Gui Santos se vê como esperança de mais brasileiros na NBA – 10/06/2025 – Esporte


Único brasileiro na NBA, o ala Gui Santos, 22, diz acreditar que sua participação na melhor liga de basquete do mundo seja fonte de inspiração para que mais atletas do país alcancem esse sonho.

Jogadores brasileiros já construíram história nos Estados Unidos, inclusive conquistando títulos, como Tiago Splitter e Leandrinho. Nenê e Anderson Varejão também tiveram longa participação na liga, até a virada para a atual década. Depois deles, no entanto, poucos encontraram longevidade no basquete norte-americano.

Gui foi a 55ª escolha do Draft de 2022. Nessa posição no sistema de recrutamento de calouros, não havia a garantia de um contrato com a equipe principal. O brasileiro passou pelo Santa Cruz Warriors, parte da G-League (liga de desenvolvimento da NBA), até assinar um novo vínculo no ano seguinte.

Hoje, tem a oportunidade de evoluir ao lado de companheiros que certamente estarão no Hall da Fama do basquete, casos de Stephen Curry, Draymond Green e Jimmy Butler, sob o comando do técnico multicampeão Steve Kerr.

Essa trajetória, embora com dificuldades, traz para ele uma tranquilidade e uma mensagem para outros atletas que sonham com uma vaga na elite do basquete mundial.

“Eu me sinto tranquilo com ser o único brasileiro da NBA. Na verdade, vejo como uma inspiração, porque o sonho de todos que jogam basquete é chegar lá. Eu estando ali, sendo o único brasileiro na liga no momento, mantenho essa esperança de que isso é alcançável. Eu levo mais para esse lado, de ser uma inspiração para a molecada”, afirmou Santos à Folha.

Nesta temporada, por exemplo, o brasileiro viveu seu melhor momento, apesar da eliminação nas semifinais da Conferência Oeste para o Minnesota Timberwolves. Foram 56 partidas na temporada regular, com médias de 4,1 pontos, 3,1 rebotes e 1,4 assistências, com 13,6 minutos por jogo. Nos “playoffs”, atuou em dez partidas.

“Depois de janeiro, tive oportunidades e fui entrando bem. Foi um bom ano, pude mostrar quanto eu posso ajudar no futuro. Deixou aquela pulguinha atrás da orelha sobre a importância que posso ter para o time”, disse.

A sensação do brasileiro é que os Warriors poderiam ter feito ainda mais não fosse uma lesão de Stephen Curry na primeira partida contra o Timberwolves, vencida pela equipe fora de casa, no Target Center, em Minneapolis.

“A gente ficou com esse sentimento de que poderia ter ido mais longe, de que poderia ter feito mais, se o Curry não tivesse machucado. Eu até serei ousado de falar que tenho quase certeza de que a gente iria para a final. Se a gente o tivesse ali, teria tomado um rumo totalmente diferente”, declarou, observando a competitividade de seus principais colegas.

“Eles querem ganhar tudo a qualquer momento. É o maior ensinamento que eu tirei, sempre ter vontade de ganhar. O Steve é um cara muito tranquilo, que dispensa comentários, porque ele parece ser mais um jogador que está comandando as substituições. Ele explica quando você joga ou não joga, deixa tudo sempre bem claro”, contou.

Antes mesmo de chegar à NBA, Santos deu um jeito de fazer as coisas acontecem. Ele se profissionalizou aos 16 anos, no Minas Tênis Clube, e disputou as Olimpíadas de Paris pela seleção no ano passado.

“Várias vezes eu vendi rifa, vendi doce, vendi um monte de coisa para tentar levantar uma grana para conseguir viajar. É que eu vim de uma família humilde. Não era uma família em que faltava as coisas, não, a gente sempre tinha tinha o básico, mas a gente nunca pôde esbanjar. Era o que podia fazer na época e era até legal. Não tiraria isso da minha carreira de jeito nenhum, porque, se não fosse isso, eu não teria a humildade e a visão que tenho hoje.”

Oklahoma City Thunder e Indiana Pacers disputam as finais. A melhor de sete partidas está empatada em 1 a 1.

“Entre o Oklahoma e o Indiana, eu fico com o Oklahoma, porque eu acho que eles têm um time mais completo. O time do Indiana é muito bom, mas a equipe do Oklahoma é muito nova, e os moleques têm muita energia. Os moleques estão sempre prontos ali para o que der e vier. Eu confio que o time de Oklahoma vai ser campeão desta temporada.”



Folha de S.Paulo