Haja vigor para brilhar na Bundesliga com Brasil em baixa – 24/08/2025 – O Mundo É uma Bola


Participei três dias atrás de uma entrevista com o ex-atacante Jürgen Klinsmann, 61, a quem admirava muito quando adolescente e um dos destaques da Alemanha na conquista da Copa do Mundo da Itália, em 1990. Foi um artilheiro explosivo e vibrante.

O tema central da conferência de imprensa era a Bundesliga 2025-2026, o Campeonato Alemão, que daria a largada na sexta-feira (22).

Na minha vez de perguntar, apresentei-me e indaguei: “Você sabe quem são os brasileiros que estarão jogando neste ano na Bundesliga? O que pode dizer sobre eles?”.

“Me ajude, Luís. Quem está jogando na Alemanha?”, disse Klinsmann, que depois que parou de jogar iniciou a carreira de treinador (seleções de Alemanha, EUA, Coreia do Sul) e hoje é um dos integrantes do Grupo de Estudos Técnicos da Fifa.

O desconhecimento de Klinsmann mostra o quão em baixa está o Brasil na Bundesliga.

O país teve grandes jogadores atuando na liga germânica, como o zagueiro Lúcio, campeão mundial com o Brasil em 2002, o volante-lateral Zé Roberto, os atacantes Élber, Paulo Sérgio, Amoroso e Douglas Costa, o meia Diego Ribas, o meia-atacante Philippe Coutinho, todos com passagens pela seleção brasileira.

Atualmente, reina o ocaso. São nove os brasucas em equipes da elite da Alemanha: Kauã Santos, Yan Couto, Arthur Augusto, Arthur Chaves, Bernardo, Rogério, Vini Souza, Leo Scienza e Rômulo.

Na Premier League (Inglaterra), jogam mais de 30 brasileiros, com vários sendo convocados nos últimos anos para a seleção, casos de Alison, Ederson, Gabriel Magalhães, Casemiro, Bruno Guimarães, Andreas Pereira, Joelinton, João Pedro, Matheus Cunha, Savinho, Gabriel Jesus, Gabriel Martinelli, Richarlison.

Dentre os representantes do Brasil na Bundesliga, talvez você conheça o lateral direito Yan Couto. Os outros, só se for um fanático pelo campeonato, até porque nem todos são titulares.

“Tem o Rômulo, recém-contratado pelo RB Leipzig para substituir Sesko, ser o homem de referência no ataque”, eu disse a Klinsmann, mencionando o recente reforço do clube.

“Nunca o vi jogar. Há muita movimentação de jogadores que vêm da América do Sul para a Europa, não é fácil acompanhar todos eles”, comentou, em uma resposta não condizente com a realidade.

O paranaense Rômulo, 23, que atuou no time principal do Athletico-PR de 2021 a 2023, vinha jogando pelo Göztepe, da Turquia, desde o começo de 2024. Ele não foi da América do Sul para a Europa agora, está lá faz tempo.

Foi na primeira divisão da Turquia que Rômulo se destacou, marcando 17 gols e dando 10 assistências na temporada 2024-2025, somando Campeonato Turco e Copa da Turquia.

O Leipzig, que negociou o centroavante esloveno Sesko, 22, com o Manchester United por 77 milhões de euros (R$ 489 milhões), pagou 20 milhões de euros (R$ 127 milhões) por Rômulo, tornando-o a terceira transação mais cara de um brasileiro na Bundesliga, atrás de Douglas Costa (30 milhões de euros, em 2015, do ucraniano Shakhtar para o Bayern) e de Yan Couto (25 milhões de euros, neste ano, do Manchester City para o Borussia Dortmund).

De similar com Sesko (1,95 m), Rômulo (1,93 m) tem a altura, mas seu estilo é diferente, já que gosta de sair bastante da área para participar do jogo. Ele disse, em entrevista a jornalistas brasileiros da qual eu participei, que acha seu futebol similar ao de Pedro, do Flamengo.

Em seu site, na reportagem que apresenta o brasileiro aos torcedores, o Leipzig titula assim: “Um atacante dinâmico do Brasil: conheça Rômulo”.

Na estreia na Bundesliga, diante do favoritaço Bayern na sexta, Rômulo, vestindo a camisa 40, começou na reserva. Entrou no intervalo, com 3 a 0 contra. Pouco fez e viu o inglês Harry Kane marcar três gols para fechar o placar em um “vira três, acaba seis”, à la jogo de prédio.

Rômulo tem um longo e árduo caminho para trilhar na Alemanha. Precisará de dinamismo em doses cavalares para não ser apenas mais um brasileiro que por lá esteve, de cinco anos para cá –o último digno de menção é Coutinho, em 2020, no Bayern–, sem ser lembrado.



Folha de S.Paulo