O ex-tenista suíço Roger Federer é agora um dos poucos atletas que podem se considerar bilionários. O suíço, que conquistou 20 títulos de Grand Slams, acumulou US$ 130,6 milhões em prêmios durante uma carreira de 24 anos que terminou em 2022.
Mas a maior parte da riqueza do astro veio através de uma série de acordos de patrocínio vultosos, além de um investimento astuto em uma marca local de tênis: a On, que patrocina nomes como o brasileiro João Fonseca, sensação da temporada, e a polonesa Iga Swiatek, ex-número um do mundo.
O patrimônio líquido de Federer é de aproximadamente US$ 1,3 bilhão, de acordo com o Índice de Bilionários da Bloomberg, colocando-o em uma companhia de elite. O ex-jogador de basquete Michael Jordan atingiu um valor estimado de US$ 3,5 bilhões após a venda de sua participação no Charlotte Hornets em 2023, e o golfista Tiger Woods tem cerca de US$ 1,36 bilhão.
Federer vale consideravelmente mais do que US$ 1 bilhão, segundo pessoas próximas a ele que falaram sob condição de anonimato. A avaliação da Bloomberg leva em conta os ganhos da carreira do ex-tenista, investimentos e contratos de patrocínio, ajustados pelas taxas de impostos suíços vigentes e pelo desempenho do mercado.
Muitos de seus acordos duraram décadas, desde patrocínios com o banco Credit Suisse (agora UBS Group AG), a fabricante de relógios Rolex e a chocolateira suíça Lindt. Federer também construiu uma rede de assessoria próxima ao seu redor, incluindo a Team8, a empresa de gestão que ele cofundou com seu agente de longa data Tony Godsick em 2013, e também a empresa suíça Format A AG, que ajuda a gerenciar vários investimentos e sua fundação beneficente.
“Federer é totalmente livre de escândalos. Ele nunca diz a coisa errada”, afirmou o analista esportivo Bob Dorfman. “Ele não é como John McEnroe (ex-tenista norte-americano), que é dono de personalidade impetuosa. Mas em termos de comercialização, ele tem sido um dos melhores do tênis“, destacou Dorfman.
Os maiores acordos de Federer vieram perto do fim de sua carreira. Em 2018, um contrato com a Nike —que começou em 1996— estava para ser renovado. O tênis não era uma prioridade para a Nike, permitindo que Godsick testasse o terreno com outros parceiros potenciais.
A Uniqlo, marca popular do Japão, ofereceu US$ 300 milhões por 10 anos para que o suíço fosse um de seus principais ícones esportivos. Federer tinha 37 anos e estava próximo da aposentadoria, e o acordo não tinha condições atreladas, mesmo se ele parasse de jogar. Foi uma decisão óbvia.
Ainda assim, não foi o acordo mais bem-sucedido de Federer. Esse rótulo pertence a um investimento que veio através de uma apresentação acidental por sua mulher, que comprou um par de tênis da marca suíça emergente On.
Há muitos banqueiros e advogados na Suíça, mas não muitas marcas esportivas. Fundada em 2010, a On se tornou conhecida como um tênis de corrida de alta qualidade. Sua sola diferenciada, com mais espaço vazio do que borracha, foi baseada em um protótipo feito pelo cofundador Olivier Bernhard —um ex-profissional da prova de triatlo Ironman— que colava pedaços de mangueira de jardim na base de seus tênis.
Diferentemente da Nike, Federer podia procurar um patrocinador de calçados porque a Uniqlo não fabrica sapatos. Um aficionado por tênis que possui bem mais de 250 pares (sem incluir os que ele usou para jogar), Federer chamou os fundadores da On para jantar em Zurique. Godsick também tinha uma conexão com eles através de um investimento anjo na empresa.
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Foi fechado um acordo para o ex-tenista suíço comprar uma participação de aproximadamente 3% na On Holding AG e passar um período no laboratório da companhia projetando seu próprio tênis.
Agora, a On vale quase US$ 17 bilhões, tornando a participação de Federer avaliada em pelo menos US$ 500 milhões, de acordo com o índice de riqueza da Bloomberg. A companhia patrocina Fonseca, Swiatek e o norte-americano Ben Shelton, atual décimo colocado no ranking da AFP. A badalada atriz Zendaya é uma das embaixadoras da marca.
Até agora, Federer evitou superexposição através de funções de comentarista ou patrocínios duvidosos. Recentemente, ele acenou com a bandeira francesa para iniciar a corrida de resistência de Le Mans e lançou uma nova coleção de roupas da Uniqlo em Paris. Ele também provavelmente estará em Wimbledon —palco de seus maiores triunfos— quando o torneio começar na próxima semana. O suíço foi oito vezes campeão no tradicional torneio londrino, sendo o maior vencedor na história.
Folha de S.Paulo