Eles carregam os sobrenomes mais conhecidos da disputa pelo posto de décimo presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional). Sebastian Coe, 68, e Kirsty Coventry, 41, são os únicos ex-atletas de nível olímpico na lista de sete candidatos a suceder Thomas Bach, na eleição desta quinta-feira (20), na Grécia. Os dois também consolidaram carreiras como cartolas.
Coe, dois ouros no 1.500 m e duas pratas nos 800 m, foi a face pública e bem-sucedida dos Jogos de Londres-2012 e preside a World Athletics, a federação de atletismo que deixou para trás seu antigo nome, Iaaf, e um incômodo passado marcado por corrupção. Político e midiático, lorde Coe argumenta que o COI tem “muito poder nas mãos de poucas pessoas” e que os processos de tomada de decisão estão “desequilibrados”.
Coventry, com sete medalhas olímpicas na natação, duas delas de ouro, é ministra de Esportes do Zimbábue e presidiu a Comissão de Atletas do COI de 2018 a 2021. Não à toa, sua campanha é liderada pela preocupação com a saúde mental e a recuperação física dos maiores protagonistas do esporte, durante e depois de suas carreiras esportivas. É também a candidata do alemão Bach, 71, que não esconde sua predileção pela única mulher do pleito.
Outro sobrenome que se confunde com esporte olímpico e concorre entre os favoritos é o de Juan Antonio Samaranch, 65, filho homônimo do mais longevo presidente do COI desde Pierre de Coubertin. Figura controversa, a começar pelo passado franquista, seu pai pôs o movimento olímpico em outro patamar nas décadas de 1980 e 1990. Porém, junto com a profissionalização dos Jogos e os contratos bilionários de direitos de TV, veio a corrupção na escolha da sede dos Jogos, cujo ápice se deu na escolha de Salt Lake City-2022.
Curiosamente, o filho não se refere ao pai em nenhum momento nas 42 páginas de seu manifesto de candidatura, ainda que os acenos políticos sejam evidentes. O atual vice-presidente do COI defende o aumento da idade limite dos membros do COI de 70 para 75 anos, assim como a volta deles a um papel mais efetivo na seleção das sedes.
O espanhol, que também tem uma carreira de sucesso no mercado financeiro, propõe a criação de um fundo de US$ 1 bilhão para atrair investidores e que o comitê regule a “distinção inequívoca” das modalidades masculinas e femininas, eufemismo para o vespeiro que se tornou a questão das atletas transgêneros.
Ainda concorrem para suceder Bach David Lappartient, 51, presidente da UCI, que rege o ciclismo internacional, e o príncipe Feisal Al Hussein, 61, membro do Comitê Executivo do COI desde 2019. O francês tem como plataforma viabilizar uma inédita edição dos Jogos na África, alcançar a paridade de gênero no comando do COI até 2035 e uma racionalização do trabalho do comitê, com menos comissões e gastos. O jordaniano tem uma campanha dedicada ao Oriente Médio, para o qual planeja Jogos de Verão fora das datas habituais como forma de driblar o calor, como ocorreu com a Copa do Qatar, em 2022.
Completam o time de sete candidatos Johan Eliasch, presidente da Federação de Esqui e Snowboard, defensor ferrenho da neutralidade do movimento olímpico, e Morinari Watanabe, chefe da FIG, a entidade que controla a ginástica no planeta e propõe Jogos simultâneos em cinco continentes.
Em reunião a portas fechadas, o COI seleciona o próximo presidente por maioria simples do colégio eleitoral, formado por pouco mais de cem integrantes. Se ela não é alcançada, o candidato com a pior votação é eliminado no escrutínio seguinte. Como são sete postulantes no total, estima-se que a escolha leve algumas rodadas para se consumar.
Folha de S.Paulo