Em um dia de despedidas, o Liebherr Ochsenhausen, time de Hugo Calderano, conquistou a Bundesliga pela quinta vez em sua história ao superar neste domingo (15), por 3 a 2, o tradicional Borussia Düsseldorf.
A equipe do brasileiro confirmou o favoritismo, já que havia vencido o rival em duas oportunidades na fase classificatória, e deu a Timo Boll, uma lenda do tênis de mesa, um adeus amargo à sua carreira profissional.
Calderano, inclusive, derrotou o alemão na partida de abertura da final. O atual número 3 do ranking mundial dominou os dois primeiros games, perdeu o terceiro e o quarto e venceu a parcial final por 11 a 9, em uma disputa eletrizante, na qual Boll mostrou, aos 44 anos, por que construiu uma trajetória longeva e brilhante.
Antes mesmo de o jogo começar, o mesa-tenista alemão recebeu uma ovação, com os 5.000 torcedores na arena Süwag Energie, em Frankfurt, de pé, uma homenagem merecida a um jogador que será lembrado não só pela qualidade técnica, mas também pela personalidade amistosa, o bom humor e a faixinha na cabeça.
Ele voltou à mesa na partida decisiva, de duplas, depois de o embate chegar a 2 a 2: o francês Simon Gauzy, companheiro de Calderano, perdeu para Dang Qiu, que também venceu o brasileiro quando a final marcava 2 a 1 para Ochsenhausen. Antes, o japonês Shunsuke Togami havia superado o sueco Anton Kallberg, com tranquilidade. No jogo final, Gauzy e Togami ganharam de Boll e Kallberg por 3 a 0 e garantiram o título.
Agora, Boll, ex-líder do ranking mundial, em 2003 e 2018, vencedor de quatro medalhas olímpicas —duas de prata e duas de bronze— e presente em 8 das 34 taças do Borussia na Bundesliga, termina sua carreira de forma integral, uma vez que já havia deixado de disputar eventos internacionais depois dos Jogos de Paris.
A derrota é ainda mais dolorosa porque sua equipe também perdeu, no início do mês, a final da Champions League para o Saarbrücken, clube que na próxima temporada terá entre os seus atletas Fan Zhendong, atual campeão olímpico. O chinês surpreendeu os fãs após Paris ao anunciar que não disputaria mais eventos do WTT e deu a entender que se aposentaria, mas retornou à liga chinesa e agora assinou com o time alemão.
A taça da Bundesliga marca ainda as despedidas de Calderano e Gauzy do Ochsenhausen. O brasileiro sai depois de nove temporadas em duas passagens, e o francês, após 12 anos no clube —ele vai voltar ao seu país, hoje dominado pelos irmãos Felix, 18, e Alexis Lebrun, 21. Já Calderano ainda não definiu seus planos pós-Ochsenhausen, com a possibilidade de se dedicar apenas aos eventos internacionais do WTT.
A equipe alemã ainda contará com um brasileiro, o paulista Leonardo Iizuka, 19, que também participou da campanha do título, ainda que não tenha jogado a final. Ele e o português Tiago Abiodun completam o time.
A temporada que termina com a saída de seus dois principais atletas foi incrível para o Ochsenhausen, que também venceu a Copa da Alemanha. Para Calderano, ganhar a Bundesliga pela segunda vez coroa a boa fase que vive. O brasileiro chocou a modalidade ao vencer a Copa do Mundo e chegar ao vice-campeonato no Mundial, levando assim a primeira medalha na história do torneio para um jogador do Hemisfério Sul.
Na Bundesliga, Calderano desfilou e perdeu apenas duas das 22 partidas que disputou nesta temporada da liga alemã. Foi, de longe, o motor do time e o principal responsável pelo Ochsenhausen se sagrar campeão.
Folha de S.Paulo