardíaco, por isso, de forma alguma (ela) deveria estar nesse julgamento”, disse.

A família de Maradona foca nos áudios e mensagens escritas que foram vazadas no início da investigação, segundo os quais “ficou claro que eles [a equipe médica] sabiam que Diego estava assim, ia morrer”, disse Mario Mario Baudry, advogado dos familiares de Maradona.

Dalma e Gianinna Maradona pediram repetidamente nas redes sociais “justiça” por seu pai, um pedido ao qual se somaram milhares de argentinos. Entraram no tribunal sem dar declarações.

Verónica Ojeda, ex-companheira de Maradona e mãe de seu filho mais novo, Diego de 11 anos, antes de entrar nos tribunais lhes agradeceu entre lágrimas sua presença.

“Justiça para Diego!”, proclamam pichações no bairro de La Paternal, em Buenos Aires, onde Maradona começou como jogador de futebol no Argentinos Juniors.

“Merecemos ter justiça e saber realmente o que aconteceu, quem o abandonou e quem tem que pagar”, disse Hilda Pereira, uma aposentada, na véspera do julgamento. “Ele não merecia morrer assim, sozinho, isso é muito triste”, acrescentou.



Folha de S.Paulo