
Foco dividido com a Seleção? Davide Ancelotti, novo técnico do Botafogo, explica
Filho do lendário treinador Carlo Ancelotti e membro de suas últimas comissões técnicas, o italiano Davide Ancelotti foi apresentado como o novo comandante do Botafogo na tarde desta segunda-feira (14).
Durante sua primeira entrevista coletiva no cargo, Davide foi questionado sobre a cláusula de ida à Seleção na Copa do Mundo e como afetaria o seu trabalho no clube carioca.
“Eu sou o treinador do Botafogo. Minha concentração e entrega é para o clube. Estou comprometido para o clube agora até o final da temporada. Estarei 100% aqui, minha cabeça está aqui. Não penso em outra coisa. Sobre a Copa do Mundo, vamos ver o que vai acontecer. Estou aqui e feliz”, disse o italiano.
Ainda respondendo as questões sobre sua relação com o ciclo da seleção brasileira para o Mundial do próximo ano, Davide afirmou que seu pai, Carlo Ancelotti, não tem nenhuma interferência em seu trabalho no Fogão.
Além do treinador, John Textor, dono da SAF alvinegra também falou durante a entrevista coletiva. A declaração de maior destaque do empresário estadunidense foi sobre o “Botafogo Way”(jeito Botafogo).
“A gente fala sobre ‘Botafogo Way’, mas agora é ‘Ancelotti Way’! Ele tem a liberdade de ver os jogos, comandar os jogos, comandar os treinos, da maneira que ele quiser. Quando falamos sobre ‘Botafogo Way’ é na verdade uma ambição que nós temos, um sonho de beleza, técnica e lindo futebol”, revelou Textor.
Davide também avaliou maneira do magnata enxergar o futebol e o planejamento de seu clube no Brasil, declarando que os dois estão “alinhados” em alguns quesitos.
“Ambição, coragem e ser um clube diferente, nós (Davide e Textor) estamos alinhados. No futebol de hoje, um time tem que jogar bem e fazer diferentes coisas para ganhar. Vamos trabalhar duro para fazer isso. Os jogadores têm que representar os valores do Botafogo. O sistema pode mudar, mas isso tem que ser claro, temos que jogar com coragem. Somos um time campeão, então temos que ter personalidade. Esse time é muito grande e representa muita coisa”, afirmou o técnico.
“Tem que ser uma equipe que sabe ganhar de distintas formas. Claramente queremos jogar um futebol vertical, que os torcedores gostem. Os valores do clube são ambição e coragem, isso é muito claro para mim. Quero representar os torcedores do Botafogo. No futebol a gente tem que se adaptar ao contexto do jogo. Para ganhar, uma equipe inteligente é uma equipe que sabe se adaptar”, completou Ancelotti.
Anunciado na última semana, Davide não conseguiu ser regularizado a tempo de comandar o time contra o Vasco, no último sábado (12). No entanto, assinou a súmula como um auxiliar do preparador de goleiros, e assim, pôde ficar no banco de reservas.
Veja as principais respostas de Davide Ancelotti em sua apresentação:
Adaptação com o idioma
“Falo português porque tenho capacidade de aprender rápido. Já falei com os jogadores, muitos falam espanhol também. Acredito que tenho que fazer isso por respeito ao clube, aos torcedores e aos profissionais. Me esforço muito para aprender rápido. Quando eu fui na Seleção em junho eu não sabia nenhuma palavra, mas agora aprendi”.
Relação com o pai
“Estou muito feliz de ser filho do Carlo, sou muito orgulhoso. Agora é a minha trajetória. Sei que tenho que trabalhar duro. Estou aqui hoje pelo meu trabalho. Tenho que demonstrar com resultados e trabalhos. Minha trajetória começou no último jogo e vou passo a passo, com calma e muita ambição”.
“Ele ficou feliz por ter o filho por perto. E eu estava feliz por estar perto dele também. Meu projeto de trajetória é o melhor lugar. Ele também acha isso”.
“Meu pai aprendeu que as pessoas são muito importantes. Para mim primeiro são as pessoas. O mundo do futebol são as relações pessoais, é a coisa mais importante que meu pai me ensinou”.
Partida contra o Vasco
“Sempre fui assistente, costumo fazer isso. Cláudio (Caçapa) fez um trabalho excelente. Sempre respeitei que não poderia fazer o trabalho de treinador. Diferente vai ser no próximo jogo, quando vou ser o técnico”.
“A ideia contra o Vasco foi ser agressivo no começo do jogo. A gente sabe que os times de Diniz são difíceis de roubar a bola, mas queríamos ter a ambição de fazer a pressão alta no início. Comecei com essa escalação mas todos terão a oportunidade de mostrar nos treinos”.
“Nos treinos vi que o Nathan tem a oportunidade de ser um centroavante e vi que poderia ser uma boa alteração. Tínhamos muito espaço para atacar depois do gol e ele teve muita atitude de atacar as costas da defesa do Vasco”.
Plano de jogo
“Agora temos um atacante, o Arthur Cabral, que tem características que temos nos acostumar. Isso é se adaptar. Na saída de bola temos um atacante que pode segurar a bola para a gente. Quando atacamos, temos que ter claro que podemos ser uma equipe perigosa. Temos que chegar à área, estamos trabalhando isso. Não temos muito tempo, mas podemos melhorar com os jogos”.
Calendário extremo
“A tendência no futebol no mundo inteiro é essa. Minha experiência na temporada passada no Real Madrid foi de 70 partidas. Estou acostumado a treinar um clube que joga muito. É um problema geral porque a qualidade dos jogos diminui. No Mundial, os clubes europeus chegaram cansados e a qualidade dos jogos não foi das melhores”.
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