Jogadores na Europa reagem a aumento de jogos – 19/09/2024 – Esporte


Denúncias e ameaças de greve. Os jogadores de futebol e seus representantes, com estudos que os respaldam, tomaram a iniciativa de tentar frear o aumento das partidas no calendário internacional. As críticas são direcionadas à Fifa por não ter levado em consideração a saúde dos atletas.

Nesta semana, o meio-campista espanhol Rodri, do Manchester City, levantou a voz, questionado a possibilidade de uma greve de jogadores: “Sim, acredito que estamos perto.”

“Se você perguntar a qualquer jogador, ele dirá que é uma opinião geral entre os jogadores, não é apenas a opinião de Rodri. Se isso continuar assim, chegaremos a um ponto em que não teremos outra opção”, disse sobre a possível greve.

Muitos jogadores consideram o calendário insustentável. Rodri, por exemplo, disputou cerca de 60 jogos na última temporada entre o City e a seleção espanhola, com a qual venceu a Eurocopa, mas terminou lesionado.

Segundo ele, o calendário é excessivo. “Temos que cuidar de nós mesmos, somos os protagonistas deste esporte, ou deste negócio, como preferirem chamar.”

No início de setembro, o zagueiro francês Dayot Upamecano expressou uma opinião semelhante. “Os espectadores querem um belo espetáculo, mas é complicado produzi-lo com todos esses jogos.”

“Espero que [as entidades que dirigem o futebol] entendam um dia que estamos jogando muitos jogos, o que causa lesões, tivemos duas lesões na seleção [francesa] e, se não mudar, teremos mais”, continuou.

Outros atores importantes, como o capitão do Real Madrid, Dani Carvajal, e seu treinador, Carlo Ancelotti, o goleiro brasileiro do Liverpool, Alisson, ou o técnico da seleção francesa, Didier Deschamps, também lamentaram que os jogadores não sejam levados em consideração na elaboração do calendário.

Diante dessa situação, a FifPro (federação internacional dos sindicatos de jogadores de futebol) apresentou uma denúncia contra a Fifa em junho, depois que a federação internacional estabeleceu unilateralmente um calendário que incluía a criação da Copa do Mundo de Clubes.

Novo torneio de clubes

No centro do conflito, este torneio de 32 equipes que acontecerá no próximo verão boreal nos Estados Unidos, que, somado aos já existentes, cria “um calendário internacional além da saturação, insuportável para as ligas nacionais e perigoso para a saúde dos jogadores”, classificou na quarta-feira (18) a FifPro Europe e a associação das ligas.

Ambas entidades apresentarão uma queixa contra a Fifa à Comissão Europeia em 14 de outubro, com base no direito à concorrência, uma vez que as diferentes ligas europeias consideram que a proliferação de competições internacionais prejudica o apelo dos campeonatos domésticos.

“Está confirmado que um jogador que joga mais de 55 jogos por ano perde intensidade física e está mais exposto a lesões físicas e ao cansaço mental”, explicou David Terrier, presidente da FifPro Europe.

Em resposta a essas denúncias, a Fifa citou um estudo do CIES (Centro Internacional de Estudos do Esporte) explicando que “os clubes não disputam mais jogos por temporada, o que vai contra a crença de um calendário cada vez mais carregado”.

De 2012 a 2024, “o número médio de jogos por clube e por temporada permaneceu estável, ligeiramente acima de 40. Apenas 5% das equipes disputam em média mais de 60 jogos por temporada (sem incluir amistosos)”, esclareceu esse estudo independente.



Folha de S.Paulo