Final masculina de Roland Garros consolida troca de guarda – 06/06/2025 – Esporte


O Aberto da França deste ano pode ter marcado uma troca definitiva de guarda no tênis masculino. Os dois primeiros do ranking mundial, respectivamente o italiano Jannik Sinner, 23, e o espanhol Carlos Alcaraz, 22, fazem no domingo (8) uma final que promete se tornar um clássico por anos a fio.

Nesta sexta (6), Sinner impediu que o sérvio Novak Djokovic, 38, ampliasse para 25 seu recorde de títulos de Grand Slam. Venceu com parciais de 6/4, 7/5 e 7/6. Alcaraz, campeão no ano passado, eliminou o italiano Lorenzo Musetti, número 7 do mundo, que abandonou no quarto set, com dores na perna esquerda (4/6, 7/6, 6/0 e 2/0).

A geração de Sinner e Alcaraz vem conseguindo algo que a anterior sempre tentou: desbancar o trio formado por Novak Djokovic, Rafael Nadal e Roger Federer. O sérvio ainda não fala em parar. Nadal pendurou a raquete no ano passado, aos 38 anos, vencido pelas lesões. Federer lutou até 2022, aos 41.

A hegemonia dos três, durante duas décadas, frustrou jogadores talentosos, que tiveram o azar de nascer um pouco depois deles. É o caso do alemão Alexander Zverev, 28, eterno aspirante ao primeiro Grand Slam; ou do grego Stefanos Tsitsipas, 26, derrotado duas vezes por Djokovic em finais de Slam.

A resistência física sempre foi um dos grandes trunfos de Djokovic, mas diante de um adversário 15 anos mais jovem, que ainda não perdeu nenhum set no torneio, a idade parece ter pesado. Ao final do segundo set, o sérvio teve que pedir massagem na coxa esquerda.

A outra semifinal também foi um jogo extremamente físico. Musetti não suportou. Aguentar o ritmo de Alcaraz, para o italiano, “provavelmente é hoje um dos desafios mais duros do nosso esporte”. “Fisicamente foi realmente intenso para mim”, confessou.

“Levei-o até o limite, tentando fazê-lo correr de um lado para o outro”, admitiu Alcaraz.

O melhor resultado de Sinner em Roland Garros foi a semifinal do ano passado, quando perdeu justamente para Alcaraz, em cinco sets.

Sobre o italiano paira a sombra de um escândalo de doping. Em agosto do ano passado, foi anunciado um teste positivo para clostebol, substância sintética derivada da testosterona. Ele alegou que foi contaminado pelo fisioterapeuta, em uma massagem. A Agência Internacional de Integridade do Tênis engoliu a desculpa, mas a Agência Mundial Antidoping não.

A solução encontrada também foi polêmica: em fevereiro, Sinner fez um acordo para ficar três meses sem jogar, em troca de ser inocentado. O período acabou servindo como férias, porque ele retornou às quadras exatamente antes dos torneios de saibro de Roma e Roland Garros.

No torneio feminino, a final deste sábado (7), às 15h locais (10h de Brasília), também reunirá as duas primeiras do ranking mundial. A bielorrussa Aryna Sabalenka, número 1, enfrenta a americana Coco Gauff, número 2.

Ambas tentam o primeiro título no saibro francês. Gauff foi derrotada em 2022 pela polonesa Iga Swiatek, quatro vezes campeã em Roland Garros. Swiatek foi eliminada na semifinal justamente por Sabalenka, cujo melhor resultado no torneio foi a semifinal, em 2023.

O jogo promete ser um duelo de estilos entre a extrovertida Sabalenka, popular no Brasil desde que começou a namorar o empresário paulista Giorgios Frangulis, dono de uma franquia de açaí, e a contida Gauff, que cresceu idolatrando outras duas grandes tenistas negras americanas, as irmãs Venus e Serena Williams.

Também nesta sexta (6), a brasileira Vitória Miranda, 17, conquistou o título júnior de Roland Garros em cadeira de rodas. Vitória, que nasceu prematura e tem apenas 10% da força nas pernas, foi campeã em simples e, ao lado da belga Luna Gryp, em duplas.



Folha de S.Paulo