Gerson revê lances de Flamengo x Bahia e reafirma acusação: ‘Não sou nenhum palhaço’


Além de comentar a atuação do time, o volante voltou a denunciar o colombiano Índio Ramírez de ter praticado racismo

RJ – FLAMENGO/BAHIA – ESPORTES – Gerson durante Flamengo x Bahia, partida válida pelo Campeonato Brasileiro, realizada no estádio Maracanã, localizado na cidade do Rio de Janeiro (RJ), neste domingo (20). 20/12/2020 – Foto: NAYRA HALM/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDOGerson, do Flamengo, durante partida contra o Bahia, pelo Brasileirão

O meio-campista Gerson, do Flamengo, concedeu entrevista à TV do clube na tarde desta quarta-feira, 23, e reviu alguns lances da vitória contra o Bahia, no último domingo, pelo Campeonato Brasileiro. Além de comentar a atuação do time, o volante voltou a acusar o colombiano Índio Ramírez de ter praticado racismo. Segundo o jogador do Rubro-Negro, ele não faria uma denúncia desta sem motivos. “Eu sou um dos que menos gosto de dar entrevista, não gosto de aparecer muito. Eu não ia aparecer na televisão e fazer uma acusação dessas… não sou nenhum palhaço. E depois ainda provariam que era mentira. Minha filha e família iam me ver como mentiroso? Não preciso de mídia. Eu tenho que aparecer é no campo. Sobre quem fez deboche, não tenho nem o que dizer”, disse Gerson à TV do Flamengo.

“Noite ruim, eu nunca tinha sofrido ato racista. Quando sofre na pele, é pior ainda. Nunca vou esquecer esse dia. Mas as medidas já foram tomadas. Não sei qual a diferença que as pessoas veem de uma para outra. Quando se machuca, qual é a cor do sangue? Não sei o motivo de o mundo em que vivemos ter essas coisas. É muito triste. Não vai ser isso que vai me desanimar. Quero ser uma voz ativa no mundo”, completou o meio-campista, que compareceu à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) do Rio de Janeiro na terça-feira, 22, acompanhado pelo vice geral e jurídico do clube, Rodrigo Dunshee de Abranches, pelo advogado Rômulo Holanda, além de seu pai, Marcão, que também é seu empresário.

O inquérito sobre o caso foi aberto na segunda-feira. Os dois atletas, além do técnico Mano Menezes e o árbitro da partida, Flávio Rodrigues de Souza, foram intimados a dar depoimento presencial sobre o episódio. Gerson foi o primeiro a ser ouvido na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), do Rio de Janeiro. “Agora a questão tá entregue à Justiça e esperamos que a justiça seja feita”, disse o vice jurídico do Flamengo, Rodrigo Dunshee.

Relembre o caso

Logo após o fim da partida entre Flamengo e Bahia, Gerson concedeu entrevista ao Premier e acusou o colombiano Índio Ramírez de ter praticado injúria racial. “Quero falar uma coisa: tenho muitos jogos como profissional e nunca vim falar nada porque nunca sofri esse preconceito. Quando tomamos um gol, o Bruno Henrique ia chutar uma bola, o Ramirez reclamou e fui falar com ele, que disse: ‘Cala a boca, negro’. Eu nunca sofri. Mas isso eu não aceito. Eu nunca falei de treinador. O Mano tem que saber respeitar as pessoas. Estou vindo falando em nome de todos os negros do Brasil”, relatou o volante ao Premiere.

Imediatamente após a partida, o Bahia demitiu o treinador Mano Menezes, mas não informou se o desligamento tinha relação com o fato do experiente técnico ter minimizado o caso. No dia seguinte, o clube nordestino afastou Índio Ramírez, esperando um desfechou das investigações. O atleta colombiano, por sua vez, se defendeu e afirmou que não proferiu qualquer insulto racista. A declaração do jogador foi feita através da TV do Bahia.

Ramírez disse que “em nenhum momento foi racista com Gerson, nem com qualquer outra pessoa”. “Acontece que quando fizemos o segundo gol botamos a bola no meio do campo para sair rapidamente e disse ao Bruno Henrique: ‘jogue rápido, por favor’, ‘vamos irmão, jogar sério’. Aí ele joga a bola para trás e o Gerson, não sei o que me fala, eu não compreendo muito o português. Não compreendi o que me disse e falei ‘joga rápido, irmão’”, explicou.

 





Fonte: Jovem Pan