Galiotte diz que lei dos direitos de TV, que beneficia a Globo, é ‘anacrônica e sem paralelo no mundo’


O Palmeiras, clube presidido pelo cartola, é um dos líderes de um movimento quer transformar em lei a MP 984, assinada pelo presidente Jair Bolsonaro em junho

Tiago Caldas/Estadão ConteúdoMaurício Galiotte é o atual presidente do Palmeiras

O Palmeiras entrou em campo nos últimos jogos com um detalhe diferente da camisa. A mensagem do movimento “Futebol Mais Livre” presente no uniforme reforça a campanha do clube e de outros 11 participantes da Série A do Campeonato Brasileiro em mudar o regime de direitos de transmissão, proposta que o presidente da equipe alviverde, Mauricio Galiotte, defende com entusiasmo por acreditar nos impactos positivos disso para o mercado. Em entrevista diretamente da Bolívia, onde o Palmeiras está para o compromisso contra o Bolívar, nesta quarta-feira, 16, pela Copa Libertadores, Galiotte afirmou que o Brasil precisa mudar a lei sobre os direitos de transmissão de jogos. O movimento quer transformar em lei a MP 984, assinada pelo presidente Jair Bolsonaro em junho. O texto alterou a Lei Pelé ao determinar que o direito da exibição da partida pertence exclusivamente ao mandante em vez de exigir que os dois times envolvidos tenham contrato com uma mesma emissora para a partida poder ser transmitida.

A MP precisa ser votada até a primeira quinzena de outubro para não perder validade. Enquanto isso, o Palmeiras e outros mais de 40 clubes brasileiros, como Santos e Flamengo, têm feito campanhas nas redes sociais e procurado conversar com congressistas. O movimento tem o intuito de defender que, se a proposta virar lei, o futebol poderá movimentar mais dinheiro, pois cada clube poderá negociar o próprio contrato, além de garantir que todas as partidas tenham transmissão. Confira, abaixo, a entrevista com Maurício Galiotte:

Por que na sua avaliação a MP do Mandante pode representar um grande ganho para a torcida?

“Porque com a lei do mandante não há mais apagão no futebol brasileiro. Ela permite que todos jogos estejam disponíveis para serem transmitidos pela TV. Todos ganham com a maior disponibilidade de conteúdo e também porque, com a concorrência, os direitos valorizam, os clubes ficam mais fortes para manterem os seus craques no país e atraírem os que jogam em outras ligas.”

O movimento sobre a MP do Mandante tem o apoio de vários clubes. Como vocês têm se organizado para lidar com essas discussões?

“A MP beneficia todos os clubes, independente de porte ou divisão. Os clubes estão entendendo que são sócios num grande negócio e que juntos são mais fortes e mais valiosos. A rivalidade deve se restringir às quatro linhas. Recentemente tivemos uma experiência positiva onde os 40 clubes das séries A e B realizaram a venda conjunta dos direitos internacionais de transmissão do Campeonato Brasileiro (2020 a 2023), por intermédio da Comissão Nacional de Clubes (CNC) e com o apoio da CBF.”

Como tem sido o diálogo e a articulação entre vocês, dos clubes, e autoridades políticas?

“Há o entendimento comum de que a legislação anterior à MP 984 é anacrônica e sem paralelo no mundo. Por essa razão, a necessidade premente de mudança, de adequação, para posicionar o futebol brasileiro em sintonia com as principais ligas do mundo, tais como, Inglaterra, Alemanha, França, Itália e França. Vamos implantar, com atraso, o que já está comprovado que é o melhor para o negócio futebol. Estamos a cerca de um mês do prazo-limite para votação da MP e conversando diariamente de maneira positiva com congressistas de todos os partidos para mostrá-los que a MP é para o fortalecimento do futebol brasileiro e seus clubes. Temos confiança que o Congresso vai debater o assunto.”

O Palmeiras tem cativado a torcida a entrar também na discussão sobre o tema do direito dos mandantes. O quanto a participação popular pode representar um peso?

“Os congressistas sempre olham para os interesses dos seus eleitores. A lei do Mandante é de alto interesse dos nossos torcedores palmeirenses e de todos os clubes, de qualquer série do futebol brasileiro, como se vê pela adesão ao movimento Futebol mais Livre. A participação e o engajamento do torcedor são muito importantes, para que eles entendam os benefícios da nova legislação e manifestem o seu apoio junto aos representantes no Congresso Nacional.”

Na sua visão essa grande mobilização das equipes pode gerar algum tipo de retaliação e desavença ou contra a Rede Globo ou contra clubes que por enquanto não são favoráveis ao movimento?

“Não acreditamos nisso. A MP 984 assegura o direito de transmissão aos seus legítimos donos: os clubes, que até então tinham 50% de um produto, mas na prática, não tinham um produto para vender, pois dependiam sempre da anuência do clube visitante e estavam limitados em suas possibilidades de negociação. A lei não traz prejuízo a nenhuma das partes, apenas benefícios. As empresas detentoras dos direitos têm um aumento no número do jogos disponibilizados sem que tenham que pagar mais por isso. A MP viabiliza a entrada de novos investidores, aumenta a disputa por direitos, a receita dos clubes e, consequentemente, deixa o futebol brasileiro mais forte.”

*Com informações do Estadão Conteúdo





Fonte: Jovem Pan