Os quatro brasileiros classificados para as oitavas de finais merecem elogios. Porém nenhum dos quatro venceu seu último jogo na primeira fase. Palmeiras e Flamengo empataram com adversários americanos, o Fluminense empatou com uma equipe africana, e o Botafogo foi derrotado pelo Atlético e Madrid. Seriam sinais de queda técnica? Veremos.
Das grandes equipes europeias, apenas o Atlético de Madrid, que nunca é favorito para ganhar um título europeu, não se classificou para as oitavas de final. A goleada sofrida para o PSG foi decisiva.
Flamengo e Bayern de Munique devem fazer um jogo equilibrado. As duas equipes se destacam pelo controle da bola, com aproximação e troca de passes, e por ser bastante ofensivas. Podem ocorrer muitos gols. O time alemão joga com a defesa muito adiantada, e os defensores são grandes e lentos. O Flamengo pode aproveitar com passes nas costas dos zagueiros para os rápidos atacantes Bruno Henrique e Luiz Araújo.
Por outro lado, o Bayern fica muito com a bola, troca muitos passes no campo adversário até alguém se infiltrar e finalizar. O Bayern possui um meio-campista fora de série, um craque (Kimmich). Os pontas são rápidos, dribladores. O excepcional centroavante Kane se movimenta bastante e costuma receber a bola entre o meio-campo e a defesa para dar passes decisivos. O Flamengo terá que ser mais compacto. Musiala, meia centralizado, tem feito muita falta. Ele tem sido substituído pelo veterano Müller, que foi um grande jogador e é hoje cada dia mais discreto.
O Fluminense tem menos chances de ganhar da Inter de Milão do que o Flamengo de vencer o Bayern. A Inter melhorou bastante no último jogo. Atua com três zagueiros, com dois alas que avançam bastante, e usa muito as transições rápidas da bola da defesa para o ataque. Fábio, Thiago Silva e Arias têm brilhado. Keno, excelente driblador, entra no segundo tempo e melhora a equipe. Imagino que Renato Gaúcho considere importante que ele entre depois, contra uma defesa mais cansada. O técnico fazia o mesmo com Ferreirinha no Grêmio. Os melhores deveriam entrar desde o início.
Real Madrid e Manchester City brilharam na última rodada. O City, na goleada sobre a Juventus por 5 a 2, voltou a atuar como nos seus melhores momentos com a volta do meio-campista Rodri. Ele controla a bola e o jogo. É a ponte entre a defesa e o ataque, sempre com ótimas escolhas e passes precisos. O City vai enfrentar o Al Hilal.
Na vitória do Real Madrid sobre o Salzburg, por 3 a 0, Vinicius Junior foi o grande destaque. O novo técnico do Real, Xabi Alonso, organizou o time como fez com grande sucesso no Bayern Leverkusen, com três zagueiros, dois alas, três no meio-campo e dois atacantes (Vini e García). Mbappé está em recuperação de uma gastroenterite e talvez atue contra a Juventus.
Após a fase de grupos, está na hora de a onça beber água. Por mais que nós comentaristas valorizemos o desempenho das equipes, as análises são geralmente baseadas em resultados. Nem sempre o que joga de maneira melhor vence, ainda mais em uma única partida decisiva. O futebol tem várias lógicas que se cruzam. Os times que encantam, vencem e ganham títulos são os reverenciados eternamente pela história.
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Folha de S.Paulo
