“Chegamos com 1%.”
Essa é a chance que o espanhol Pep Guardiola, treinador do Manchester City, avalia que seu time tem diante do Real Madrid no jogo de volta, no estádio Santiago Bernabéu, pelos playoffs da Champions League.
Sem conseguir a classificação direta para as oitavas de final da Liga dos Campeões da Europa após tropeços na fase de grupo único, o atual campeão espanhol e o atual tetracampeão inglês foram emparelhados, via sorteio, em um mata-mata para tentar chegar lá.
É o duelo de maior interesse dos oito desta etapa, já que o Real é o maior ganhador da Champions (15 vezes, incluindo em 2024) e o Man City, com Guardiola, venceu a competição pela primeira vez, em 2023.
Nesse ano, o do título inédito, obtido diante da Inter de Milão na final, o Man City eliminou o Real na semifinal, com uma goleada por 4 a 0 em Manchester depois de empate por 1 a 1 em Madri.
A diferença agora é que quem decide em casa, nesta quarta (19), são os comandados do italiano Carlo Ancelotti. Isso depois de o Man City ter levado uma virada na partida de ida, sofrendo dois gols no fim e sucumbindo por 3 a 2.
O fator moral contribui para que o Real tenha favoritismo?
Certamente, apesar de que, no fim de semana, quem apresentou um futebol convincente foi o Man City, que goleou por 4 a 0 o bom time do Newcastle no Inglês, enquanto Vini Jr., Mbappé e companhia só empataram com o medíocre Osasuna (1 a 1), o que resultou na perda da liderança no Espanhol.
E, convenhamos, dar 1% de chance para uma equipe que tem atletas gabaritados (Haaland, De Bruyne, Foden, Bernardo Silva, Savinho, Gvardiol, Ederson) é ou um discurso demasiado derrotista ou uma estratégia esperta para jogar toda a responsabilidade de classificação para o adversário.
A história recente, de dez anos para cá, mostra que o Real, mesmo sendo fortíssimo em seus domínios, amargou duas eliminações da Champions jogando no Santiago Bernabéu.
A primeira aconteceu em 2015. Com um time que tinha Buffon, Tevez, Pirlo e Bonucci, a Juventus venceu em Turim por 2 a 1 e resistiu em Madri ao Real de Cristiano Ronaldo, arrancando um 1 a 1 e avançando à final, na qual perdeu do Barcelona de Messi e Neymar.
Em 2019, nas oitavas de final, depois de ter saído de Amsterdã com um 2 a 1 sobre o Ajax, o Real, com Vini Jr., Benzema, Kroos e Modric, relaxou na volta e levou um sonoro 4 a 1 dos holandeses, liderados pelo sérvio Tadic.
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Considerando esse período, o Real decidiu mata-matas em Madri 17 vezes. Classificou-se em 15 delas, foi eliminado em duas. Um desempenho estupendo, mas que não chega a 99% de sucesso –é de 88%.
Considerando-se esse histórico, o Man City tem 12% de chance de sobreviver no Santiago Bernabéu, e não o irrisório 1% exposto por Guardiola.
Há outros alentos para o visitante inglês. Nesta Champions, o Real já perdeu como mandante, 3 a 1 para o Milan, que está longe de ser portentoso ofensivamente. E, pelo Espanhol, nesta temporada, o Barcelona aplicou um 4 a 0 nos merengues na capital espanhola.
Ao Man City basta ganhar por um gol de diferença para provocar uma prorrogação.
Difícil é, mas também é totalmente exagerado classificar o desafio como uma situação trágica, com a fala “chegamos com 1%”, quando ela é perfeitamente contornável.
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Folha de S.Paulo